Todos os partidos contra fecho da linha do Oeste

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Da esquerda à direita, todos os partidos políticos com estruturas distritais em Leiria garantem estar totalmente em desacordo com a decisão do governo de pôr um fim ao transporte de passageiros em comboio entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz.

Numa rara unanimidade as distritais do BE, CDS/PP, PCP, PS e PSD estão todas de acordo – tal como em Janeiro de 2010 quando foi lançada uma petição assinada por todos os partidas – e agora contestam uma medida que vem deitar por terra todas as promessas e esperanças de a região ser servida por uma ferrovia modernizada, com comboios confortáveis e horários que realmente satisfaçam as necessidades das populações.

 

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BE aponta “crime” económico e ambiental

“Estivemos desde o princípio no movimento para reabilitar a linha do Oeste”. Quem o diz é José Peixoto, coordenador distrital do Bloco de Esquerda, que garante que a posição do partido se mantém a mesma.

Para o responsável, o fim do serviço de passageiros entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz “é um crime a nível económico e a nível ambiental”, cometido “de acordo com interesses instalados”. Um crime ainda mais grave, tendo em conta que “grande parte do distrito de Leiria vai ficar sem ferrovia para passageiros”. José Peixoto considera que “a linha do Oeste continua muito mal tratada” e se não há passageiros, é “porque foram suprimindo comboios e abandonaram a linha”.
A distrital do BE já emitiu um comunicado onde diz que a consumar-se a intenção do governo, “a mesma constitui uma perda irreparável, não só para as populações dos concelhos do distrito, como para todos os utilizadores daquela linha”, que ficam privados de um meio de transporte “económico”, sobretudo numa altura em que os constrangimentos económicos são muitos. O comunicado aponta ainda a “degradação permanente” a que a linha foi votada e dá conta de uma distrital surpreendida “pelo facto dos partidos que agora vêm anunciar a morte da linha do Oeste terem sido os mesmos que juntamente com outras forças sociais e políticas assinaram, em 2010, uma petição em  defesa da requalificação da linha do Oeste”, nomeando especificamente Assunção Cristas e Teresa Morais.
“Confirma-se assim o que sempre acontece aos partidos do chamado ‘arco da governação’, que é de dizerem uma coisa quando estão na oposição, e fazerem exactamente o seu contrário quando vão parar ao governo”, diz o documento.

CDS-PP diz que “a linha do Oeste é para defender”

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Manuel Isaac, presidente da distrital do CDS-PP, garante que “a linha do Oeste é para defender”. Lembrando que já antes participou em diversas iniciativas em defesa da linha e que por diversas vezes reclamou a rua requalificação, o também deputado na Assembleia da República é claro: “Não vou mudar de opinião só porque o meu partido faz parte do governo”. O mesmo governo que o deputado promete questionar acerca desta medida.
Para o caldense, “tem que se fazer um estudo onde se perceba o porquê da linha do Oeste perder passageiros nestes últimos anos”. Mas arrisca desde já uma resposta: “não tenho dúvidas nenhumas de que foram os horários”. Manuel Isaac diz ainda que acredita que nesta decisão, “o lobby rodoviário teve muita força”.

PCP reitera que “requalificação é imperiosa”

É em comunicado que a Organização Regional de Leiria do PCP toma posição sobre o que diz ser “uma machadada muito séria na requalificação e modernização da linha do Oeste há muito ambicionadas e defendidas por todos aqueles que defendem o desenvolvimento da

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Vítor Fernandes (PCP): “na oposição promete-se e defende-se uma coisa e no Governo faz-se outra”

Região Oeste e a melhoria das condições de vida das suas populações, entre eles o PCP”.
Lembrando que muitos dos que hoje estão no governo ainda há meses defendiam a requalificação da linha, o PCP considera que “na oposição promete-se e defende-se uma coisa e no Governo faz-se outra. São assim os partidos da política de direita que nos governam há mais de 30 anos”.
A posição da estrutura distrital do partido continua a mesma: “a requalificação da Linha do Oeste é imperiosa, pelas implicações positivas que trará do ponto de vista económico, social e ambiental nesta região”, porque só isso significa a “criação de mais-valias económicas decorrentes de um natural aumento do número de passageiros e mercadorias transportados”, bem como um “maior bem-estar para as populações que teriam à disposição um meio de transporte mais eficaz, confortável e mais barato”. A redução da poluição e do tráfego rodoviário são outras vantagens associadas à melhoria da ferrovia.
“Queremos a requalificação e modernização da Linha do Oeste, material circulante moderno, estruturas de apoio novas, horários e preços de exploração que sirvam os utentes”, reclamam os comunistas, que prometem colaborar com todos os que defenderem a linha, “para que esta tenha futuro e seja um factor de desenvolvimento para a região”.

