Vergonha!

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Gazeta das Caldas
Margarida Varela

No dia 25 de Abril dei de caras como uma situação que me chocou profundamente. Junto ao edifício da Junta de Freguesia da Nossa Senhora do Pópulo costuma estar um engraxador, profissão já em desuso mas de enorme dignidade.
Ora como estava a dizer, no dia 25 de Abril os membros da Junta içam as bandeiras enquanto a fanfarra dos bombeiros toca ao hastear das mesmas, ficando os Bombeiros na estrada e os eleitos na varanda do edifício da Junta. Entre uns e outros existe o melhor e mais bonito monumento que se pode erguer em frente a um edifício de interesse histórico… os caixotes do lixo!
Os caixotes do lixo podem estar mas o engraxador foi convidado a sair para não ferir a vista aos fregueses que se juntam ao espetáculo… Que vergonha! E isto na manhã em que nos aprumamos para dignificar um dia em que, dizem, os oprimidos venceram os opressores e se festeja a liberdade.
Aproveito a deixa dos caixotes do lixo para abordar um assunto que a todos diz respeito: a limpeza da nossa cidade!
Temos uma cidade porca? Talvez não, mas limpa não está. A regeneração urbana trouxe-nos uns caixotes de lixo enterrados com triagem de materiais, mais modernos porém menos práticos e menos higiénicos. Digo menos higiénicos por vários motivos. Um deles recorda-me a história daquelas pessoas que se vestem com distinção mas não tomam banho. O mesmo se passa com os caixotes enterrados, as suas entranhas nunca ou raramente foram lavadas ou desinfetadas, o que quer dizer que, em termos de sanidade pública, caminhamos nas ruas das Caldas sobre um pântano de doenças sem darmos conta.
A limpeza urbana é fundamental para a garantia de qualidade de vida da população. População que é, sem dúvida alguma, o parceiro privilegiado para uma cidade mais limpa, dado que somos, todos, os primeiros interessados numa manutenção eficaz da higiene urbana. Há autarquias que têm páginas de FB, ou apps, como “A minha rua”, onde os munícipes denunciam irregularidades e chamam atenção para eventuais problemas nas suas artérias, dado que é impossível às Juntas de Freguesia estarem a par de tudo. Todos somos responsáveis pelo bom funcionamento da coisa pública.
Reparem que nos exemplos dados nem tive de sair da Praça da Fruta e por aqui vou continuar. Porque razão temos “monumentos” dedicados ao lixo dum lado e doutro da praça que não estão a funcionar… serão mesmo monumentos? E por falar em arte recordo a Rota Bordaliana e a “Couve” que temos na Praça mesmo por cima de mais uns caixotes de lixo, colocados estrategicamente por baixo da “Couve” ao lado do dístico informativo para os turistas… Talvez uma instalação artística para conhecedores mais habilitados! Eu, não entendo! Para mim é falta de sensibilidade.
Não saio da praça sem falar do mobiliário urbano! Daqueles “bancobacterianos”, também lhes podemos chamar de “bancos de germes”, local onde podemos ir para “apanhar” doenças. Não entendo como no ex-libris da nossa cidade, local de recepção de visitas, os “cadeirões” que temos para oferecer estejam sempre tão repelentes. Não dá vontade de ficar.
Uma última palavra para os técnicos de limpeza, a quem é devida uma formação adequada para que sintam orgulho e o quão imprescindível é o seu trabalho diário para o bom e saudável funcionamento das nossas cidades. A estas pessoas, que zelam diariamente pelas nossas ruas, expresso a minha gratidão, sem eles as nossas vidas seriam muito difíceis. Obrigada!

Margarida Varela
margaridavarela13@gmail.com