Gozei em excelente companhia na semana passada uma oferta feita no Natal de 2011 através de uma caixinha com o título simpático de Smart Box. Até aqui tudo bem. Foram quase 24 horas de encantamento num espaço cujo nome dá logo a entender do que se trata – Casal da Eira Branca. A eira serve de terraço panorâmico abrindo o nosso olhar para um vale onde passa uma ribeira e onde chegam os sons das tarefas da agricultura. O casal (lugar) chama-se Infantes e fica na freguesia de Salir de Matos (Caldas da Rainha). Além da eira, espaço de lazer onde outrora foi ponto de trabalho de malhar e joeirar, o conjunto dispõe de jardim, piscina, biblioteca, bar com Internet e sala de estar. Em suma – uma maravilha, um carregador de baterias humanas num espaço sossegado mas bem perto das praias da Foz do Arelho e São Martinho do Porto sem esquecer os diversos encantos da cidade de Caldas da Rainha.
Onde a caixinha falha estrondosamente é no seu mapa de Portugal e na bizarra maneira de referir a sua geografia. Começa por chamar «Norte» ao Nordeste Transmontano e, a seguir, chama «Beiras» a tudo o que aparece entre o Rio Douro e o Rio Tejo mas depois estica a noção de Beiras não só ao clássico (Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral) mas também à Estremadura. Não faz sentido por exemplo a Casa do Patriarca em Atalaia – Vila Nova da Barquinha (que é muito mais para Norte, bem perto de Tomar) fazer parte de Lisboa e Vale do Tejo e o Casal da Eira Branca em Salir de Matos (que é mais para Sul, bem perto de Lisboa) surge como das Beiras quando é (e sempre foi) da Estremadura. O mapa anexo apesar de velhinho (e até por isso) mostra como as divisões eram no princípio do século XX em Portugal. Já agora não confundir – existe um outro espaço com o mesmo nome em Óbidos, na Travessa do Facho.
José do Carmo Francisco