O deputado do PCP na Assembleia da República, Bruno Dias, reuniu com elementos do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) e visitou as suas instalações nas Caldas da Rainha. O dirigente comunista diz que para resolver os problemas do hospital caldense o que falta é “vontade política” e não a passagem para Entidade Pública Empresarial (EPE).
“A EPE [Entidade Pública Empresarial] não é o problema e também não é a solução por si só. O que determina tudo isto é a vontade política de, perante os problemas concretos, se criarem os meios e decisões para que as coisas se resolvam”. Esta a opinião de Bruno Dias que considera que a solução para resolver o problema do CHO pasa por descomplicar o regime, ao invés de passar para outro.
O dirigente comunista recorda que há meia dúzia de anos que se vem discutindo a passagem deste centro hospitalar do Sector Público Administrativo para Entidade Pública Empresarial como uma saída para os seus problemas, mas que, enquanto isso, estes têm vindo a agravar-se.
“Os problemas têm que ser resolvidos rapidamente”, disse o deputado, que não vê nesta alteração de regime a melhor solução para a saúde do CHO nem do país. Entende que havendo resposta favorável do poder central relativamente a autorizações de despesas, investimentos nos hospitais e até relativamente à contratação dos trabalhadores, todas estas situação já poderiam estar a ser resolvidas.
A visita da passada segunda-feira veio na sequência de outras que o deputado tem feito ao CHO, sendo que a última delas foi com os trabalhadores. Bruno Dias irá agora levar o caso à Assembleia da República e questionar o governo sobre as medidas mais imediatas para resolver os problemas por que atravessa a instituição. “Há obras que não são de uma dimensão tal que coloquem complicações ou problemas do ponto de vista de decisão ou de custos”, disse, exemplificando com a necessidade de obras de manutenção das instalações sanitárias. Estas são, disse, uma questão mais premente do que, por exemplo, o facto das instalações da farmácia ou do Serviço de Admissão de Doentes, funcionarem em contentores, uma vez que não há local no hospital onde colocar esses serviços.
O deputado, juntamente com elementos do PCP caldense e da dministração do CHO (à excepção da presidente, Ana Paula Harfouche) visitou vários serviços do hospital e as instalações do Serviço de Admissão de Doentes e de farmácia. Filomena Cabeça, do Conselho de Administração, disse aos jornalistas que estas visitas são fundamentais para dar a conhecer o funcionamento da instituição, as suas preocupações e obter apoio político. “Conhecendo a nossa realidade, percebem muito melhor as dificuldades e anseios das populações”, disse.
Ao contrário do deputado, Filomena Cabeça manifestou a sua expectativa de que, com a alteração do estatuto de gestão, algumas das actuais preocupações possam ser minimizadas. Ainda sem conhecer uma data para esta mudança, a responsável disse ter esperança que “haja um milagre de Fátima”.
Governo não responde
Gazeta das Caldas tentou junto do Ministério das Finanças (que tutela este dossier em conjunto com o da Saúde) saber quando ocorrerá a prometida passagem de SPA para EPE, mas não obteve resposta.
Umas das razões deste atraso é a dificuldade em encontrar quem queira presidir à administração do CHO quando este mudar de estatuto.
PS acredita na passagem a EPE
Os deputados do PS na Assembleia da República querem que o governo mude o estatuto do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) permitindo-lhe passar do setor público administrativo (SPA) para Entidade Publica Empresarial (EPE). Recomendam que seja encontrado um equilíbrio das valências médicas disponíveis nas três unidades hospitalares que constituem o CHO, de forma a adequá-las à dimensão e estrutura etária da população e torná-las mais atractivas para os profissionais de saúde.
No documento, datado de 13 de Abril, os deputados socialistas pedem ao governo uma “solução de compromisso” de modo a evitar a contratação de profissionais através de empresas de trabalho temporário, abrindo concursos para o quadro de pessoal contratado e evitando a precariedade. Defendem ainda a requalificação da estrutura física hospitalar, com a adequação das áreas de internamento e definição de circuitos de circulação, que aumente o número de camas de internamento e reforce o número de equipas médicas de especialidade.
Outra das recomendações prende-se com a possibilidade de investimento para a instalação do Hospital de Dia Oncológico, a “fim de evitar a deslocação dos doentes a outras estruturas hospitalares, de acordo com as boas práticas internacionais e as recomendações do INFARMED”.