Paulo Pessoa de Carvalho está convicto de que será eleito. Crítico da gestão do PSD, realça a necessidade de atrair empresas e criar emprego. “Mais de dez anos para a revisão do PDM é uma barbariedade”, aponta o candidato da coligação Caldas Mais Rainha
O empresário Paulo Pessoa de Carvalho é o cabeça de lista da coligação Caldas Mais Rainha, que une o CDS-PP, o Movimento Partido da Terra, o Partido Popular Monárquico e o Movimento Nós Cidadãos e pretende chegar ao executivo.
O que o leva a candidatar-se à Câmara das Caldas?
Um sentimento de poder fazer mais e melhor pela minha terra. Se achasse que tudo estava perto da perfeição com certeza não me candidataria. A cidade precisa de alternativas ao que tem tido até hoje e entendo que nesta fase da vida tenho a maturidade, firmeza e convicção e quero dar tempo, empenho e trabalho à minha cidade. Depois, tive recentemente uma experiência política em Évora e a forma como na cidade das Caldas acompanharam o meu percurso e me disseram que deveria estar a fazer pela minha terra também contribuiu.
Que propostas concretas tem?
Os programas das freguesias têm sido deixados ao critério de cada lista. Uma coisa importante para a Foz do Arelho pode não o ser para Santa Catarina ou para a Serra do Bouro. O “mais” está no slogan porque queremos mais. Candidato-me porque quero mais para as Caldas. Temos quatro pontos fundamentais: emprego, educação e ação social, saúde e ambiente, turismo e cultura e comunicação, que é aquele que mais tenho falado, porque abrange todos os outros. O executivo municipal não tem conseguido fazer uma comunicação eficaz e positiva para fora das Caldas. Se há muita coisa por melhorar nas Caldas, também considero que Caldas não soube vender o que tem de bom, porque tem muita coisa boa. É fundamental a criação de emprego e criar condições para as empresas se instalarem. Temos ótimos acessos rodoviários, a Linha do Oeste está num plano de desenvolvimento, estamos no centro de Portugal, porque é que as empresas não vêm para aqui? A criação do gabinete de apoio ao empresário é fundamental. Há sítios onde os municípios quase financiam o negócio e são ressarcidos através do resultado da empresa. Temos um polo de estabelecimentos de ensino com imenso potencial e, muitas vezes, formamos pessoas que vão embora porque não encontram colocação no mercado de trabalho. Preocupa-me bastante o eterno adiamento da revisão do PDM . Estamos num mar de indefinições que não permite às pessoas saber com que linhas se cosem e quase diria que isto anda a ser gerido de uma forma arbitrária. As pessoas que vêm para aqui têm que conhecer as regras. Se calhar como presidente da Câmara é mais confortável ter um PDM que permita ir adaptando, sempre em prol da cidade, nem ponho outra questão, mas é um pau de dois bicos. As pessoas não podem estar à espera da boa-vontade, da simpatia, do lóbi financeiro ou das contrapartidas para o concelho. Mais de dez anos para uma revisão do PDM é uma barbariedade.
O CDS-PP perdeu em 2017 o vereador nas Caldas. O que seria agora um bom resultado?
Sou filiado no CDS-PP e perdemos o vereador, mas aqui falamos da coligação Caldas Mais Rainha. Acredito que nas autárquicas os projetos se baseiam nas pessoas, naturalmente nos cabeça de lista, mas também nas equipas. Nunca vou renegar o CDS, porque é o meu partido e aquele que tem um programa que mais se aproxima com a minha forma de ser e de estar. É verdade que o CDS passou várias conturbações, com o aparecimento de outros partidos políticos, talvez com alguma indefinição ou o querer agradar a gregos e troianos, mas não vou falar muito do CDS. Sou e continuo a ser do CDS, mas acho que nos devemos abrir à sociedade civil e a outras pessoas que não têm qualquer identificação política, mas que têm vocação para fazer melhor pela sua terra. Quis, efetivamente, fazer uma coligação. Posso dizer que a coisa não foi muito pacífica na altura, mas penso que o CDS, como qualquer partido, só ganha quando tiver a grandeza de abrir os braços para fora. Acho que aquilo que se passou nas autárquicas de 2017 foi um fracasso total. Foi uma incapacidade de chegar à população, porque o Rui Gonçalves é uma pessoa extremamente competente. Foi uma desilusão o resultado. Não acompanhei de perto a campanha, mas acho que foi uma incapacidade de comunicar para fora. Pela primeira vez, o CDS não teve um vereador, o que permitiu ao PSD aumentar o seu império com mais um. Acho que o totalitarismo não é positivo. Não queria ser eleito presidente de Câmara com sete vereadores da coligação. Se calhar acharia graça, mas diria que não era o ideal. Acho que o PSD se acomodou. Tenho a certeza que vou ser eleito e gostava imenso de colocar dois vereadores. É uma meta difícil, mas no dia 27 de setembro falamos.
