“Regressámos por causa do Brexit”, diz casal de caldenses

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Pedro Madruga e Susana Gonçalves junto ao Big Ben. Os caldenses deixaram de se sentir bem na capital inglesa | DR
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O casal caldense Susana Gonçalves e Pedro Madruga, 44 e 45 anos, são um casal caldense. Viveram 10 e três anos em terras de sua Majestade, respectivamente. Ela foi SAP Finance Lead na GSK e ele Sales Executive na Honda e assim que o Brexit ganhou, decidiram regressar a Portugal .

À Gazeta das Caldas contaram que a campanha a favor da saída da UE era “mais agressiva e xenófoba”. Afirmava-se que o Reino Unido só perdia por pertencer à UE pois “tinha que pagar os regastes dos “preguiçosos” da Europa do Sul que só pensam na siesta”. Diziam que os ingleses “davam demasiado dinheiro (300 milhões de libras por dia) para pertencer ao grupo europeu”, sem qualquer contrapartida tendo ainda defendido que esse dinheiro “seria melhor aproveitado se aplicado no sistema de saúde nacional”. A campanha clamava que quem emigravam para o Reino Unido “só para aproveitar os benefícios sociais e viver dos subsídios, entre outros disparates ofensivos para connosco”, explicou o casal.
Por outro lado, a campanha da permanência na UE tentava explicar que “nada daquilo era verdade”, que havia benefícios de contrapartida, mas “como tinham uma atitude menos aguerrida, nem sequer os media lhes davam tanta atenção”, acrescentaram os caldenses.
Sair da UE acabou por ganhar “pelas piores razões”. Susana e Pedro acham que a vitória do Brexit se ficou a dever “a muitas pessoas do interior, com menos qualificações literárias e que acreditaram naqueles argumentos”. Somaram-se os votos de pessoas “de mais idade que ainda sonham com o regresso do Império Britânico” e também da comunidade da Commonwealth, residente no Reino Unido, que votaram na saída pois “viram nisto uma oportunidade de criar emprego para os amigos e família que tinham ficado na Índia, Paquistão, ou África do Sul”.
A extrema-direita inglesa, que apoiou a saída da UE, “viu no resultado do referendo uma legalização da xenofobia e começaram os primeiros problemas”, disseram.

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“A siesta e o futebol”

Susana Gonçalves ainda ouviu um ou outro comentário xenófobo do tipo “que eu estava a roubar um trabalho a um inglês”. Perguntavam-lhe se no seu país era mesmo verdade que se fazia a “siesta” (sesta), entre outras provocações. E ela respondia que em Portugal “não se fazem “siestas”, que jogamos futebol nas pausas do trabalho” e, por isso, ‘somos campeões da Europa e temos o melhor jogador do mundo”, contou Susana Gonçalves, que aprendeu a responder à letra aos ingleses no que diz respeito a questões futebolísticas.
Pedro Madruga ouviu menos coisas deste género pois na Honda “trabalha-se em ambiente muito mais internacional do que o meu”. A parte pior que o casal recorda foi o de andar na rua depois do referendo e “sentirmo-nos observados por pessoas que tão depressa nos olhavam com um ar de “somos do mesmo clube” ou com um ar de “vão-se embora, já não são bem-vindos!”.
Logo a seguir ao referendo, o ambiente nas ruas passou a ser tenso, “mas como já tínhamos decidido vir embora, estávamos tristes mas contentes com o regresso… Era um misto de emoções difícil de explicar…”, disseram os caldenses. Já conseguiram empregos, cada um na sua área e, apesar de ganharem menos “vive-se mais feliz”.

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Pedro Madruga e Susana Gonçalves de regresso a Portugal com a bagagem onde guardam as memórias de vários anos de trabalho em Londres |DR
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