Campo da Quinta da Boneca deve receber o nome de Vasco Oliveira

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Gazeta das Caldas

IMG_7005O campo da Quinta Boneca deve receber o nome de Vasco Oliveira. A sugestão partiu de Fernando Costa e foi bem aceite pelos autarcas no jantar de Natal que reuniu mais de 200 dirigentes e ex-dirigentes políticos do concelho, na passada sexta-feira, no restaurante O Cortiço. No dia em que os diferentes partidos e ideologias se sentam à mesa, as principais preocupações continuam a ser os hospitais (o CHO e o Termal) e a Lagoa de Óbidos. Fernando Costa pediu a resolução destes problemas ao Pai Natal da Lapónia, ao de Lisboa e ao das Caldas. Tinta Ferreira respondeu que “não podemos ficar à espera do Pai Natal para resolver os desafios”.

Com farpas à direita e à esquerda, mas num clima de união, unidade e consenso em torno das questões fundamentais, foi como decorreu o jantar de Natal dos autarcas, que juntou 200 dirigentes políticos no restaurante O Cortiço, na passada sexta-feira. Os valores de solidariedade e carinho em relação à família nesta época do ano estendem-se à família autarca, apesar de terem ficado bem assentes as separações entre o passado e o presente.
Os primeiros intervenientes até estavam a concordar em não falar muito de política, trocando apenas suaves galhardetes acerca do novo governo, mas Fernando Costa, ex-presidente da Câmara das Caldas, usou da palavra para, primeiro, recordar Vasco Oliveira (como todos os outros intervenientes na sessão haviam feito) e sugerir que o campo municipal da Quinta da Boneca passasse a ter o nome do antigo presidente da Junta de Nossa Senhora do Pópulo.
Mas depois pediu ao Pai Natal “que trouxesse para as Caldas a resolução de alguns problemas”, nomeadamente, os do Hospital Termal e da Lagoa de Óbidos.
Quanto ao segundo caso, considerou que “o que se anda a fazer na Lagoa é quase um crime económico e financeiro”, explicando que “há uma draga a dragar há três meses seguidos para o mesmo sítio, para a areia no dia seguinte estar na Lagoa”. O ex-edil afirmou que “gastam-se milhões de euros naquelas obras para nada” e que “há que pôr os técnicos da APA em ordem”.
“Senhor Pai Natal lá da Lapónia e senhor Pai Natal de Lisboa e senhor Pai Natal das Caldas, preocupa-me o Hospital Termal”, disse Costa, referindo que “convém pôr os partidos e todos os autarcas em consonância sobre os grandes problemas que temos pela frente”.
Seguiu-se-lhe Luís Ribeiro, presidente da Assembleia Municipal, que afirmou que “nesta sala está representado o passado autárquico, mas está também o presente”. Se, por um lado, “não é possível construir o futuro deste concelho sem respeitarmos o passado, também não é menos verdade que para construir o futuro (assente embora sobre o passado), há que fazer diferente do que se fez e há que ter um discurso e uma metodologia diferente”, disse. A terminar um recado, dado alto e em bom som, para o ex-presidente: “temos, por certo, grandes desafios, como disse Fernando Costa, mas há uma coisa que eu tenho a certeza: é que temos homens à altura para ir de encontro a esses problemas, resolvê-los e tornar o concelho das Caldas cada vez maior!”.
Já o actual presidente da Câmara, Tinta Ferreira, apaziguou os ânimos, com um discurso que o demarca da forma de fazer política do seu antecessor. Respondeu que “não podemos ficar à espera do Pai Natal para resolver os desafios” e pediu aos “que não estão no activo e que tenham opiniões, sugestões e propostas” que as façam chegar à Câmara. “Digam-nos, falem connosco, tomem iniciativa, ajudem-nos a governar melhor, nós contamos com todos”, referiu.
Sobre a Lagoa de Óbidos, Tinta Ferreira esteve com o vereador do Ambiente, Hugo Oliveira, e os presidentes de Junta da Foz e do Nadadouro na primeira reunião de acompanhamento e garantiu que lhes foram dadas as devidas explicações.  “Nós exigimos que o programa do concurso e o caderno de encargos seja cumprido”, salientou, explicando que “algumas alterações que possam haver, nomeadamente alguns depósitos de dragados que foram feitos na margem da Lagoa, junto ao Nadadouro e na fronteira do Nadadouro com a Foz do Arelho, foram com a nossa concordância e a nosso pedido”.
O edil esclareceu ainda que foi a comissão que pediu que houvesse uma reunião pública para serem clarificadas todas as dúvidas. “Se forem legítimas e lógicas, eles que mudem, eles que adaptem, eles que façam o que tiver de ser feito. Se as dúvidas forem bem esclarecidas, então eles que continuem a cumprir aquilo que é necessário”, afirmou, antes de virar o foco para a segunda fase das dragagens.
Sem promessas, pediu às freguesias que, agora que as obras na cidade estão praticamente concluídas, apontem intervenções necessárias.