Nunca houve tantas candidaturas à Câmara. Qual o significado político deste dado?
Que algo vai mudar nas Caldas e para melhor, ganhe quem ganhar. Eu quero ganhar! Penso que a maioria não está garantida para ninguém, o que vai animar as hostes. O próximo projeto de gestão autárquica vai ter de dar muito mais de si. Considero que as pessoas que estão na Câmara têm sentido de responsabilidade, mas estão acomodadas. O aparelho PSD funciona, pesa e limita muita coisa. Se é bom numas coisas é muito mau noutras. Isto precisa de levar um abanão e no dia 27 de setembro, quando olharmos para a configuração do novo executivo, vai ser diferente. Tenho esperança de que esta diversidade vá fazer reduzir a abstenção, com um interesse acrescido nestas autárquicas que não houve até agora. As pessoas têm de ter dúvidas. Gostava que todas as pessoas votassem, nem que fosse em branco, e que o Governo do país tivesse mais do que os votos de 15% da população.
Que política cultural defende a coligação para o concelho?
Vejo uma tabuleta que diz Caldas Cidade Criativa e pergunto porquê? Caldas deveria ser muito criativa mas perdeu essa sua capacidade de comunicação para fora. Sei que há uma preocupação grande com a cultura, sei que temos muitos museus e tudo isto é louvável, mas na prática não capitalizamos esse facto e isso preocupa-me. As Caldas é uma cidade com uma história cultural brutal. Acho que podemos vender muito bem aquilo que é a importancia da nossa cidade. Ando muito na A8 e nunca vi nada ilustrativo do hospital termal, por exemplo. Quando for presidente da Câmara das Caldas garanto que as Caldas vai para o mapa, temos de vender toda a nossa história, porque ela é grande.
A vertente cultural está também ligada ao turismo…
Sim, e a vertente termal está ligada ao turismo, assim como a agrícola, há uma série de pontos que se vão interligando. As Caldas, com as comunidades estrangeiras que já aqui vivem, podia promover um festival intercultural. As Caldas tem, por vezes, uma imagem mais forte internacionalmente, do que a que consegue vender para o próprio país. Como é que Óbidos dentro das suas muralhas consegue ter engarrafamentos, e não sei se é o tipo de acontecimentos que queremos nas Caldas, mas Óbidos sem nada, com umas muralhas acabou por ter uma projeção que as Caldas, com tudo, não tem? Estamos num concelho com freguesias predominantemente rurais. Por acaso foi o Manuel Isaac que propôs a Rota dos Pomares, na zona da pera e da maçã. Porque não a criamos?
Que medidas sugere para melhorar a Praça da Fruta?
A praça é um ícone brutal para as Caldas mas não sei qual é a solução. Acho que não pode sair de onde está. Como melhorar? Não sei, mas sei que a praça da fruta não pode sair dali, é uma referência. Dar mais condições, acho que sim. Como? Não sei, mas vou estudar a matéria. ■
“Temos de olhar para as termas das Caldas como um negócio”
Paulo Pessoa de Carvalho defende uma parceria público-privada para gerir as termas e diz que novo hospital tem de ser nas Caldas
Para o candidato à Câmara pela Coligação Caldas Mais Rainha o desenvolvimento do termalismo caldense passará por uma exploração público-privada. “Temos de olhar para as termas como um negócio e há gente interessada em investir nas termas das Caldas”, avança Paulo Pessoa de Carvalho, reconhecendo que o modelo atual presta poucos serviços e atende poucos utentes. Embora consciente de que “há muita gente que condena as parcerias público-privadas”, o candidato sente que as termas não dão a resposta que a população precisa. “Se tivermos aqui um turismo termal capaz, ganha o comércio, ganha a restauração, ganha a cidade”, diz, mostrando a sua “preocupação” com “a visão um bocadinho redutora” que o atual executivo tem para o termalismo. “Com o atual sistema é um elefante branco que está ali, com custos brutais para o Ministério da Saúde e para a Câmara”, alerta, acrescentando que a situação só será alterada quando houver uma “entidade que tenha uma motivação de converter aquilo em algo mais e que seja um negócio”. Relativamente ao hotel de cinco estrelas a construir nos Pavilhões do Parque, Paulo Pessoa de Carvalho só acredita quando o vir construído. “Há um projeto e seria positivo se acontecesse, mas tenho algum receio dessa concretização, por mais protocolos e acordos que estejam assinados”, afirmou.
No que respeita ao CHO, considera que, nos moldes em que está, não dá resposta às pessoas e que estas “até têm medo em ir para o hospital”. O candidato, que reuniu recentemente com a administração do CHO, percebeu que “este hospital está obsoleto, não tem condições para dar resposta aos utentes do concelho”. Relativamente ao novo hospital para o Oeste, “por uma questão geográfica, de acessos rodoviários e de densidade populacional, é obvio que o hospital tem de vir para as Caldas”, considera, mostrando-se receoso de que vá haver um “grande joguete politico”. ■