Afirmar politicamente o distrito e fixar projetos são ambições da candidatura que defende, entre outras medidas, a reforma do sistema fiscal, com menos impostos, e a criação de uma Zona Franca Tecnológica
O cabeça de lista por Leiria, Miguel Silvestre diz liderar uma lista comprometida com “mudar Portugal” e destaca o trabalho que o partido tem feito.
Caso seja eleito será a sua estreia como deputado. O que é ser um bom deputado para a região?
Garantidamente vou ser próximo daquilo que será a atividade do distrito, porque o conheço. Será importante tentar trazer o debate e torná-lo o mais público possível. Para além daquilo que é a comunicação que alguns deputados eleitos já fazem e que acho que é cumprir os mínimos, temos a obrigação de criar, por exemplo, sessões semestrais, em que todos os eleitos possam partilhar o seu trabalho e gerar debate. Para mim o fundamental é manter o registo de proximidade, um bocadinho à imagem do que a própria Iniciativa Liberal é.
Que projetos significativos defende a IL para o distrito?
Vamos estar próximos dos setores importantes da nossa região. Do ponto de vista económico temos um perfil, temos propostas e temos capacidade de fazer a ponte e transformar politicamente o peso que a região tem ao nível económico, mas não o tem politicamente. Temos que equilibrar essa força com medidas como a criação de uma plataforma de participação pública.
É essa a forma de dar mais peso político ao distrito?
Estamos, cada vez mais, a ser um distrito atravessado por projetos, mas que não os fixa, além daqueles que são da iniciativa privada. Precisamos de ter mais diversidade de forças políticas a representar-nos, ter novas agendas, para construir outro modelo. Há uma grande diversidade do ponto de vista económico e social no nosso distrito, achamos que a entrada de um deputado da IL faz toda a diferença.
Que projetos são esses para que o distrito não seja só de passagem?
Temos uma visão um pouco diferente dos outros partidos, que passa não tanto por anunciarmos os projetos, mas criar as condições e libertar os processos para que as pessoas apareçam a resolver as coisas e a tomar a iniciativa. Falamos da reforma do sistema fiscal, da regulação, da facilidade dos modelos de licenciamentos, em que temos que criar um sistema que seja mais fácil para quem faz coisas ter essa capacidade.
Queremos estar perto de um conjunto de movimentos que estão a surgir no distrito e que têm ideias. Por exemplo, em Pombal, um movimento independente falou-nos da hipótese de criar um grande parque que unisse o Pinhal de Leiria com a Mata Nacional do Urso.
Defendemos que deva ser criada uma Zona Franca Tecnológica no distrito. É uma realidade que já existe mas que não é devidamente aplicada e consideramos que é um caminho para começarmos a abrir mais espaço à inovação, a empresas. O distrito tem um conjunto de competências técnicas, com o Politécnico de Leiria, com empresas, centros de investigação, que conjugado com a sua a geografia no país, poderia ter essa dimensão da inovação.
Novo Hospital para o Oeste. O que defende a IL?
Não acredito que criando um hospital central esteja garantida a vinda de mais recursos humanos. É mais fácil fazer edifícios e comprar equipamentos, mas a política tem de estar direcionada para as pessoas, para os utentes e quem lá vá trabalhar. Acho que se contaminou a discussão e o debate em torno da localização e vendeu-se isso como sendo a única solução. Eu defendo que temos de ter hospitais em áreas urbanas.
A solução atual, do CHO, é a mais adequada?
Não, porque não é funcional e não está a funcionar, mas também não acredito que se resolva criando um novo hospital. O que a IL tem defendido é o acesso, independentemente de ser privado ou público. O que o Estado tem de garantir é o acesso à saúde e aos serviços de saúde. Se o melhor serviço e mais barato for no privado, ou no setor social, não nos opomos.
O Estado deve de usar toda a oferta que existe e articulá-la e fazer os investimentos públicos que forem necessários para a complementar.
Além de soluções na saúde, de que precisa o distrito?
Soluções na área da habitação, que é outro problema gravíssimo que temos em Portugal. Temos de aumentar a oferta, não só agilizando os processos de licenciamento, como criando medidas como a isenção de IMT e baixar os custos da obra e dos impostos porque quase 50% do preço de uma casa são impostos. Por outro lado, o setor económico caiu bastante em virtude de cerca de 90% de quebra no setor da construção, pelo que vivemos a tempestade perfeita em matéria da habitação.
Entendemos que o Estado tem de dar o exemplo e colocar os seus edifícios para habitação.
Esta é uma região com duas CCDR, duas CIM, um circulo eleitoral sem qualquer vínculo do ponto de vista administrativo. Que identidade defendem para o distrito?
Tem de se olhar para a questão da reforma administrativa do país de outra forma, o que temos neste momento não é claramente realista. Há ainda uma questão que se fala, ciclicamente, que é a questão da regionalização. Estamos sempre a falar em criar mais níveis de gestão e de serviços, nunca a sua integração e fazer reformas estruturais.
