O projecto de regeneração urbana em Caldas teve como um dos objectivos criar mais espaços para as pessoas – melhorar a cidade para quem a percorre e criar zonas de estar.
Este entendimento, muito positivo na generalidade da cidade, terá sido também aplicado ao Largo do Termal, levando à colocação dos bancos circulares e árvores em grandes vasos agora existentes.
No entanto, este não é por vocação um espaço de permanência. Pela sua situação, dimensão, circulação de trânsito e proximidade ao Parque D. Carlos I, não é natural a permanência de pessoas na sua zona central, como acontece de forma espontânea noutros largos e praças. É antes um espaço de enquadramento aos edifícios envolventes. Como tal, bancos com uma enorme presença visual e árvores num alinhamento que forma apenas uma barreira visual, neste caso incompreensível, desenquadram-se do local.
Como espaço, então, de enquadramento, seria interessante ter um elemento com ligação simbólica ao Hospital Termal – imagine-se um jogo de água em que durante sete segundos a água “brota da terra”, para depois se voltar a “infiltrar”, relacionando-se com os 7000 anos que a água termal demora a fazer o percurso desde a sua infiltração na Serra dos Candeeiros até chegar a Caldas. Esta é apenas uma divagação pessoal…
Muitas outras sugestões seriam certamente possíveis e interessantes. Este tema poderia, por exemplo, ser o mote para o próximo Simppetra, de modo a que se criasse uma escultura, composta por diversos elementos, que pudesse simultaneamente fazer a delimitação da zona central.
Fala-se numa nova intervenção para que a circulação automóvel possa fazer inversão de sentido, devido ao problema – que sei real – de visitantes não conseguirem perceber o percurso para chegar à Praça da Fruta.
A propósito desta intervenção ocorre-me sugerir o seguinte:
– considerando que o Largo do Termal é um espaço de enquadramento, alterar o esquema de circulação não terá um impacte negativo. No entanto insisto na importância da sinalização, indicando a direcção tanto dos parques de estacionamento como da Praça da Fruta e de outros pontos de referência na cidade.
– retirar os bancos circulares e árvores em vaso, reposicionando estes elementos na rua Leão Azedo (onde após a intervenção feita ficou apenas uma grande e desinteressante calçada). Esta é uma das poucas ruas da cidade com capacidade para ter árvores e, pela proximidade da rodoviária, com vocação para ser uma zona de estar. Conseguir-se-ia assim uma melhoria em ambos os locais, praticamente sem custos (apenas o custo de transporte).
– onde sejam necessários balizadores, substituir os de betão recentemente colocados e já quase todos destruídos por outros mais adequados à função. Penso que tal já esteja a ser planeado, uma vez que os balizadores partidos têm sido retirados e não substituídos.
– para delimitação da zona central, instalar-se uma exposição temporária de esculturas produzidas no Simppetra ao longo de quase 30 anos. No próximo ano, lançando-se este local e a água termal como tema para o próximo Simppetra, a exposição temporária seria substituída por uma outra instalação escultórica desenvolvida tendo em mente este local específico.
– frente à antiga Casa da Cultura, replantar a árvore em falta, essa sim num alinhamento de simetria com a entrada da cobertura de vidro, que tem aqui sentido.
Notas para o Largo da Rainha agora que as obras começaram:
a estátua da Rainha merecia uma iluminação de melhor qualidade. Não sei se tal está ou não previsto no projecto. Sei, por experiência profissional, que para nesta situação ser conseguir uma iluminação de qualidade é necessário instalar equipamento na base (a iluminação não deveria ser feita a partir dum poste do outro lado da estrada como hoje acontece). Era importante aproveitar-se a realização de obras para, pelo menos, colocar um ponto de energia eléctrica no canteiro que será feito em torno da Rainha (que pena não ser antes água…), como reserva para uma futura iluminação.
Alexandre Neto