Assinantes da Gazeta com visões contraditórias

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Dois dos nossos assinantes no Reino Unido contaram-nos pelo telefone como viveram o Brexit e as suas expectativas face à saída da UE do país onde estão emigrados. Ana Casadinho, de Figueiros (Cadaval) e Carlos Soares, da Amoreira (Óbidos), têm sentimentos diferentes sobre este processo.

 

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“Não temos nenhum receio”

Para Ana Casadinho, 53 anos, a viver há 20 no Reino Unido, o Brexit não é um problema. Por dois motivos: tem um filho ali nascido que tem nacionalidade inglesa e tanto ela como o marido têm contratos de trabalho por tempo indeterminado. Ele conduz autocarros do aeroporto de Stansted e ela própria também trabalho no aeroporto.
“Não votei no referendo porque não quis, porque não achei importante. Não temos nenhum receio”, disse à Gazeta das Caldas.
Já quanto aos restantes portugueses que vivem no Reino Unido, esta nossa assinante, natural de Figueiros (Cadaval), diz que “muitos estão a viver à custa do Estado, não trabalham e têm casas do Estado porque o Estado aqui costumava dar muitas ajudas”. Ana Casadinho acha que “para esses o Brexit pode ser complicado, mas para nós não porque temos os nossos ordenados, pagamos as nossas contas, os nossos impostos e votamos nas eleições”.
Quanto a um eventual ambiente desfavorável aos estrangeiros e aos portugueses, diz que tal não acontece em Stansted. “É uma cidade pacata e residencial. Há muitos portugueses a trabalhar no aeroporto, há cafés portugueses na cidade e os portugueses e os ingleses convivem bem. O Brexit para nós não é um problema”.

“Fiquei muito triste”

Carlos Soares, 78 anos, emigrou há mais de 50 anos para Inglaterra. Começou por fazer limpezas, mas depois criou uma empresa e era decorador quando se reformou. É viúvo e tem dois filhos com nacionalidade britânica, um do quais é professor universitário.
“Não votei porque não pude votar. Não estou autorizado. Mas não votava para sair [da Europa] porque a saída do Reino Unido vai dificultar a vida a muita gente e há muitos europeus que têm de se ir embora. Eu espero não ser um deles porque estou aqui há muitos anos”, disse à Gazeta das Caldas.
Quando ao resultado do referendo, diz que “fiquei muito triste, mas não posso fazer nada”. E nota que houve um resultado que divide as gerações: os britânicos mais velhos votaram a favor da saída da União Europeia, mas os mais novos quiseram ficar na Europa, o que significa que os gerações dos pais e avós não pensaram muito no futuro dos seus filhos e netos. Ele próprio, com filhos jovens na casa dos 40 e dos 50 anos, nota que estes estão tristes pela opção do país em sair da União Europeia.
Natural da Amoreira (Óbidos), onde costuma regressar em férias todos os anos, Carlos Soares diz que não tem assistido a manifestações de racismo ou xenofobia contra os estrangeiros. “Por enquanto não”, disse.

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