Tinta Ferreira vai ser indicado como a escolha da Comissão Política Concelhia do PSD para a candidatura do partido à Câmara das Caldas da Rainha, em resultado de uma reunião realizada naquele partido na passada segunda-feira, 14 de Janeiro. Mas a escolha do candidato está longe de encontrar consenso dentro do partido e ao líder da estrutura, Fernando Costa, chegou já um abaixo-assinado que reclama a realização de um plenário para, de forma democrática, serem os militantes a escolher quem será o cabeça de lista nas próximas autárquicas.
Na reunião de segunda-feira, os membros da comissão votaram entre os três potenciais candidatos: Tinta Ferreira, Hugo Oliveira e Maria da Conceição Pereira. A escolha obrigou à realização de uma segunda volta, em que Tinta Ferreira foi eleito, segundo o próprio, “com maioria absoluta”, em detrimento de Hugo Oliveira.
Mas ainda que nada esteja decidido – uma vez que o nome apontado pela concelhia tem que ser apresentado em plenário e depois aprovado pela distrital e pela nacional do partido – a contestação não tardou. “Tratou-se provavelmente de uma brincadeira de Carnaval e este tipo de atitudes tem um nome, mas eu por decoro não vou dizer o que é”, acusa Hugo Oliveira. O candidato a candidato diz que “houve pessoas da comissão política que nem sequer foram convocadas para a reunião” da passada segunda-feira. “Esta reunião foi feita à revelia da minha presença. Deliberaram contar com o meu voto, mesmo sem eu estar” acrescenta.
E tal como tem acontecido nos últimos meses, em que se multiplicam as manifestações públicas de apoio a Hugo Oliveira, os apoiantes do mais novo membro do executivo voltaram a fazer-se ouvir. Num abaixo-assinado que reúne cerca de 200 assinaturas, os apoiantes do actual vereador da Juventude e do Turismo, entre outros pelouros, reclamam a convocação de um plenário para escolha do candidato. Nas redes sociais a mesma facção tem recuperado as declarações de Fernando Costa em 2010, quando foi reeleito na presidência da Comissão Política Concelhia. Na altura, o líder sócia-democrata deixou a garantia de que antes da escolha do candidato do partido às autárquicas de 2013 haveria novas eleições para a concelhia, o que não aconteceu.
“Nada me move contra quem quer que seja do partido. Entendo é que devem ser os militantes a escolher o candidato”, defende Hugo Oliveira. Não obstante esta luta interna pela liderança da candidatura do PSD à Câmara das Caldas, Hugo Oliveira diz que “o mais importante é que o PSD ganhe as eleições autárquicas” e por isso mesmo diz-se disponível a colaborar com quem quer que venha a ser confirmado como candidato social-democrata.
Já Tinta Ferreira garantiu à Gazeta das Caldas que espera que o seu nome seja confirmado para encabeçar a candidatura do PSD. E caso isso aconteça, “gostava muito de poder contar com os vereadores Hugo Oliveira e Maria da Conceição”, acrescenta.
Fernando Costa não confirma
O presidente da concelhia do PSD, Fernando Costa, recusa-se a confirmar que Tinta Ferreira será o candidato do PSD às autárquicas deste ano. “Até à aprovação da Comissão Política Nacional não há candidatos”, diz o também responsável pela estrutura distrital do partido.
Fernando Costa garante que a concelhia está “a seguir o processo estatutário”, que não prevê a realização de directas para a escolha do candidato. E acrescenta que no PSD “o plenário não tem parecer vinculativo”, mas apenas emite um parecer que pode, ou não, ser seguido pela comissão política concelhia.
O social-democrata, cuja sucessão à frente da Câmara Municipal está a ser tão disputada, diz que “também gostava que houvesse directas nas Caldas” e que estas deveriam envolver o maior universo possível de militantes, com e sem quotas pagas, e autarcas que embora não sejam militantes tenham sido eleitos nas listas do partido. Mas “estatutariamente não foi consagrada esta hipótese e localmente também não houve acordo”. E ainda que houvesse, Fernando Costa acredita que “a estrutura nacional podia até não aceitar este processo e localmente os militantes podiam contestá-lo”.
Joana Fialho
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