E são favoráveis ao princípio constitucional da regionalização?
Eu não sou contra o modelo, mas posso ser contra a forma em como é pensada. Acho que não faz qualquer sentido falarmos em regionalização mantendo todos os níveis abaixo, quer seja os modelos das CCDR, quer seja das CIM e os municípios que temos. Tem de haver agregação.
Se é para criar mais cargos e clientelas, do ponto de vista político, eu sou contra. Tudo o que seja agilizar, do ponto de vista da eficiência, a resposta, a autonomia dos processos de decisão e dar mais proximidade às pessoas, somos a favor.
Perdemos os distritos, mantêm-se os círculos eleitorais (distritais). Os círculos uninominais serão uma alternativa?
A IL fez uma proposta muito recente da criação de um círculo nacional, que foi chumbada. Acho que isso era o mínimo nesta fase, para não termos esta visão de voto útil versus voto inútil, que é um absoluto disparate do ponto de vista democrático. Há um desperdício de votos porque não há a lógica de existir um círculo nacional. Esta medida permitiria às pessoas e, neste caso, aos movimentos, aparecerem, terem mais visibilidade e terem alguma representação. Temos um modelo que está muito afastado das pessoas.
Do ponto de vista político a grande questão em relação à reforma do sistema eleitoral é a quem é que ela não interessa e é essencialmente aos dois maiores partidos.
Como é que IL vê esta vaga de migrações, tanto a saída de jovens para forma do país como também a vinda de migrantes para Portugal?
Começando pelas saídas, temos um terço dos jovens que sairam de Portugal. Sou plenamente a favor da liberdade de movimento e dos jovens puderem sair, mas terem de o fazer é que já não podemos aceitar, enquanto país, e temos de tomar decisões que alterem este paradigma. A IL fez propostas de redução da carga fiscal para todos.
Os jovens estão a emigrar para países onde se fizeram políticas mais liberais, que crescem do ponto de vista económico e onde têm melhores condições de trabalho. É aí que temos de estar a competir. Não defendemos os modelos que têm os Estados Unidos, mas os que têm a Holanda, a Suécia, a Dinamarca, a Alemanha e a Inglaterra.
Em relação à imigração, é um tema preocupante porque é um sinal que nós, do ponto de vista económico, não demos o salto que devíamos ter dado. Devíamos de estar com políticas de imigração focadas, por exemplo, em ter setores produtivos em que a produtividade aumenta, com pessoas e com mais capacidades técnicas para dar resposta.
Abrimos as fronteiras, de uma forma um bocadinho discutível, e agora temos as pessoas a vir sem condições, sem acesso ao mercado de trabalho, sem condições de vida, e estamos a criar novos focos de pobreza.
Não podemos deixar de fingir que temos um problema demográfico, porque Portugal é um pais altamente envelhecido e precisamos dessas pessoas, que também estão a contribuir do ponto de vista da economia, de uma forma muito positiva.
Continuo a pensar que esta abertura de fronteiras foi uma maneira de dar um balão de oxigénio à nossa economia.
Perfil
Miguel Silvestre, de 46 anos, é natural da Vestiaria (Alcobaça), e reside no Nadadouro, concelho das Caldas da Rainha. Nas últimas eleições autárquicas concorreu à presidência da Câmara de Alcobaça, encabeçando as listas da Iniciativa Liberal. O também diretor do Parque Tecnológico de Óbidos, desde 2013, afirma liderar uma lista comprometida com “mudar Portugal” e destaca a diferença que os deputados da IL têm feito na Assembleia da República.
Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS
Lista de candidatos IL círculo de Leiria
1 – Miguel Silvestre
46 anos
Diretor Parque Tecnológico
Coordenador NT Alcobaça
2- Joaquim Leitão
53 anos
Senior Agency Manager na MetLife
Vice-Coordenador e Membro NT Leiria
3 – Gabriela Antunes
44 anos
Solicitadora e Agente de Execução
Vogal do GCL e Membro NT Leiria
4 – Hugo Azevedo
Empresário e Designer
Coordenador e Membro NT Pombal
5 – Sílvia Sousa
60 anos
Professora
Vice-Coordenadora e Membro NT Caldas da
Rainha
6 – Marcos Ramos
41 anos
Gestor, Consultor e Analista Financeiro
Coordenador e Membro NT Leiria
7 – Luis Mendes Marques
57 anos
Empreendedor e Gestor
Vogal GCL e Membro NT Caldas da Rainha
8 – Ana Gonçalves Santos
35 anos
Intermediária de Crédito Hipotecário
Vice-Coordenadora e Membro NT Pombal
9 – Rafaël Ferreira
26 anos
Assessor Político
Membro Fundador NT Leiria
10 – Susana Martins
50 anos
Diretora Exec. Associação sem fins lucrativos
Vice-Coordenadora e Membro NT Alcobaça