Acelerar a transição energética e melhorar o serviço ferroviário, tornando o país mais verde são objetivos da candidatura do LIVRE encabeçada por Inês Pires, que ainda defende uma boa rede de transportes no distrito
Quer dar um contributo para um distrito mais livre, sustentável e tolerante. De que forma o pretende fazer?
Identificando vários problemas do distrito, mas que também o são a nível nacional. Um deles é o da emergência climática, em que queremos tornar o país mais verde e, nesse âmbito, propomos a aceleração da transição energética através da eficiência energética dos edifícios. Temos desenvolvido o programa “3C – Casa, Conforto e Clima”, aprovado no Orçamento de Estado, para financiar a melhoria da eficiência energética e conforto térmico nos edifícios residenciais.
Na vertente da mobilidade queremos reduzir o uso da viatura privada, não necessariamente impingindo a redução mas incentivando as pessoas a utilizar outros modos de mobilidade. Conseguimos fazer aprovar o passe ferroviário nacional que, no Orçamento de Estado para 2024, foi alargado para Urbanos e Intercidades em certos troços e Interregionais em toda a rede. Estas medidas também têm de ser acompanhadas pela melhoria do serviço ferroviário.
Que projetos significativos propõe o LIVRE para o distrito?
É bastante preocupante a parte florestal. Após os incêndios de 2017 e 2022 temos andado a acompanhar a situação do Pinhal de Leiria e, apesar de estar a haver algum progresso este não está a ser feito com a velocidade certa. Queremos incentivar a que as florestas sejam compostas por espécies autóctones e endémicas da região, mas também temos outras propostas, que passam pelo o setor cooperativo em várias vertentes, entre elas a gestão e exploração florestal. As nossas ideias passam muito por trabalhar em conjunto com a população, ouvi-la e fazê-la participar neste processo de defesa das florestas.
Defendemos também a continuidade do projeto-piloto Semana de Quatro Dias e queremos a possibilidade de o expandir. Em dezembro vimos os primeiros resultados desse projeto piloto e foram bastante bons, com uma melhoria da saúde mental dos trabalhadores, que tiveram mais tempo com a família e viram os seus estados depressivo e de ansiedade diminuírem.
É um distrito com grandes simetrias. Onde é necessária maior intervenção?
Temos propostas para tentar que a mobilidade dentro do território seja mais coesa. Sabemos que há muitas pessoas que têm de pegar no carro para ir ao Hospital de Leiria quando não seria necessário se houvesse uma rede de transportes públicos, que fosse eficiente e servisse a população, facilitando o acesso à saúde.
Um dos grandes problemas prende-se com a saúde, nomeadamente a falta de médicos ao nivel dos cuidados primários. Que soluções preconizam?
Estes problemas têm de ser resolvidos em conjunto com os profissionais de saúde, em que temos de perceber o porquê de não se estarem a fixar neste distrito. Propomos a valorização da profissão, numa tentativa de os fixar no SNS.
Também queremos reforçar os cuidados de saúde primários porque há muita gente sem médico de família. Importante é ainda a questão da saúde mental, com uma grande carência de psicólogos para a população. Esta não afeta só os jovens, mas também os idosos, sobretudo com a solidão, e isso deve de ser acautelado.
É caldense, conhece bem a questão da construção de um novo Hospital para o Oeste. O que defende?
Temos defendido que o equipamento deve estar numa localização que tenha os melhores acessos, não apenas rodovários mas também ferroviários. A localização proposta o não acautela, pelo que gostaríamos que fosse perto da ferrovia, também para a valorizar em termos de utilização.
Qual seria a localização ideal?
Estamos abertos à proposta das Caldas da Rainha, mas também a solução do Bombarral, mas da localização junto da saída para Campelos, por se encontrar mais perto da ferrovia e central o suficiente para as pessoas de toda a região se puderem deslocar.
Que respostas defendem para a habitação?
Uma das nossas bandeiras, para fazer face à falta de habitação e aos preços excessivos, é atingir 10% de habitação pública, para ser mais acessível às pessoas. As cooperativas de habitação também podem ser uma solução para o problema.
Voltando à mobilidade e à Linha do Oeste, que está a ser eletrificada, embora com atraso. Mais vale tarde do que nunca ou este atraso é um problema?
O atraso é realmente um problema. Sabemos que está a ser dado um grande ênfase à ferrovia em todo o país, nomeadamente na construção de uma linha de alta velocidade a ligar Leiria, mas vemos que as linhas periféricas ficam esquecidas.
A Linha do Oeste deve de ser uma prioridade, há um atraso nas obras entre Torres Vedras e as Caldas. Temos de acelerar essas obras e avançar a eletrificação para Norte porque a Linha tem um enorme potencial para servir a população da região, nomeadamente em termos de turismo, mas também do transporte de cargas, com a industria da Marinha Grande, por exemplo.
