Maria Conceição Pereira
provedora da Misericórdia das Caldas da Rainha
Quando esta edição da Gazeta das Caldas for publicada, já o Papa Francisco terá deixado o nosso país, e as Jornadas Mundiais da Juventude terão terminado.
Assistimos a um país totalmente mobilizado para receber os milhares de jovens, dos mais diversos países e, as Caldas da Rainha também soube acolher, como é sua tradição.
Desde os momentos de preparação das Jornadas, até à sua concretização, constatamos a alegria, a entrega, a disponibilidade de milhares e milhares de jovens, que foram um exemplo para todos nós.
Quantas vezes, ouvimos críticas à juventude, e ao seu comportamento, esquecendo que já vivemos esses tempos.
Com uma enorme esperança, muitos de nós, vivemos o Maio de 1968, a luta contra a ditadura, o surgimento dos festivais, provocando inúmeras críticas, mas acreditando num futuro melhor.
Os jovens de hoje, vivem tempos diferentes, mas difíceis.
Como referiu o Santo Padre, a insegurança no mundo, a falta de emprego, de habitação, e as alterações climáticas leva “ao receio de formar família e de ter filhos”.
Nas suas diversas mensagens aos jovens, o Papa Francisco referiu, por diversas vezes: “Não vos instaleis, os jovens devem sonhar”.
Durante a semana das Jornadas assistimos a um país inundado de alegria, de música, de esperança e de companheirismo.
Ouviram-se vozes críticas, e que estão no seu direito, ao investimento feito nas Jornadas. No entanto a resposta de uma população que se mobilizou para receber os jovens e o Santo Padre, foi bem evidente.
Durante as Jornadas Mundiais da Juventude, assistimos ao encontro de crentes e não crentes, ao abraço com outras religiões, e, acima de tudo à fraternidade e à solidariedade.
Na Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha recebemos, a visita de dezenas de jovens espanholas que, durante quatro dias, animaram, conversaram e escutaram os mais idosos.
Foi extraordinário observar a alegria dos mais velhos que, por momentos, esqueceram as dores, as dificuldades do dia-a-dia, e partilharam uma imensa satisfação. Tantas vezes o Santo Padre chama a atenção para a necessidade de dar atenção aos mais velhos, que estão sós e tristes.
Devemos prestar homenagem a toda uma juventude que nos transmitiu alegria, amor e esperança, num mundo tão perturbado.
Que a mensagem deixada pelas Jornadas Mundiais da Juventude inspire os mais altos responsáveis e, cada um de nós, para deixarmos o nosso individualismo a fim de criarmos um mundo melhor, mais fraterno e mais capaz de ouvir os outros.
Um obrigada ao Santo Padre por escolher Portugal. Um obrigada aos jovens de todo o mundo. ■