Urge tomar a iniciativa

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O Ministro da Saúde, confirmou há dias na reunião com a delegação de autarcas da Caldas da Rainha, aquilo que anteriormente tinha defendido, que o Oeste necessita de um Hospital novo, que dê resposta a uma população de cerca de 350.000 habitantes. Concordo desde há muito tempo que essa é a solução. Não mudou portanto de ideias. E disse ainda que essa solução terá sempre de ser pensada com uma amplitude regional e nunca local. Também concordo. Mas ele também disse outra coisa óbvia, é que não será nesta legislatura, porque não há dinheiro. Mas, não só não há dinheiro, como nem haveria tempo. Entre debater o assunto, decidir, tratar de financiamentos, fazer concurso, elaborar projectos, mais concurso e construir, da forma que todos sabemos que o Estado funciona (ou não funciona), é coisa para uma década, ou lá perto. Quer isto dizer, mesmo que todo o processo tenha início agora, se tivéssemos Hospital numa próxima legislatura (não se sabe quando termina esta e começa outra), seria um caso extraordinário de rapidez.
Iniciar o processo, nomeadamente debater a questão, é mais que tempo, porque ou o fazemos já, ou com a demora que temos pela frente, vamos tendo o hospital das Caldas cada vez mais ultrapassado e degradado e quando cairmos na realidade, estamos sujeitos a não ter hospital e claro que depois o culpado, é o Estado. Mais, não está em causa a população das Caldas apenas, mas de toda a região Oeste, agora servida pelo CHO – Caldas, Torres e Peniche – qual dos três hospitais, o mais ultrapassado. Venha o diabo e escolha. Se acrescentarmos Alcobaça, com outro hospital em condições semelhantes aos anteriores, facilmente percebemos que temos a tal população necessária e suficiente, que justifica o dito hospital novo.
É por isso, tempo de pôr mãos à obra e tomar a iniciativa, a tal que ninguém tem coragem de tomar. Antes de mais, importa perceber de uma vez por todas que cada vez mais, a gestão do território não se faz por municípios isolados, faz-se com alcance abrangente, de dimensão intermunicipal. Quem tiver esta visão, ganha. Quem não tiver, perde. E tomar a iniciativa, significa definir uma estratégia global de dimensão regional, que faça sentido, encontrar o ponto equidistante entre as localidades servidas mais afastadas, tomar em consideração as principais vias de acesso e a sua obrigatória proximidade, entre outras questões. É o ponto de partida para iniciar o debate. Enquanto responsáveis locais não o fizerem, o alibi para o Estado Central se furtar às suas responsabilidades, está encontrado e é perfeito. Se uns não se entendem, por que haverão os outros de se incomodar?
Prejudicadas, são sempre as populações, que não perdoarão a passividade, as vistas curtas e a indiferença dos responsáveis locais.
Caldas da Rainha, teve no seu historial longínquo, o papel de líder regional e a memória dos caldenses é testemunha e confirma-o. Perdeu essa liderança nas últimas décadas, por não ter percebido as mutações resultantes do tal modelo de gestão territorial, perdeu força política, perdeu influência e a consequente capacidade de liderança. Pensar isolado, é pensar pequeno, foi isso que fizemos mas últimas décadas e que o executivo municipal teima em continuar. É tempo de mudar de mentalidade e mudar de vida. Exige-se modernização, capacidade agregadora e dimensão política.
Este processo do hospital novo, pode funcionar como uma alavanca a um tempo novo e a demonstração de recuperação da tal capacidade de liderança, se formos capazes de tomar a tal iniciativa, elaborar uma estratégia, construirmos um projeto agregador que salvaguarde os nossos interesses, sem ignorar os de terceiros e que funcione como uma demonstração de que Caldas da Rainha está a pensar e afinal está viva, porque sabemos e está à vista desarmada, que a vizinhança, mais e menos próxima, não dorme em serviço.
Dar-lhes a iniciativa (mais uma vez), significa sermos arrastados e município adormecido, é município perdido.

 

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