Na conquista que o praticante do Yoga pretende adquirir sobre os seus estados de consciência de dominar os desejos, o prazer ou a dor, reflete um necessário controlo dos sentidos. A este estágio é chamado Prathyáhára, que se designa como a abstração dos sentidos através do seu controlo. Isto é, a intenção de retirar os sentidos dos objetos e, assumirem estes a forma da mente.
Depois de dominarmos a posição de sentado (Dhyanásana) e da atenção deixar de ser solicitada pelo corpo, vamos adquirindo estabilização através da respiração (Pránáyáma), e a atenção começa a direcionar-se para as funções orgânicas no interior do nosso corpo. Vamos gradualmente obtendo uma melhor perceção das sensações e emoções, envolvendo-nos com ser, e o sentir. Como as tartarugas que recolhem as suas extremidades, e os seus sentidos voltam-se para dentro. Assim, sem nos ligarmos às sensações físicas ou impulsos corporais, como o calor, o frio, a dor ou deleite, nesse período poderá haver supressão dos sentidos de forma consciente, e quando os sentidos se inibem o microcosmos fica à nossa disposição, e podemos desvendar os mais fascinantes tesouros dentro de nós.
Os grandes obstáculos são as distrações da mente causadas pela instabilidade para praticar e manter a concentração, por vezes pelas dúvidas que surgem durante o processo, ou pela apatia, indolência, apego ao prazer, e por noções erradas. O fluxo da atenção torna-se estável pela prática assídua e pelo hábito. Com persistência e paciência os resultados vão surgindo.
Controlar a mente indisciplinada, ativar ligações neuronais e aumentar o estímulo das sinapses, e, dos informadores químicos; as hormonas. Impulsionar a hipófise e o hipotálamo, que ativam outras glândulas endócrinas, através do sistema límbico e do córtex cerebral. Não confinar o nosso cérbero ao tamanho da nossa caixa craniana, é um trabalho invisível de promoção da saúde mental e do funcionamento cerebral.
Fazer mais em menos espaço e com menos recursos é uma ambiciosa proposta do Yoga e do Sámkhya que conjuntamente são a filosofia prática mais antiga da humanidade. Não nos deixarmos anquilosar e ficamos ávidos de oxigénio e prána (catiões e aniões de oxigénio) que são grandes ativadores cerebrais. Influenciamos o desenvolvimento da nossa consciência, o que poderá trazer incalculáveis benefícios para nós próprios, assim como aos que, connosco partilham a vida.
Aprender a investir dentro do nosso microcosmos, transpor barreiras, compreendendo que o que vimos no espaço é o que não conseguimos ver dentro de nós, que o modelo cósmico ensina-nos a dar. Com a nossa entrega, com a nossa prática regular, faremos com que, a generosidade se manifeste e o diamante que somos se torne reluzente.
Pedro M. Capinha
Professor de Yoga da Confederação Portuguesa do Yoga
Vice-Presidente da Associação Regional do Yoga do Centro (ARYOC)
Diretor do Áshrama de Leiria – Centro do Yoga de Leiria
Presidente do Centro do Yoga Sámkhya, Associação. (CYSA) de Caldas da Rainha