O atraso das obras é realmente um problema e tem de ser resolvido, tanto para dar resposta à população da região como para a ligação à alta velocidade.
Acredita que é possível eleger um deputado por Leiria?
Neste momento estamos focados em ter melhores resultados do que nas últimas legislativas. Temos andado a fazer um trabalho de base, de tentar motivar as pessoas para se juntarem a nós neste projeto verde e de esquerda aqui no distrito. Esperamos ter melhores resultados que nas últimas eleições e se conseguirmos eleger um deputado ainda melhor.
E quem é a vossa principal oposição?
A principal oposição do LIVRE são as forças não democráticas. É aí que concentramos toda a nossa atenção. Numa democracia os problemas não se resolvem com rancor ou ódio, mas com diálogo entre todos os democratas. O LIVRE tem-se pautado sempre por tentar resolver os problemas através do diálogo com as várias forças politicas.
Esse é um perigo real no distrito?
Sim, poderá ser. Já vimos a eleição de um deputado do Chega nas últimas eleições e é com alguma preocupação que vemos essa tendência de crescimento no distrito. Estamos cá como barreira ao crescimento da extrema direita, apresentando soluções que conseguem melhorar a vida das pessoas.
Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS
Perfil do candidato
Inês Pires, de 28 anos, é natural e residente nas Caldas da Rainha, onde trabalha numa empresa familiar de Contabilidade, ao mesmo tempo que estuda Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lisboa. Juntou-se ao partido LIVRE nas legislativas em 2019, por se rever nos seus princípios da Ecologia, da Esquerda, da Europa e da Liberdade. Integra a direção distrital desde 2021, altura em que foi criado o núcleo territorial de Leiria.
Lista do LIVRE pelo Círculo Eleitoral de Leiria
1 – Inês Pires, 28 anos. Natural das Caldas da Rainha. Formada em Bioquímica e Biologia Molecular e Celular, e está neste momento a estudar Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lisboa. A nível profissional, trabalha na área da contabilidade. Tem estado envolvida no movimento pela justiça climática e defesa do ambiente. Faz parte da Direção Distrital do LIVRE, desde a sua criação em 2021.
2 – Pedro Miguel Santos, 25 anos. Natural de Valado dos Frades, Nazaré. Estudou na Escola Secundária D. Inês de Castro (Alcobaça) e é formado em Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, área que exerce profissionalmente. É número 2 pelo Círculo Eleitoral de Leiria, selecionado por eleição nas primárias abertas do Partido LIVRE, faz parte da direção Distrital de Leiria e da Assembleia do LIVRE.
3 – José Carlos Pereira de Sousa, 30 anos. Natural de Leiria, onde reside atualmente. Formado em Engenharia Mecânica, trabalha na área das construções metálicas. É número 3 pelo Círculo Eleitoral de Leiria, selecionado por eleição nas primárias abertas do Partido LIVRE.
4 – Ana Catarina Bernardes, 26 anos. Natural da Marinha Grande. Formada em Negócios Internacionais pelo Instituto Politécnico de Santarém. Trabalha como Assistente Administrativa em Lisboa, onde reside atualmente, após ter trabalhado como operária fabril e ter estagiado em várias áreas como exportação e gestão da qualidade.
5 – António Paulo Carreira de Almeida, 61 anos. Natural de Lisboa e residente em Porto de Mós. É trabalhador da indústria alimentar, em Peniche. Tem estado ligado ao movimento associativo cultural. É número 5 pelo Círculo Eleitoral de Leiria, selecionado por eleição nas primárias abertas do Partido LIVRE.
6 – Inês Vinagre Filipe, 41 anos. É natural de Coimbra e reside atualmente em Alcobaça. Formada em Psicologia pela Universidade de Coimbra e Universidade do Porto, exerce a profissão de psicóloga.
7 – Fábio Cipriano Ventura, 29 anos. Natural de Carvide, Leiria. É formado em Engenharia Aeronáutica e, a nível profissional, trabalha como Engenheiro de Dados em Lisboa, onde reside atualmente.
8 – Inês Libório, 21 anos. Natural das Caldas da Rainha e residente em Cela-Nova, Alcobaça. É estudante de Psicologia no ISPA, em Lisboa.
9 – Fábio Martins, 44 anos. Natural de Vieira de Leiria, Marinha Grande. É formado em Medicina, exercendo a profissão de médico em Sintra, onde reside atualmente.
10 – Graça Órfão, 63 anos. Reside na Marinha Grande. É licenciada em Direito e atualmente trabalha como Técnica Superior Autárquica.