António Trindade volta a candidatar-se como independente à Câmara da Nazaré. O antigo presidente da Junta daquela vila apresentou a sua candidatura na tarde da passada sexta-feira, 19 de Abril, numa sessão onde apontou a abertura da autarquia à sociedade civil como primeira meta do sue mandato, caso venha a vencer as eleições autárquicas deste ano.
Em 2001 o antigo funcionário da Segurança Social conquistou, também como independente, a Junta da Nazaré. Quatro anos depois lançou-se numa candidatura independente à Câmara e tornou-se na segunda força política do concelho, apenas batida pela candidatura social-democrata de Jorge Barroso. Já em 2009, António Trindade integrou as listas do PS para a autarquia e no decorrer do mandato que agora termina chegou mesmo a coadjuvar Jorge Barroso na gestão do pessoal afecto às oficinas municipais (incluindo aprovisionamento) e dos cemitérios municipais, no sector das pescas e na área do apoio social e regimes de Segurança Social, funções às quais renunciou em Outubro passado por não concordar com as políticas que estavam a ser seguidas pelo executivo.
Agora, António Trindade define como objectivos da sua campanha a suspensão dos processos de concessão em curso na Nazaré, nomeadamente a tão controversa concessão da distribuição de água e da rede de saneamento e do estacionamento municipal. “A não serem feitas as concessões ou, sendo feitas, sendo geridas de forma correcta, a Câmara Municipal em cinco anos recupera a sua dívida”, afiançou o candidato.
Numa das mais endividadas autarquias do país, o independente quer “propor a redução de assessorias e de consultorias”, bem como resolver o problema dos credores da Câmara Municipal, aos quais a autarquia deve cerca de 27 milhões de euros. “É inaceitável que tenhamos tantos empresários com dificuldades e a Câmara não satisfaça os compromissos que tem com eles”, acusa. A definição de uma estratégia para o Turismo, a uniformização de regras para o centro histórico da vila da Nazaré no Plano Director Municipal, a aproximação da autarquia às associações e aos sectores da pesca e da agricultura, foram outras linhas referidas por António Trindade, que aponta ainda o dedo à empresa municipal Nazaré Qualifica que “apenas serve de palco para promover o candidato do PSD”.
Na tarde de sexta-feira, António Trindade vincou ainda a “transversalidade” da sua candidatura, cuja apresentação reuniu numa sala do Hotel Praia empresários de topo e membros da comunidade piscatória, entre muitos outros. A base de apoio social desta candidatura independente foi também salientada por Abílio Marques, o cabeça de lista à Assembleia Municipal, que manifestou “um orgulho muito grande em poder representar uma parte significativa da população nazarena”.
Quem também marcou presença na apresentação da candidatura independente foi José Maria Trindade, docente de Antropologia no Politécnico de Leiria e primo de António Trindade, que “é uma pessoa que tem ideias para o concelho, mas tem estado a pregar no deserto”. O antropólogo defendeu que “neste momento a Nazaré vive uma coisa ruim e se não tivermos cuidado, não sabemos o que vai acontecer”. Por isso, “seria bom ter alguém tão íntimo da Nazaré” na autarquia como António Trindade, que “conhece a Nazaré como ninguém”.
A candidatura vai a votos com a designação Grupo de Cidadãos Independentes do Concelho da Nazaré. O mandatário da candidatura é Silvino Trindade, para quem os candidatos já escolhidos são “pessoas com provas dadas pelo trabalho realizado e pela defesa dos interesses da Nazaré”.
Joana Fialho
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