Bloquistas manifestam preocupações ambientais junto à Lagoa de Óbidos

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Catarina Martins prometeu lutar por serviços públicos de qualidade para todos
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As preocupações ambientais, mas também sociais, estiveram no centro dos discursos dos dirigentes do Bloco de Esquerda (BE) durante a sardinhada que decorreu, a 8 de Setembro, no Parque de Merendas do Nadadouro. O evento, que contou com a presença da coordenadora nacional do partido, Catarina Martins, ficou ainda marcado pela homenagem a João Penedos, militante bloquista recentemente falecido e um dos grandes impulsionadores desta iniciativa que já se realiza há uma década.

 

Frente à Lagoa de Óbidos, Ricardo Vicente, cabeça de lista do BE pelo distrito de Leiria, elencou vários dos problemas que assolam aquele ecossistema para, de seguida, apresentar propostas concretas na sua resolução. Um serviço público de dragagens permanentes, o redimensionamento do sistema de recolha e tratamento dos resíduos urbanos e a requalificação das ETARs, foram algumas das soluções defendidas.
Ricardo Vicente falou também da necessidade de requalificação da área envolvente, que deverá ser abrangida por um Plano de Reflorestação Nacional com espécies autóctones. Por outro lado, defendeu o direcionamento dos apoios comunitários para as políticas de transição ecológica, que permitam abandonar a monocultura da floresta e agricultura, tornando-a mais sustentável e mais “resistente” aos fogos. O activista e dirigente bloquista lembrou que no distrito de Leiria em 10 anos arderam mais de 85 mil hectares de floresta, sendo que 87% dessa área ardeu em apenas um ano (2017). Cerca de 20% desses locais eram da responsabilidade do Estado, que “tem obtido elevados lucros na venda de madeira das matas nacionais, mas abandonou as operações de gestão com a perda de recursos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas”, criticou, para logo de seguida dar nota do comprometimento do BE para com as pessoas dos territórios ardidos.
Ricardo Vicente alertou para o impacto que terão as alterações climáticas, também no distrito, onde se prevê que a temperatura média anual passe de 14,5 graus para 17,8 graus e as durações de períodos sem precipitação aumentem, assim como o número de dias com risco de incêndio. “A proposta política tem que dar resposta e, por isso, é que uma parte significativa do programa eleitoral do BE se debruça sobre a emergência climática”, sustentou.

Contas certas e transparência

Também presente no evento, que juntou cerca de uma centena de pessoas, a coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, realçou que, para além da crise climática, o país vive uma crise social, com baixos salários e pensões, problemas na habitação e nos serviços públicos. A dirigente bloquista defendeu uma “legislação laboral da dignidade”, que combata a precariedade, que não troque contratos a prazo por períodos experimentais e que lute por efectivos em todos os postos de trabalho permanentes. O aumento do salário mínimo é outra das suas bandeiras, assim como a melhoria dos serviços públicos, ao nível da Justiça, Saúde e Educação.
“Apresentamos propostas e dizemos como vamos fazer tudo aquilo a que nos propomos fazer”, disse Catarina Martins, acrescentando que no BE gostam de “contas certas e de transparência”. Dirigindo-se ao cabeça de lista por Leiria, Catarina Martins lembrou o seu trabalho, nomeadamente na integração dos precários do CHO, no trabalho pela modernização da Linha do Oeste e questões ambientais.
As questões sociais foram também enaltecidas pelo eurodeputado, José Gusmão. Destacou que Portugal é um país de desigualdades endémicas, com dois a três milhões de pobres e o BE considera que este flagelo combate-se no plano político da habitação e gratuitidade dos serviços públicos.
Ao nível ambiental, o eurodeputado considera que as indústrias poluentes devem ter uma responsabilidade social nessa área, como consequência do que têm poluído durante décadas.
O deputado na Assembleia da República e mandatário do BE no distrito, Heitor de Sousa, prestou homenagem a João Penedos, dirigente do BE do Nadadouro, recentemente falecido e que foi um dos impulsionadores das sardinhadas pela defesa da Lagoa. “No início chegou a vir às 3 horas da madrugada para limpar e preparar o recinto”, lembrou Heitor de Sousa, acrescentando que esta acção anual irá manter-se até ao dia em que a Lagoa esteja “desassoreada, limpa e permita o sustento dos pescadores”.

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