A Associação Empresarial do concelho de Óbidos, Óbidos.com, apresentou, no passado dia 25 de Maio, o Plano de Marketing e Promoção da Costa Marítima Obidense, que pretende potenciar os produtos da Lagoa através da ligação entre o turismo e actividades piscatórias.
Com um investimento de 38 mil euros, o projecto deverá estar concluído em Abril de 2013 e, entre outras metas, propõe-se criar a marca Lagoa de Óbidos, que certifica os produtos dela obtidos.
Ao final da manhã de sexta-feira, o mariscador Diogo Franco arranjava o marisco que tinha sido pescado na Lagoa de Óbidos. Juntamente com outros colegas, tinha apanhado berbigão, lingueirão, amêijoa e mexilhão, que depois foi cozinhado e degustado pelos participantes na apresentação do projecto da Óbidos.com, a escassos metros da água, no Braço do Bom Sucesso.
Ao lado, em exposição encontravam-se os utensílios e ferramentas que os pescadores usam na sua arte, como os ancinhos, galrichos, caixote de enguias, botas de pescas e o fato de mergulho. São estas experiências e saber da comunidade que a associação empresarial pretende potenciar através de um projecto que ambiciona também permitir-lhes outras fontes de rendimento, através da criação da marca Lagoa de Óbidos, que certificará os produtos de elevada qualidade extraídos daquele ecossistema.
Nuno Mendonça, director do projecto, conta começar a lançar os primeiros produtos no final do verão, destacando que não vão esperar pelo final do trabalho, em Abril de 2013, para o fazer. Contam também envolver a Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar, de Peniche, na investigação dos produtos que eram provenientes da Lagoa, para os tentar “rebuscar”, assim como divulgar os existentes, através de um festival de marisco ou dos produtos da Lagoa.
Trata-se de um investimento de 38 mil euros, candidatado pela ADEPE (Associação para o Desenvolvimento de Peniche) ao programa comunitário PROMAR, que comparticipa com 75% dos custos. O restante será da responsabilidade da Óbidos.Com.
Uma das críticas apresentadas pelos pescadores foi o facto de não serem tidos em conta no processo de tomada de decisão relativamente à Lagoa. Nuno Mendonça destaca que este projecto vai de encontro a essas preocupações, uma vez que a equipa apenas dará o “sustentáculo técnico” para áreas como a certificação de qualidade. O responsável acredita também que este plano poderá ser um “instrumento de pressão para garantir que as dragagens se efectuem também nos braços (da Barrosa e do Bom Sucesso) da Lagoa.
Este projecto tem ainda a mais-valia de, na componente económica, quantificar em quanto se traduz uma intervenção de dragagem numa cabeceira, ajudando a “tornar mais fácil a tomada de decisão”.
Um desses casos de possível rentabilidade foi apresentado por Alberto Jacinto, pescador e vice-presidente da Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos. Trata-se de uma área de 47 hectares “perdida” no meio da Lagoa, chamada Arinho, que os pescadores queriam que fosse desassoreada cerca de um metro para ali poderem produzir bivalves.
“Se produzirmos cinco quilos por metro quadrado (como o prevêem os dados estatísticos), a cinco euros o quilo, é um bom negócio”, defende o pescador, que acredita que desta forma, poderiam ser criados mais 150 postos de trabalho.
O projecto foi apresentado pela associação a diversas entidades, mas obteve o parecer negativo do INAG por considerar que se trata de uma zona muito sensível.
Os pescadores tinham também uma proposta para a remoção dos 500 metros cúbicos de areias, que seria feita a custo zero por uma empresa que depois as levava para utilizar em betuminosos da estrada.
Alberto Jacinto considera que este novo projecto de promoção é “fantástico”, destacando que o mesmo se passa noutros países, em que são dinamizadas várias iniciativas coordenadas por um mesmo operador.
Luís Cajão, presidente da Óbidos.com, destaca a importância de vender as “emoções que Óbidos e a sua envolvência propicia, pois muitas vezes o turista chega e desconhece que há uma lagoa e natureza em estado puro e também o Atlântico”.
No mesmo dia foi assinado um protocolo entre a Obidos.com e a Associação dos Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos em que a primeira lhes dará suporte técnico e apoio e os profissionais, em contrapartida, darão o seu contributo para que o projecto seja sustentado.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt
As actividades têm que proporcionar “qualidade e valor acrescentado”
A criação de uma marca Lagoa, à semelhança da que foi criada para Óbidos, “com sucesso”, foi defendida pelo caldense Paulo Lemos, actual subdirector geral da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que é resultado da fusão de nove organismos na área do ambiente, entre eles as Administrações das Regiões Hidrográficas (ARH) e INAG.
O especialista em ambiente defende que este reorganização permite olhar a Lagoa, não apenas como recurso hídrico, mas como potencial ambiental a explorar de uma forma mais racional e integrada. “Nós existimos para cooperar e não para competir”, disse sobre os diversos organismos, acrescentando que a separação existente era artificial e não tinha razão de ser.
O facto de o INAG integrar a APA não altera em nada o processo de dragagens previsto para aquele ecossistema. De acordo com Paulo Lemos, há contenções orçamentais, mas espera que a segunda fase possa andar para a frente. “Já foi apresentada e estamos a aguardar a decisão em termos de financiamento”, explicou à Gazeta das Caldas.
O responsável, que regressou de Bruxelas em Agosto do ano passado, onde exercia as funções de conselheiro para o Ambiente na REPER- Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia, foi o convidado do último encontro empresarial, que se realizou junto à Lagoa de Óbidos e versava sobre a sua sustentabilidade.
O responsável destacou que actualmente estão a ser construídos projectos de grande qualidade naquela zona, pelo que é necessário responder também com qualidade. “O tipo de actividades que fizermos na lagoa, ao nível do turismo, desportos náuticos ou aquacultura, tem que ser no sentido de proporcionar qualidade e valor acrescentado”, defendeu.
F.F.
Seminário sobre inovação empresarial em Óbidos
A Óbidos.com realiza no próximo dia 5 de Junho, entre as 9h30 e as 17h00, um seminário sobre inovação empresarial. O evento conta com a participação do director executivo do Parque Tecnológico de Óbidos, Filipe Montargil, e o director geral do grupo Riberalves, Bernardo Alves. O responsável da empresa Núcleo Inicial, Nuno Mendonça, e o presidente da Óbidos.com, Luís Cajão, serão os moderadores do encontro, que terá lugar no edifício EPIC, à entrada da vila de Óbidos.
A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição através do tel. e fax 262950194 ou do e-mail obidos.com@gmail.com
F.F.
Algo de muito importante se a equipa trabalhar e não falar demais. Com um budget pequeno é necessário ser mais eficaz e incluir a “base”. Todos os que têm produtos da Lagoa. A abordagem deverá, na minha opinião ser “de baixo para cima”. Não comecemos com Marcas, mas pelo trabalho de base. Se não houver a “certificação” das actividades de base, não há certificação do destino nem Marca.