A reversão poderá acontecer tendo em conta a “quantidade de atropelos e inconsistências nesse processo”, consideram socialistas caldenses
A entrada em funções de um novo governo abre a possibilidade de revisão sobre a decisão da localização do novo Hospital do Oeste, acreditam os socialistas caldenses Delfim Azevedo, Luís Filipe, Nuno Anjos e José Ribeiro, que enviaram uma carta ao primeiro-ministro, ministra da Saúde, ministro Adjunto e da Coesão Territorial e deputados na Assembleia da República.
Na missiva, intitulada “Oeste e agora?” referem que o novo governo tem a “oportunidade de fazer justiça e reapreciar todo o processo de decisão do novo hospital do Oeste, afastando-se dos interesses que levaram o anterior governo a tomar decisões erradas e que muito nos custam devido à proximidade política que a esse governo anterior temos”. Defendem a correção de “decisões erradas, impopulares e que escolha do Casal do Urmal para o novo hospital foi uma bandeira do governo do Partido Socialista”, que foi “defendida por diversos autarcas socialistas da região, para os quais uma localização mais próxima de si seria interessante”. Explicam que Torres Vedras “aparentemente” quer o hospital público fora do concelho, uma vez que já possui diversas unidades de saúde privadas e terá uma extensão da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, ao passo que as Caldas se vê privada de um hospital público, sem qualquer alternativa minimamente à altura”. Já nas “Câmaras de Rio Maior e de Óbidos, sente-se a revolta e o inconformismo com a decisão de afastar a saúde das populações”, concretizam.
Lembram a história e tradição caldense ligada à saúde e falam de “interesses particulares que beneficiarão da despesa de centenas de milhões de euros públicos num local distante dos centros urbanos”, se a construção decorrer no concelho do Bombarral, “num local que ainda não tem essas infraestruturas como no Urmal”.
São criticados os critérios utilizados para a escolha da localização por parte do estudo inicial da OesteCIM, bem como do grupo escolhido pelo Ministério da Saúde, e liderado por Ana Jorge, reforçando que a “construção de um hospital mais a sul de Leiria, em Caldas da Rainha, beneficiará a coesão territorial de todo o Oeste”.
Os signatários da carta pedem aos novos decisores para estudarem qual a melhor solução para a população da região, “não estando presos aos interesses de políticos menores, nem de alguns eventuais interesses com influência política”. Solicitam a criação de uma nova comissão/grupo de trabalho, sob a alçada do atual Ministério da Saúde para “determinar critérios adequados” para o estudo da localização das novas unidades de saúde, fazendo notar que no Oeste norte está a população “comprovadamente mais desfavorecida em cuidados de saúde”.
Caldas, Óbidos e Rio Maior
Também na última Assembleia Municipal, de 29 de abril, o antigo presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, defendeu que a autarquia terá de reunir, o quanto antes, com a nova ministra da Saúde. No entanto, entende que a Câmara das Caldas deve de ir acompanhada das de Óbidos e de Rio Maior, “que têm uma visão completamente diferente da que o estudo preconiza, da construção do hospital no Bombarral”. O antigo autarca lembrou ainda que, além dos deputados eleitos, das Caldas e de Óbidos, os candidatos da Iniciativa Liberal e LIVRE, pelo círculo de Leiria (e cujos partidos estão representados no Parlamento), também defenderam o hospital nas Caldas e também deverão integrar a delegação. “É preciso levar uma posição firme e bem estruturada”, salientou Fernando Costa, para quem a solução passa pela existência de duas unidades hospitalares no Oeste, uma localizada em Torres Vedras e outra nas Caldas.
O presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, já enviou um pedido para reunião à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e aguarda resposta. A governante foi também convidada, pelo executivo para estar presente nas celebrações das Festas da Cidade, a 15 de maio, mas ainda não confirmou a presença. ■