Ventos de mudança para o turismo

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Teresa Leal
CEO na Teresa Vai de Férias

Ouvimos regularmente que sobretudo depois do covid o mundo não é o mesmo. Alguns de nós encolhemos os ombros e seguimos a nossa vida porque achamos que isso não afeta o nosso quotidiano, mas o que é certo é que nos últimos anos a vida corre célere e já não temos opção de escolha a não ser adaptarmo-nos.
E estas mudanças estão em todo o lado, mesmo numa cidade como as Caldas da Rainha percebemos rapidamente que já não controlamos a velocidade a que o mundo se move. A proximidade da capital, com os benefícios de uma cidade pacata perto do mar, tem vindo a trazer estes ventos de mudança, embalados pelo surgimento do embrião de uma nova cidade, mais multicultural. O mesmo espaço, mas com novas dinâmicas, que trazem uma nova procura e claro novos desafios.
Olhando para números, segundo informação do Turismo de Portugal, em 2023 as Caldas da Rainha teve um aumento de dormidas de 13,7% em relação ao anterior com um total de 206.011 dormidas, por meses, exceto maio e junho em que houve quebra, todos os meses houve crescimento de procura, com destaque para o mês de dezembro ( + 23,1%), seguido de março (+18,3%) e janeiro (+17,8%).
Também no turismo estas mudanças se vão fazer sentir pelo que nos devemos preparar para termos na cidade o turismo que faz sentido para todos. As Caldas da Rainha tem excelentes condições para receber, a localização geoestratégica no país e a proximidade da capital e do aeroporto, as infraestruturas como os acessos, os transportes, a restauração, o comercio e industria, a variedade e a qualidade da oferta do alojamento, as propostas culturais, os museus, os eventos e ainda o termalismo, as infraestruturas de desporto, uma escola profissional de ligada ao turismo, e tanta formação artística, incluindo uma escola superior de artes. E tem mais, tem uma variedade de recursos naturais imensa, num triangulo mar. campo, cidade que tem um potencial turístico muito grande, e as novas influencias de estrangeiros residentes, com tempo livre e disponibilidade para conhecer e de tanta gente que deixou Lisboa e fixou residência na região.
Mas nem tudo são rosas e existem aspetos que podemos melhorar para aproveitar estes novos ventos de mudança como a dificuldade em apoiar e estimular ateliers, as artes e a cultura locais, a fraca interação entre entidades no território, a pouca valorização do nosso património material e imaterial e a escassa divulgação das atividades artísticas e turísticas, o que leva a uma pouca valorização do turismo, que por sua vez tem consequências no desenvolvimento económico e na fixação da população.
Não perdendo o foco de aspetos importantes como a vulnerabilidade da Lagoa de Óbidos e o efeito que a pressão do turismo pode ter nas infraestruturas locais, é fundamental encontrarmos um caminho sensato para esta oportunidade que nos bate á porta. ■