 

 

 

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João Paulo Pedrosa (PS): “governo é ultraliberal e tudo aquilo que à partida não dá lucro é para encerrar”

 

 

 

PS diz que mobilidade é mais importante que questões economicistas

Também a distrital do PS repudia o fim do transporte de passageiros entre Caldas e Figueira da Foz, que diz ser “muito negativo para a economia e para a mobilidade na região”.
O presidente da estrutura, João Paulo Pedrosa, reitera que a distrital socialista “tem sido a favor da requalificação e modernização da linha do Oeste” e que essa postura se mantém. “Sempre entendemos que o transporte ferroviário é fundamental nas mercadorias e que a requalificação é essencial para o transporte de passageiros”, aponta o também deputado à Assembleia da República, que promete questionar o governo e sensibilizar as populações afectadas.
João Paulo Pedrosa não poupa críticas ao actual governo, que diz ser “ultraliberal nas posições e tudo aquilo que à partida não dá lucro é para encerrar”. Mas “a qualidade de vida das populações e mobilidade são mais importantes que quaisquer questões economicistas e reduzidas nos lucros”.

 

 

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Fernando Costa: “os lobbys das estradas e dos automóveis tudo têm feito para que as ferrovias não sejam modernizadas”

 

 

 

PSD diz que justificação com falta de passageiros é falaciosa

Para o presidente da distrital de Leiria do PSD, Fernando Costa, o fim do transporte de passageiros entre Caldas e Figueira da Foz é “uma grande perda para o distrito de Leiria”. E não obstante representar distritalmente o partido que está no governo, o também presidente da autarquia das Caldas da Rainha diz que “a justificação dada, de falta de passageiros, é falaciosa. Se não há passageiros é porque a linha não é electrificada e porque o comboio demora o dobro do tempo dos automóveis”.
“Para bem da economia nacional”, Fernando Costa defende a modernização da ferrovia, que iria permitir um menor uso do automóvel, o que teria como consequência um menor consumo de petróleo e um menor desequilíbrio na balança das importações do país. Para o social-democrata, “os lobbys das estradas e dos automóveis tudo têm feito para que as ferrovias não sejam modernizadas”.
Na sua opinião, a requalificação da linha do Oeste era uma mais-valia para todo o país, incluindo para Lisboa, que “deixava de ter tantos autocarros e tantos automóveis a entrar na cidade, vindos da A8”. Fernando Costa garante já ter manifestado o seu descontentamento com a medida junto do ministro da Economia e diz que “os senhores da Refer e da CP deviam levar já um corte de seis meses no ordenado porque não têm a mínima competência nestas matérias”.
E deixa o conselho: “o governo em vez de gastar tanto em duas linhas de alta velocidade, devia modernizar as linhas que já existem”, talvez ignorando que o ministro da Economia tem sucessivamente repetido que ele próprio também é contra a alta velocidade.

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Sinceramente não vejo grandes problemas no encerramento da linha para norte das Caldas visto que a preferência das populações desta região são as deslocações para Lisboa. Só quem vai sair prejudicado são os concelhos de Alcobaça e Nazaré.

  2. Fico emprecionado com noticias destas , sou emigrante a minha vida està a chegar ao fim à 44 anos que imfelizmente sai do Paìs,( depois de ter dado 3 anos de serviço militar a unica coisa que o nosso estado me ofereceu)mas sou da região, não tenho ideias politicas pois no meu tempo não se aprendia essas disciplinas e como emigrante não à direito a polticas. mas faz mal ver que por essa Europa fora todos os paìses têmtão por todos os meios de conservar os seus patrimònios em os amelhorando comservando meter em valor assim para as gerações futuras como para o turismo, sò no nosso Paìs é que se vê “MACACADA” destas !…. como é que a população vai movimemtar-se quando o petròleo estiver a 300$ dolares o barril?!… o que jà não deve faltar muito, do norte ao sul do Paìs é sò destruìção, não sò nos caminhos de ferro ,mas em tudo ao nome de quê e de quêm resta a saber ?!…. và-là parte da minha emdignação não tenho palavras para mais , recebam a amizade de um tipo que ainda adora o seu Paìs apezar de tudo PS. que me desculpem alguns êrros na minha caligrafia e latim , quando emigrei não foi para me inscrever na Sorbonne