Bloco de Esquerda quer que a associação “De Volte a Casa” continue aberta

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Os deputados do BE, Heitor de Sousa e Fernando Rocha, reuniram com Joaquim Sá na associação “De Volta a Casa”

O Bloco de Esquerda quer que a Associação “De Volta a Casa – Centro de Acolhimento dos Sem-Abrigo” continue aberta e a prestar apoio aos seus utentes a partir do dia 31 de Dezembro, data imposta pela Câmara das Caldas para cedência das instalações na Rua do Provedor Frei Jorge De São Paulo 5-A, ao cimo da Praça da Fruta.
“O que a Câmara tem que fazer já é mudar a sua atitude de ameaçar com o despejo, reconhecendo o mérito ao projecto”, disse o deputado bloquista da Assembleia da República eleito pelo distrito de Leiria, Heitor de Sousa, que esteve na passada segunda-feira a visitar a associação, juntamente com o deputado municipal, Fernando Rocha. Segundo o deputado, “as pessoas estão primeiro e só depois é que vem qualquer problema de carácter administrativo que seja necessário resolver”.
Os dois deputados reuniram com o responsável pela associação, Joaquim Sá, para se inteirarem da situação e também “manifestar a solidariedade e preocupação com a possibilidade de encerramento”, disse Heitor de Sousa.
A associação serve cerca de 80 refeições diárias às pessoas mais carenciadas e Joaquim Sá refuta as afirmações de que se tratam sobretudo de toxicodependentes, destacando que se trata de uma percentagem mínima.
Não possui técnicos a colaborar, mas o responsável garante que fazem encaminhamento para as unidades de recuperação, e diz mesmo que a relação que existe entre os utentes e voluntários leva a que sejam eles próprios a pedir ajuda. Sá prefere esta fórmula a um internamento forçado.
“Dizer que é um local de marginais é estigmatizar a própria associação”, adiantou o responsável, salientando que os “criminosos não precisam de vir aqui comer as sobras”. Joaquim Sá diz que nunca precisaram de recorrer à polícia durante todos estes anos de funcionamento, justificando que os distúrbios ali ocorridos foram sempre resolvidos internamente.
“A Câmara, às vezes, tem uma ideia virtual e desvirtuada dos nossos utentes”, criticou, lembrando que já em 2006 a autarquia lhes propôs colocá-los em S. Cristóvão. Joaquim Sá não aceitou pois considera que era “colocá-los à margem”.
Quanto aos melhoramentos, Joaquim Sá garante que continuarão a desenvolver as obras se ali permanecerem. “Tentaremos dar uma resposta às necessidades dos nossos utentes”, disse, explicando que as obras que estavam em curso não foram terminadas quando souberam da intenção da Câmara de não renovar o contrato de comodato.
Os utentes, para fazer a sua higiene pessoal, estão actualmente a utilizar a casa de banho dos voluntários, pelo que pretendem terminar os balneários, assim como arranjar o telhado (bastante degradado).
“A lavagem da loiça também é feita com todo o cuidado”, realça, destacando que apesar de não estar a funcionar a máquina que faz a esterilização, esta é toda lavada com lixívia e água quente para prevenir algum caso de infecção.
A associação não conta com nenhum subsídio, apenas a cedência do espaço por parte da Câmara, assim como o pagamento da água e da luz.
Depois de ouvir as explicações de Joaquim Sá, o deputado bloquista ficou ainda com mais certezas de que a associação não pode fechar portas, pois presta um “serviço essencial”, sobretudo no contexto em que estamos a viver, com a população cada vez mais empobrecida.
Heitor de Sousa comparou mesmo o trabalho ali praticado com o das equipas de rua em Lisboa.
Entretanto o deputado da Assembleia Municipal, Fernando Rocha, já agendou na ordem de trabalhos o debate sobre a pobreza no concelho, onde quer ver discutido este assunto. O BE pretende também aumentar a pressão politica e tentar que o executivo municipal mantenha este projecto.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

1 COMENTÁRIO

  1. Movimentos, associações, Instituições e outros de índole social, são e serão sempre indispensáveis, e acredito que a Instituição em causa tenha um bom objectivo e muito boa vontade, mas infelizmente não conseguem retirar os prevaricadores que por lá se vão instalando.
    É importante ajudar, mas também é importante garantir a segurança quer dos que utilizam com boa fé este espaço, quer da cidade em si.
    Lamentavelmente sou forçada a concordar com a decisão da CMCR.