Um grupo de moradores do Bom Sucesso marcou presença na sessão pública de Câmara de Óbidos, que decorreu no Vau no passado dia 18 de Outubro, e queixou-se que a localidade tem sido esquecida pelo município no que o investimento diz respeito. Os moradores reclamaram, entre outras questões, por melhorias na iluminação e um passeio de ligação entre os bairros 25 e dos Pescadores.

 

António Pereira foi um dos porta-voz dos moradores do Bom Sucesso e começou por reivindicar um passeio que possa ser utilizado por quem se desloca a pé ou de bicicleta entre os bairros 25 e dos Pescadores, assim como iluminação para a mesma zona, por se tratar de um percurso utilizado por muitas pessoas. O assunto, de resto, foi motivo para uma petição entregue na autarquia recentemente.
Este morador no Bom Sucesso disse que, além destas questões, “há ainda muitas coisas que podiam ser melhoradas”. Reconheceu que o município já fez diversas intervenções na localidade, mas que estas pecam por “falta de continuidade” e ofereceu-se para acompanhar responsáveis autárquicos numa visita para elencar todas as necessidades existentes.
Lucinda Saragoça reforçou o pedido de António Pereira e acrescentou a necessidade de ser colocada iluminação na rua da Associação de Moradores, onde as pessoas se encontram, inclusivamente muitas crianças e jovens. Lucinda Saragoça reclamou a falta de limpeza dos matos e de instalações sanitários para a praia do Bom Sucesso Lagoa.
Humberto Marques, presidente da Câmara, começou por agradecer a presença dos munícipes, sublinhando que aquela é a atitude correcta para expor os problemas, “porque nós não sabemos tudo”. O autarca disse já ter recebido e reencaminhado a petição aos serviços para que seja avaliada a construção do caminho pedonal entre os dois bairros, considerando ser “um pedido legítimo”.
O presidente da Câmara adiantou que já houve um projecto para esse tipo de intervenção, “negociado com um fundo de investimento que comprou toda a aquela área por detrás do Bairro 5”. A negociação previa todo o arranjo urbanístico daquela zona, no entanto, o fundo entrou em liquidação e não executou a obra. A autarquia irá solicitar à EDP a iluminação das referidas zonas.
Humberto Marques garantiu que a autarquia não desconsidera aquela zona do concelho, recordando que no passado investiu 2,7 milhões de euros para evitar que o esgoto corresse para a praia, obra que era da responsabilidade do loteador.
Em relação à praia, o autarca contou que só há pouco mais de 10 anos aquele espaço foi consignado como tal no Plano de Ordenamento Costeiro e que desde então a Câmara se tem debatido para lhe dar melhores condições. Foi construído o apoio de praia (o restaurante Rio Cortiço Lagoa), que Humberto Marques lembrou ser um equipamento municipal, embora concessionado a privados. O objectivo é que a praia possa ter todos os apoios e equipamentos e classificações possíveis, incluindo a bandeira azul, mas que o processo é demorado, pelo que não se comprometeu com datas.
Ainda antes do período antes da ordem de trabalhos, questionado pela vereadora Ana Sousa (PS), Humberto Marques informou que o projecto da Praça da Criatividade já tem aprovado o visto prévio do Tribunal de Contas, pelo que o início dos trabalhos poderão começar ainda mês.

LOMBAS E ESTRADAS POR ARRANJAR NO VAU

Frederico Lopes, presidente da Junta de Freguesia do Vau, foi anfitrião desta sessão de Câmara e aproveitou para reivindicar junto do executivo municipal algumas soluções para queixas dos seus fregueses, a começar pela reparação de estradas em más condições.
Humberto Marques explicou que existe um plano para reparar vias de comunicação no concelho, assim como de passeios, no valor de 600 mil euros, mas que a intervenção será realizada a partir dos meses de Abril ou Maio do próximo ano.
O presidente da junta do Vau alertou para a necessidade de colocação de lombas de limitação de velocidade nas estradas das Cavacas e do Barreiro, para aumentar a segurança nessas zonas da sua freguesia. E também para a necessidade de reparar estradas agrícolas danificadas pela construção da rede de rega das Baixas de Óbidos, nomeadamente nas Poisias, onde a estrada “ficou praticamente intransitável no Inverno”.
À questão das lombas, Humberto Marques respondeu que a colocação de lombas não é ideal, “porque descaracteriza” as localidades rurais, no entanto garantiu que, estando em causa a segurança, irá colocar o assunto para apreciação dos técnicos, acrescentando que ficarão abertas outras soluções, como a colocação de semáforos. Em relação às vias danificadas pelas obras da rede de rega, o presidente da Câmara disse que irá contactar o empreiteiro para perceber se é possível restabelecer a normal circulação antes do final da obra.
Frederico Lopes alertou ainda para o roubo de tampas do saneamento no Bom Sucesso e que isso já provocou um acidente com um jovem que circulava de bicicleta e caiu na abertura. José Pereira, vice-presidente da Câmara, agradeceu o alerta e sublinhou que, neste tipo de problema, é essencial que a população passe a informação ao município para que este possa actuar. Esta não é uma questão nova no concelho e José Pereira disse que a solução passou por colocar tampas com fixadores e correntes, o que será também a solução neste caso.
O presidente da junta por agradecer o investimento do município na ecopista e no lavadouro, assim como na requalificação do Jardim Infantil, obra que deverá estar concluída no final deste ano lectivo.

REN ATRASA REVISÃO DO PDM

O processo de revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Óbidos está pendente por questões relativas à Reserva Ecológica Nacional (REN), avançou o vereador Pedro Félix durante a sessão pública de Câmara.
“A carta de reserva ecológica não foi aceite pela APA e o gabinete que temos contratado está a tratar das alterações que foram pedidas para depois seguirmos com o processo, porque sem as questões da REN e da RAN não podemos avançar”, referiu em resposta a Ana Sousa, vereadora do PS. O vereador acrescentou que a carta ecológica já vai na terceira versão, o que se deve às alterações que têm sido feitas na lei.
Questionado se haveria derrapagem nos prazos existentes, o que colocaria em risco a atribuição de fundos comunitários ao município, Pedro Félix disse acreditar que o documento estará em fase de publicação dentro dos nove meses exigidos.
Pedro Félix afirmou que o concelho ficará com um PDM “pior” do que existe actualmente, mas que o município está a fazer “com que não seja tão mau como podia ser”. Humberto Marques acrescentou que o novo plano director poderia já estar finalizado se a autarquia não estivesse a negociar alterações, mas isso teria significado “reduzir áreas urbanas e urbanizáveis em 20% em relação ao PDM actual”.