Um novo Hospital

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Notícias recentes dão conta que há encontro de pontos de vista, por parte dos poderes autárquicos da região, nomeadamente a nível da Comunidade Intermunicipal do Oeste (CIMOeste), sobre a necessidade de um novo Hospital para a região. Finalmente!
Na prática, os poderes autárquicos têm constituído, até aqui, um obstáculo à procura da melhor solução para a organização dos cuidados hospitalares no Oeste. Não vou fazer, nesta crónica, nenhum exercício histórico, até porque seria fastidioso. Lembro apenas os planos de ampliação do Hospital Distrital de Caldas da Rainha, o novo Hospital a construir em Alfeizerão ou na Tornada, as más opções dos autarcas de Alcobaça e Caldas da Rainha nessa altura, a reviravolta com as novas promessas (tão depressa digeridas!) de ampliação do Hospital de Caldas e a construção de um pequeno Hospital em Alcobaça, as fusões de unidades hospitalares como solução para a aquisição de economia de escala.
Desde há vários anos que venho defendendo, ou publicamente ou em reuniões mais restritas e a diferentes níveis do poder, que a melhor solução para a Oeste passará, inevitavelmente, pela substituição dos 3 hospitais existentes por um único Hospital para todo o Oeste, correctamente dimensionado, apetrechado, adequado para dar resposta efectiva e de qualidade a 300.000 habitantes.
É por isso que me regozijo com o facto de ver a CIMOste assumir o desígnio do novo Hospital e de o fazer aduzindo razões técnicas substantivas, de que são exemplo a necessidade de criar diferenciação e de permitir uma boa definição do perfil assistencial, que passa pela existência de todas as actuais especialidades instaladas no Oeste mas também a de proporcionar Unidade de Cuidados Intensivos, Laboratório de Anatomia Patológica, instalações adequadas de Fisioterapia, entre outras. É fundamental substituir a actual manta de retalhos por uma correcta integração, num único edifício, das urgências médico-cirúrgicas, dos exames complementares de diagnóstico e terapêutica, da articulação com os Blocos Operatórios, compreendendo igualmente um correcto dimensionamento dos Serviços de internamento de Medicina Interna e das outras especialidades, sem esquecer as condições hoteleiras e técnicas necessárias à reputação duma boa Maternidade.
A juntar aos bons profissionais da “velha guarda” há que cativar novos médicos, novos profissionais, o que só se consegue com organização, instalações e equipamentos adequados, correspondendo às legítimas expectativas de realização profissional dos mais jovens.
É já um bom começo ao fim de tantos anos, esta posição da Comunidade Intermunicipal. Mais vale tarde que nunca! Efectivamente não tem havido, até aqui, força política para que o Oeste deixe de ser a região do País com menor investimento público em cuidados hospitalares. Estão neste momento perspectivados, a nível governativo, 5 novos hospitais: Lisboa Oriental, Sintra, Seixal, Évora e Funchal. E fala-se já de um sexto: o hospital central do Algarve. A Oeste nada!
O Oeste continua esquecido em Lisboa. Provavelmente por culpa de muitos oestinos, difíceis de mobilizar e de congregar.
É claro que há perguntas a fazer em relação a um novo Hospital. Qual a dimensão óptima? Qual a melhor localização? Que projecto de financiamento?
A essas questões voltaremos, mas diga-se, desde já, que há que aproveitar o novo quadro comunitário de apoio 20-30, há que juntar vontades, somar forças, remar a braçadas compassadas, para atingir o fim pretendido: capacitar o Oeste de prestar os melhores cuidados hospitalares públicos aos seus habitantes.

António Curado
curado.a@gmail.com

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