UM CONSENSO PELAS CALDAS

Virgílio Filipe (presidente de Junta dos Vidais) foi o primeiro a usar da palavra,  falando em nome das freguesias. O autarca começou por traçar um paralelismo entre os meios postos à disposição para o discurso e os recursos disponíveis para as Juntas. “Os meios são escassos, como os nossos nas Juntas de Freguesia”, comentou, antes de explicar que em vez de falar de obras, preferia destacar que “temos uma cidade bonita este ano, com a iluminação de Natal” e que sempre que passa pela árvore na Praça 25 de Abril vê pessoas a tirar fotografias. A terminar, o desejo de “que o ano de 2016 traga umas obras engraçadas às nossas freguesias”.
Cada freguesia do concelho tinha a sua mesa e as intervenções em nome dos partidos respeitaram a posição dos mesmos na Assembleia Municipal. Cada autarca pagou o seu jantar (como já vem sendo hábito).
Manuel Isaac, vereador do CDS, foi o primeiro a discursar em representação dos partidos e arrancou ao ataque. “Nós este ano despachamo-nos mais cedo porque não está cá a CDU e o Bloco de Esquerda”, disse, afirmando a sua certeza em como “Jorge Sobral [PS] falará em nome de todos, que as coisas mudaram e ele agora representa-os aqui a todos”.
Edgar Ximenes, representante do MVC, lembrou que recentemente foi assinado o protocolo em que a Câmara assumiu a gestão do Hospital Termal e do património e, portanto, “nada melhor que desejar o maior sucesso, que é do interesse de todos os caldenses, da cidade e do concelho, para que tudo corra bem”.
Recordando “que muitos não apoiaram essa decisão, muitos achavam que não era a melhor solução”, afirmou que “pragmaticamente sempre defendi que era a solução possível”. E, tendo em conta que agora já temos esta nova realidade, “o que interessa à cidade é que juntemos esforços para que tenhamos sucesso”.
O vereador do PS, Jorge Sobral, aceitou “com todo o gosto” o convite de falar pela nova coligação. “O facto de falar em nome dessa coligação quer dizer que ela funciona a uma voz. O que não funciona já a uma voz é a velha coligação [do CDS e do  PSD]”, referiu.
O autarca recordou ainda que há mais preocupações para além do Hospital Termal, virando as atenções para o CHO, que “necessita de intervenção da autarquia”.
Em nome do PSD, o vice-presidente da Câmara, Hugo Oliveira, não perdeu oportunidade de responder ao galhardete de Jorge Sobral, dizendo que “a diferença entre aquilo que é a antiga e futura coligação e a actual e sabe Deus até quando, é que na nossa coligação todos podem falar”.
Apelou a que, nesta época, os autarcas se olhassem “de uma forma diferente”, como uma família. “É este o desafio, mas acima de tudo é esta a nossa responsabilidade: de nos entendermos nas nossas diferenças, mas também percebermos que cada um dá o melhor de si pela causa pública”, afirmou.
Num discurso virado para a união e consenso, referiu que os desafios que surgem para as Caldas são encarados pela “família autárquica de uma forma unida”. Hugo Oliveira lembrou que “podemos ter alguns desentendimentos e pontos de vista diferentes, mas temos um objectivo que é “pelas Caldas” e estou certo que não é só o PSD, são todos os outros partidos”.
A terminar pediu ao Pai Natal ou ao Menino Jesus “que tenhamos uma noção clara daquilo que é o nosso posicionamento e daquilo que é o futuro das Caldas e de como é que vamos conseguir, cada vez melhor, levar Caldas mais longe” e lembrou “como estamos, de alguma forma, num ritmo de uma nova dinâmica”.
Para além de Vasco Oliveira, foram recordados os nomes de Cabrita Jerónimo, Fernando Colaço, Fernando Rocha, Henrique Sales, José Domingues, José Henriques, Jorge Rocha e Mário Pereira.