A defesa da requalificação e valorização do hospital das Caldas foi assumida como uma das missões deste mandato por Tinta Ferreira na cerimónia da tomada de posse do novo executivo, que decorreu no passado dia 16 de Outubro. O autarca defendeu que é necessário avançar com as obras, sem prejuízo da construção de um novo hospital, que deverá ficar também localizado nas Caldas.
Tinta Ferreira falou dos desafios para os próximos anos e salientou que a maioria social-democrata continuará a consultar a oposição, “em especial a que tiver uma postura construtiva”, assim como a ouvir os cidadãos.
“Não é possível servir socialmente a comunidade e promover a actividade económica do concelho sem uma saúde hospitalar de qualidade”, considera Tinta Ferreira, que irá bater-se, durante o mandato que agora começa pela requalificação do hospital caldense. O autarca reclama mais meios humanos e equipamentos, as obras de remodelação das urgências e aumento do número de camas. E deixa no ar a pergunta: “se o ministro das Finanças considera que a palavra austeridade não faz parte do léxico actual, então porque não há dinheiro para o hospital das Caldas?”
Tinta Ferreira disse ainda que a intervenção “urgente” deve ser concretizada sem prejuízo da construção de um novo hospital que, no seu entender, “só pode ser nas Caldas”.
Durante a cerimónia da tomada de posse, Tinta Ferreira referiu também que o executivo poderá vir a ser confrontado com dois desafios que irão obrigar a uma reflexão profunda: a criação de uma nova região que junta o Oeste com a Lezíria e o Médio Tejo, e a descentralização de competências do Estado para as autarquias.
Referindo-se à descentralização de competências, o autarca assume que sempre que o governo tomou estas iniciativas os municípios ficaram a perder e alerta para o facto de poder ser um presente envenenado, com a Administração Central a “sacudir a água do capote nos assuntos mais difíceis e sem os meios adequados”.
O autarca mostra-se favorável à transferências de novas competências desde que sejam alocados os respectivos meios financeiros. Caso seja uma imposição legislativa, alerta que o município poderá ter que se focar na missão de receber essas competências, ao invés de se dedicar a outros projectos de desenvolvimento económico, requalificações e de valorização das artes e cultura.
Tinta Ferreira quer também melhorar a capacidade de resposta dos serviços da autarquia, com a contratação de mais recursos humanos e aposta na formação profissional, assim como com a aquisição de novos equipamentos e máquinas.
O autarca disse ainda que a maioria social-democrata continuará consultar a oposição, “em especial a que tiver uma postura construtiva”, assim como a ouvir os cidadãos.
A palavra aos partidos
Convidadas as várias forças políticas a intervir, Fernando Sousa, reeleito presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, agora pelo Movimento Independente da Foz do Arelho, foi o primeiro a fazê-lo. Perante uma sala repleta, o autarca – sobre o qual recaem suspeitas de gestão danosa e desvio de dinheiros – disse ter tido um mandato algo conturbado, mas que está “isento de culpas”. Decidiu recandidatar-se para “provar algumas coisas que não eram bem claras” e garante que irá “cumprir na íntegra, com a maior honestidade possível, o mandato”.
Já José Carlos Faria, que foi candidato da CDU à Câmara, falou da “inconsistência e fragilidade” dos planos delineados para o Hospital Termal, nomeadamente com o projecto apresentado para os Pavilhões do Parque, que considera um “atentado patrimonial”. O dirigente comunista referiu-se ainda à degradação do tecido urbano, à caótica situação do CHO, e sobretudo do Hospital das Caldas, à inacção na Lagoa de Óbidos e à querela que se arrasta com os trabalhadores dos serviços municipalizados.
Carla Jorge, eleita pelo BE para a Assembleia Municipal, apelou aos caldenses para acompanharem os trabalhos deste órgão e que lhes levem os seus problemas. A também representante do movimento Precários do CHO garantiu que pretende ser uma voz activa pelos direitos de todos os utentes do Hospital das Caldas da Rainha e considera que “não é admissível” que a qualidade dos serviços continue a degradar-se por falta de investimento público. Quer também lutar pela regularização de todos os trabalhadores precários que trabalham na autarquia.
Carla Jorge deixou ainda propostas para a criação de uma plataforma digital para transmissão directa e arquivo das Assembleias Municipais, o aumento do valor do Orçamento Participativo, reforço da rede pública de creches e criação de apoio às famílias nas férias escolares, entre outras.
O centrista Manuel Isaac volta à Assembleia Municipal, juntamente com o ex-deputado, Duarte Nuno. “Somos velhos conhecidos daquela casa e já sabem ao que vimos e o que defendemos”, disse Manuel Isaac, acrescentando que nos próximos quatro anos irão lutar pela implementação das suas ideias.
O candidato do PS à Câmara, e actual vereador, Luís Patacho, falou em representação do PS e lembrou as ideias defendidas no seu programa eleitoral. Garantiu que serão uma oposição “atenta, empenhada, firme, com sentido de responsabilidade, mas também de iniciativa”, para, acrescentou, tenham “uma Câmara com mais acção e mais planeamento, incluindo intermunicipal, mais transparência e mais investimento”.
Luís Patacho quer uma autarquia que “não se baste com contas sustentáveis” e defendeu a existência de recursos alocados à higiene urbana, ambiente, promoção do turismo e cultura. Falou ainda dos problemas estruturantes que é necessário resolver para alavancar o desenvolvimento do concelho, como é o caso do termalismo, Lagoa de Óbidos, Linha do Oeste e o novo hospital.
O ex-vereador Alberto Pereira, que agora voltou para a Assembleia Municipal, congratulou-se com os resultados obtidos pelo PSD nas eleições. Uma vitória que, na sua opinião, traz à maioria uma “maior responsabilidade em cumprir o que prometeu”.
Alberto Pereira referiu ainda que, olhando para os vários programas eleitorais, encontra mais pontos em comum do que divergências.
Os novos pelouros
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, estará à frente das Obras Públicas e Particulares, Recursos Humanos, Planeamento, Fundos Comunitários, Desenvolvimento Económico e Novas Tecnologias.
Já o vice-presidente, Hugo Oliveira, terá à sua responsabilidade os pelouros da Reabilitação Urbana, Mobilidade, Inteligência Urbana, Turismo e Higiene Urbana.
A vereadora Maria da Conceição Pereira, que continuará a ocupar a vereação a meio tempo, ficará responsável pela Cultura, Acção Social e Saúde. Estará ainda envolvida no projecto de candidatura das Caldas a Cidade Cerâmica.
A vereadora Maria João Domingos terá os pelouros da Educação, Ambiente, Cemitérios e Orçamento Participativo, enquanto que o vereador Pedro Raposo terá a seu cargo as áreas do Desporto, Juventude, Abastecimento Público/Mercados, Contra-Ordenações e Espaços Verdes. F.F.