A Serra do Bouro não é uma freguesia urbana

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Nas páginas 18 e 19 da mais recente edição da Gazeta das Caldas, nos textos com os títulos “PSD apresentou candidatos às freguesias das Caldas” e “Bloco de Esquerda apresentou candidatos a quatro freguesias das Caldas”, a freguesia rural de Serra do Bouro aparece transformada em freguesia urbana, do seguinte modo:
– no primeiro, no final da terceira coluna e em transição para a quarta, “Nas juntas urbanas não houve surpresas […] e a Sto. Onofre e Serra do Bouro […]”;
– no segundo, na primeira coluna, “Nas freguesias urbanas, Orlando Pereira é o candidato a Santo Onofre e Serra do Bouro […]”.
Poderá considerar-se que a agregação das freguesias, tonta, desastrada e desajustada, fez desaparecer as freguesias as freguesias agregadas e que a Serra do Bouro já não seja uma freguesia (o que também suscita uma questão: a Serra do Bouro agora é o quê?!).
Agora o que não se pode considerar, a não ser por manifesto desconhecimento da realidade, é que a Serra do Bouro seja uma freguesia (ou uma região, se se quiser) urbana. Não é, não era, não foi e dificilmente o será. A Serra do Bouro não faz parte da cidade e é um território de campo e de campos, com algumas povoações e conjuntos de casas, e zonas agrícolas.
Este erro de percepção não deixa, no entanto, de ter um importante significado subliminar: a deslocalização das juntas de freguesia para a capital do concelho acabou por destruir a própria identidade territorial das zonas do interior do concelho, votadas a um abandono e a um desprezo ainda maiores por parte dos poderes entrincheirados na cidade. Quem é que, nelas não residindo, se lembra das regiões do interior do concelho?!
Neste período de eleições, seria útil fazer um balanço e uma revisão da agregação de freguesias. Mas, dedicando-se candidatos e candidaturas sempre mais à capital do concelho do que ao seu interior, é natural que esse tema seja uma espécie de assunto tabu.

 Pedro Garcia Rosado

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