PS faz história ao vencer pela primeira vez no distrito

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Com exceção de Alcobaça, onde o PSD repetiu a vitória de 2019, socialistas foram a força política mais votada nos concelhos do Oeste Norte e venceram o distrito de Leiria. Chega “roubou” deputado ao BE

O PS fez história no passado domingo, ao vencer, pela primeira vez, eleições legislativas no círculo eleitoral de Leiria. E ganhou pela segunda vez no concelho das Caldas da Rainha. O Chega foi outro dos vencedores da noite eleitoral, ao conseguir eleger um deputado, que acabou por conquistar ao Bloco de Esquerda.
Meses depois de registarem o pior resultado de sempre em autárquicas, com a eleição de apenas um vereador, os socialistas recolheram 36,56% (9.068 votos) nas Caldas, superando largamente o PSD, que, apesar de uma ligeira subida de votação, se quedou pelos 32,25% (7.999 votos) num concelho historicamente favorável e onde tinha vencido todas as eleições legislativas, com exceção de 2005.
Os social-democratas venceram nas freguesias de Alvorninha, Carvalhal Benfeito, Landal, Nadadouro, Santa Catarina e Vidais, mas o PS foi a força mais votada nas restantes freguesias, ganhando de forma mais expressiva numa das duas freguesias da cidade: Santo Onofre e Serra do Bouro,
A terceira força política nas Caldas passou a ser o Chega, com 8,06% (2.000 votos), mais do que triplicando a votação das autárquicas de setembro e ajudando, dessa forma, à eleição de Gabriel Mithá Ribeiro, vice-presidente do partido de André Ventura, para o Parlamento.
Com 5,54% (1.373 votos), o Bloco de Esquerda caiu para quarta força política no concelho, tendo perdido quase metade da votação de 2019 (2.539 votos), ao passo que a Iniciativa Liberal, com 5,50 % (1.365 votos) registou uma subida acentuada, dado que nas últimas legislativas não tinha ido além dos 222 votos.
Com tendência de quebra no concelho estão duas forças políticas que, aliás, perderam representação autárquica nas Caldas em setembro: a CDU, que obteve 3,04% (754 votos), abaixo do que tinha obtido em 2019, e o CDS-PP, que registou 2,10% (521 votos), tendo perdido mais de metade do eleitorado.
No concelho de Óbidos, o PS conseguiu reforçar a vitória obtida nas últimas legislativas, com 40,41% (2.453 votos). Os socialistas viram, assim, reforçada a votação de 2019, quando obtiveram 1.572 votos (35,69%).
O PSD não foi além dos 30,80% (1.870 votos), uma subida de quase dois pontos percentuais em relação às ultimas legislativas, embora perdendo por uma margem maior.
O Chega ocupou o terceiro lugar, com 8,37% (508 votos). O BE, com 4,68% (284 votos), ficou em quarta posição, seguido de perto da Iniciativa Liberal, que obteve 4,41% (268 votos).
No que respeita às freguesias, os socialistas foram dominadores em quase todo o concelho, tendo o PSD vencido apenas na Usseira e no Vau.

 

 

 

 

 

 

Alcobaça foi a exceção

No Oeste Norte, apenas um concelho deu a vitória aos social-democratas: Alcobaça. Naquele município, o PSD venceu, mas à tangente, com uma diferença de 254 votos, dado que recolheu 35,93% (10.436 votos) no concelho, contra os 35,06% (10.182 votos) do PS. Também neste caso, além da subida do PS (obteve mais 1.662 votos), também o PSD subiu a votação (mais 832 votos).
Tal como já tinha sucedido nas eleições autárquicas, o Chega afirmou-se como a terceira força política em Alcobaça, com 8,43% (2.447 votos), à frente do IL, com 5,12% (1.486 votos), do BE, com 3,94% (1.144 votos), do CDS-PP, com 2,72% (791 votos), e do PAN, com 1,18% (342 votos).
Nos restantes concelhos da região, o PS averbou vitórias expressivas: em Peniche, com 43,07% (5.353 votos), contra os 24,79% (3.081 votos) do PSD, com o Chega a atingir os 9,80% (1.218 votos); no Bombarral, com 41,49% (2.651 votos), perante os 28,91% (1.847 votos) do PSD, e também com o Chega no “pódio”, com 7,76% (496 votos); na Nazaré, com 44,94% (3.077 votos), enquanto os social-democratas obtiveram 24,13% (1.652 votos) e o Chega 7,96% (545 votos); e no Cadaval, já no distrito de Lisboa, o cenário também se repetiu, com os socialistas a somarem 43,23% (2.936 votos), contra os 29,96% (2.035 votos) do PSD e os 8,29% (563 votos) do Chega.

Chega elege deputado
No que concerne ao círculo eleitoral de Leiria, o PS “pintou” o distrito de rosa. Os socialistas registaram uma vitória histórica, com 35,73% (84.253 votos), que permite a eleição de cinco deputados, invertendo o resultado das eleições passadas de um distrito que tem sido um dos bastiões do PSD.
António Sales, Eurico Brilhante Dias, Catarina Sarmento Castro, Sara Velez e Salvador Formiga são, deste modo, os deputados do PS pelo círculo eleitoral de Leiria, enquanto o PSD, que recolheu 34,68% (81.778 votos), elegeu quatro: Paulo Mota Pinto, Hugo Oliveira, Olga Silvestre e João Marques.
Uma das grandes novidades é a eleição de Gabriel Mithá Ribeiro pelo Chega, partido que se afirma como a terceira força no distrito, com 8,02% (18.918 votos), e “roubando” o deputado que era do Bloco de Esquerda na anterior legislatura.
O BE teve 4,54% (10.711 votos) e foi a quinta força, enquanto que a IL teve 5,26% (12.400 votos) e foi a quarta força politica. Por seu turno, a CDU obteve 3,11% (7.340 votos) da votação no distrito, o CDS-PP 2,05% (4.834 votos) e o PAN 1,31% (3.090 votos).
Na lista de deputados eleitos por Leiria há dois estreantes no hemiciclo: Salvador Formiga, que era chefe de gabinete de Walter Chicharro na Câmara da Nazaré; e Gabriel Mithá Ribeiro, vice-presidente do Chega.
O Bloco de Esquerda, que em 2015 e 2019 tinha conseguido eleger Ricardo Vicente, volta a perder representação na Assembleia da República, depois de passar de terceira para quinta força política no distrito: os bloquistas não foram além dos 10.711 votos, menos de metade do que tinham registado há dois anos (20.925 votos).
Também o CDS-PP perdeu mais de metade do eleitorado, dado que há dois anos tinha somado 11.905 votos e, desta feita, se quedou pelos 4.834 votos no distrito.

Votação sobe
Além da penalização sofrida pelo BE e pela CDU no distrito e da transferência de votação para o PS, há outros dois fatores a ter em linha de conta nos resultados eleitorais do passado domingo: a afluência às urnas no distrito de Leiria subiu de forma acentuada, dado que votaram 235.781 eleitores, mais 12.149 do que em 2019; e nas anteriores legislativas tinham sido registados 8.202 votos brancos e 5.152 votos nulos no círculo eleitoral de Leiria, enquanto desta feita os brancos baixaram para os 3.809 e os nulos caíram para os 2.685. Ou seja, no colégio eleitoral houve mais 6.860 eleitores que decidiram votar em partidos nestas eleições. ■