
O projecto para a construção de um hotel de cinco estrelas nos Pavilhões do Parque foi aprovado na sessão de câmara de 18 de Novembro, com o voto favorável também dos vereadores do PS ( e não abstenção como foi por lapso escrito na edição em papel). Luís Patacho e Jaime Neto defendem que a entrada do hotel deverá ser feita pela “parada” e não pelo Céu de Vidro, assim como a utilização de outros materiais, mais leves, nos novos edifícios a criar.
O Montebelo Bordallo Pinheiro Hotel, a construir pelo grupo Visabeira, compreende um investimento estimado de 15 milhões de euros e a reabilitação dos edifícios centenários.
Apesar de reconhecer o interesse da implementação de um hotel de cinco estrelas nos pavilhões do Parque para o futuro do turismo regional, o PS caldense tem sido crítico em relação a alguns aspectos do projecto de arquitectura apresentado pelo grupo Visabeira. “O projecto deve ser muito rigoroso e de elevada qualidade, atento ao espaço sensível e tão simbólico em que se enquadra”, defenderam os vereadores Luís Patacho e Jaime Neto, numa conversa com jornalistas que promoveram no passado dia 16 de Novembro.
Desde o ante-projecto à actual versão “foi possível reverter” alguns aspectos que os vereadores socialistas consideravam negativos, como a intenção de construir um parque de estacionamento subterrâneo, alterando a localização para a zona da parada. Também houve um recuo relativamente à área de implantação inicialmente prevista para a antiga Casa da Cultura e a desistência de construção de um piso superior no mesmo edifício.
Os socialistas congratulam-se também com a desistência do promotor em fechar o Céu de Vidro ao público e consideram que o projecto teve melhorias na ligação entre o Céu de Vidro e o pavilhão mais próximo, tendo em conta que o “cubo” previsto mantém-se mas passou a ser envidraçado na sua parte inferior. A versão actual também apresenta uma volumetria e cércea mais baixas para o novo edifício a construir onde foi o Salão Ibéria.
Contudo, os vereadores socialistas entendem que há outras soluções a ser equacionadas e sugerem a entrada do hotel pela antiga “parada”, ao invés do Céu de Vidro. De acordo com Jaime Neto, esta seria uma oportunidade “estratégica” para articular melhor o Parque e a Mata, que no conjunto contemplam uma área superior a 43 hectares, fazendo um grande parque urbano. “As pessoas quando estão de férias gostam de andar e é fundamental termos na cidade algumas rotas e espaços de passeio”, defendeu o vereador.
Jaime Neto exemplificou com outros parques existentes, como os Jardins du Luxemborg (Paris), com 28,2 hectares, e os Jardins de Serralves, com 21,3 hectares, para justificar a questão de escala do Parque D. Carlos I e a Mata Rainha D. Leonor como uma unidade para valorizar uma cidade, que querem virada para o lazer, bem estar e saúde.
Ainda que venham a manter a entrada através da ligação entre o Céu de Vidro e os pavilhões, os vereadores entendem que esta não deveria impedir a passagem de pessoas entre esses dois edifícios, eliminando a entrada no Parque junto ao Balneário Novo. Por outro lado, Luís Patacho e Jaime Neto defendem que os materiais a utilizar nos espaços a construir deveriam também ser mais transparentes e não opacos, como apresentado na proposta arquitectónica. “Os materiais do novo edifício a implantar na zona do antigo Salão Ibéria deveriam ser mais leves e alguns parcialmente reflectores, como o vidro, beneficiando do enquadramento paisagístico do parque”, disse o vereador para quem não faz sentido a existência de metros quadrados de betão pintado.
Falta de planeamento da Câmara
O vereadores socialistas reconhecem que a construção de um hotel de cinco estrelas irá alterar o comércio, aumentando a sua qualidade. “Numa cidade que já tem um excesso de competição entre hipermercados é fundamental que o comércio caldense se especialize, requalifique e invista na sua componente electrónica”, consideram os vereadores que contam apresentar algumas propostas para modernizar e valorizar o comércio ainda durante o actual mandato.
Luís Patacho e Jaime Neto criticaram ainda o atraso no processo de requalificação dos pavilhões e apontam o dedo à Câmara pela falta de planeamento, sobretudo a inexistência de um plano de pormenor para o centro histórico. A falta deste documento levou a que tivesse que ser feita uma alteração ao PDM que veio possibilitar a criação de novos pisos intermédios nos pavilhões e que as construções de apoio que venham a ser propostas não excedam em mais de 20% a volumetria dos pavilhões.
“Se o plano de pormenor do centro histórico estivesse aprovado nada disso teria acontecido e teríamos poupado, no mínimo, entre seis a oito meses”, salientou Luís Patacho.
Os vereadores denunciam ainda a falta de articulação deste empreendimento com as termas. “É pena que a proposta da câmara para as termas seja pelos mínimos. São umas termas minimalistas com pouco mais de mil aquistas por ano, quando tínhamos potencial para multiplicar por muitas vezes o número de aquistas”, disse Luís Patacho, defendendo uma visão mais abrangente para o termalismo caldense.