Bloco de Esquerda não desiste da Associação “De Volta a Casa”

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O almoço foi dado aos utentes na Mata pelos voluntários da “Volta a Casa”

O Bloco de Esquerda está “indignado” com a situação actual da associação de apoio aos sem abrigo, “De Volta a Casa” e, sobretudo, com o facto da Câmara das Caldas ter accionado o despejo das instalações que ocupavam, ao cimo da Praça da Fruta, por falta de condições.
Desde o dia 4 de Janeiro que as refeições passaram a ser dadas aos sem abrigo em locais públicos da cidade. No primeiro dia serviram o almoço no parque das merendas da Mata e o jantar junto à intervenção artística de Ferreira da Silva, no Hospital. Enquanto decorria a refeição receberam a informação da segurança de que já tinha sido chamada a polícia, que pediu a documentação e questionou sobre a razão de estarem naquele espaço a servir comida, convidando-os depois a abandoná-lo.
Entretanto, a direcção do hospital exigiu que a associação fizesse um pedido formal ao Centro Hospitalar tendo em conta a entrada da viatura de um voluntário na Mata para levar a comida, que já foi enviado, e do qual aguardam resposta.
Actualmente os almoços continuam a ser servidos no parque de merendas da Mata e os jantares junto à escola da Encosta do Sol.
O deputado da Assembleia da República, Heitor de Sousa, esteve com os responsáveis da associação e presenciou a distribuição do almoço, ao início da tarde de segunda-feira, 10 de Janeiro.
Quis demonstrar a sua “total solidariedade” com os objectivos e a acção da associação “De Volta a Casa”, assim como o firme propósito de exigirem que a Câmara das Caldas deva arranjar um sitio para esta associação.
“Fizemos pressão política junto da autarquia”, disse o deputado, acrescentando que o argumento deles “parece-nos um bocado inaceitável e tem por base o preconceito”.
Heitor de Sousa disse ainda que com este despejo a Câmara acabou por estigmatizar a associação, que agora terá dificuldade em arranjar um espaço para se instalar. “Qualquer senhorio tem todos os argumentos para recusar o aluguer à associação”, salientou, repudiando esta atitude “discriminatória”. O deputado diz mesmo que a autarquia não tem nenhuma razão substantiva que justifique esta decisão, e que deveria ter “renovado a cedência de instalações ou, em alternativa, ter cedido outro tipo de instalações que existem na cidade”.
O Bloco continua a apoiar a associação, mas Joaquim Sá garante que esta continua apartidária. Agradece o apoio deste partido, assim como do PS e CDU, que intervieram quando a Câmara quis encerrar a associação.
Conta também com a ajuda de voluntários e das pessoas que continuam a dar os alimentos, mas os utentes são agora menos. A Câmara contactou com as pessoas para fazer o seu encaminhamento e alguns já foram canalizados para outras entidades. “Mas eles também continuam cá porque gostam de ser solidários com a associação, que sempre lhe deu todo o apoio”, disse Joaquim Sá, adiantando que o ideal seria conseguirem arranjar um espaço particular e não instalações cedidas pela autarquia caldense.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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