PCP quer defender trabalhadores e produtores de vinho do Cadaval

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Gazeta das Caldas - PCP
Jerónimo de Sousa inaugurou o centro de trabalho do PCP no Cadaval e fez um discurso com enfoque na defesa dos agricultores e produtores de vinho

Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, quer que os comunistas defendam os trabalhadores do Cadaval, com especial foco nos agricultores e produtores de vinho. Os comunistas querem também ampliar o seu poder através do aumento do número de militantes. Estas foram algumas das ideias defendidas na inauguração do novo centro de trabalho do PCP no Cadaval, na tarde de domingo, 11 de Fevereiro.

“Os poderosos não receiam a luta, temem é a luta organizada, por isso este centro de trabalho tem a responsabilidade de discutir colectivamente os problemas do concelho, dos trabalhadores, dos agricultores e produtores de vinho”, disse Jerónimo de Sousa, secretário geral do PCP, na inauguração do novo centro de trabalho do partido no Cadaval, na tarde de domingo, 11 de Fevereiro.
As condições laborais estão sempre na agenda do PCP. Jerónimo de Sousa falou da caducidade dos contratos colectivos de trabalho, que se traduz numa “arma poderosa de chantagem” para o patronato e defendeu um aumento dos salários e a reposição dos dias de férias e das 35 horas semanais.
Os rectroactivos dos descongelamentos das progressões nas carreiras dos trabalhadores da função pública, que há nove anos não recebem aumentos, são também uma prioridade para os comunistas. Outra, é a protecção social com o apoio a pensionistas e desempregados.
Como estava no Cadaval, Jerónimo de Sousa reconheceu que o seu partido não tem uma grande expressão neste concelho e recordou as “grandes dificuldades, em que muitas vezes quase apetecia desistir”. Mas salientou que paulatinamente o PCP tem vindo a crescer no Cadaval onde tem ainda muito potencial.
Nas últimas eleições autárquicas o PCP conseguiu mais 44 votos do que em 2013. Antes, de 2009 para 2013, os comunistas haviam perdido 35 votos (de 395 em 2009 para 360 em 2013).
A fase actual do partido, que procura recrutar militantes a nível nacional para assegurar o futuro e passar a ter maior poder de intervenção, também foi abordada.
O secretário-geral do PCP respondeu a Assunção Cristas, que havia acusado as esquerdas unidas de não protegerem os idosos por terem chumbado a proposta centrista de criminalização dos maus tratos e abandono de idosos. “Ela devia ter alguma seriedade a falar de uma coisa tão séria”, afirmou o comunista, acrescentando que “o mesmo governo que congelou e cortou pensões, reformas e apoios sociais vem agora armado em moralista”.
Jerónimo de Sousa recordou o aumento “extraordinário” das pensões e reformas que foi feito neste mandato por proposta do PCP. Mostrou-se também “surpreendido” com a “disponibilidade revolucionária” mostrada por Carlos Silva, da UGT, que não afastou o cenário de novas greves.
Ricardo Miguel, líder da comissão concelhia, definiu o centro de trabalho do PCP do Cadaval como “indispensável” e “vital” e revelou que demorou dois meses a ficar funcional.

UMA ANTIGA SAPATARIA

O novo centro de trabalho, no número 57 da Rua D. Fernando,  fica situado perto do antigo, num espaço que outrora foi uma sapataria. Na mesma rua localiza-se a sede do PSD.
Enquanto esperavam a chegada do secretário-geral, os cerca de 50 apoiantes visitaram o centro de trabalho. “É um espaço pequeno”, diziam alguns camaradas. “Aconchegante”, corrigiram outros. A maioria concordou em elogiar a localização.
Lá dentro, onde decorrem os discursos, encontramos uma sala, uma cozinha e uma casa de banho. Pendurados nas paredes da sala, ao fundo e virados para a porta, vemos dois retratos: Karl Marx e Lenine.

“É preciso outra política de saúde que o governo PS recusa concretizar”

Jerónimo Sousa defende que os centros de saúde devem ser organizados por concelhos “em detrimento de mega agrupamentos de centros de saúde”. Além disso, são necessários mais meios financeiros e mais profissionais.
O caminho passa, segundo os comunistas, por um maior investimento público, recusando o favorecimento dos grupos privados de saúde. “Não bastou afastar PSD e CDS do governo, é preciso outra política de saúde que o governo PS tarda ou recusa concretizar”, afimou.
Sobre o Cadaval, Jerónimo de Sousa identificou várias lacunas na prestação dos cuidados de saúde, como a redução do serviço, dos meios e dos horários e o encerramento das extensões.

Linha do Oeste electrificada

Além da saúde, Gazeta das Caldas questionou o secretário geral do PCP acerca da Linha do Oeste, que Jerónimo de Sousa considera que deve ser modernizada e electrificada, tanto a norte como a sul das Caldas, no âmbito do Plano Ferroviário Nacional.
Os comunistas defendem ainda a “reabertura de estações com pessoal ferroviário que possa dar assistência a passageiros e a instalação em todas as paragens de um sistema de informação electrónico de horários e de eventuais alterações aos serviços”.
Além disso, na óptica do PCP, é necessária uma “reanálise do Plano Estratégico de Investimentos em Infraestruturas em Ferrovia – 2020”.
Jerónimo de Sousa (ou alguém do seu staff) fez estas declarações por escrito à Gazeta das Caldas porque após a inauguração do centro de trabalho do Cadaval, o secretário-geral falou aos jornalistas, tendo respondido à RTP e Lusa.
O nosso jornal tentou questioná-lo de seguida, já no interior do centro de trabalho, mas o político e a sua assessoria não responderam de imediato, referindo que o momento para as declarações já tinha passado. Após insistência da Gazeta das Caldas, ficou acordado que as respostas chegariam mais tarde por escrito, o que veio a acontecer.