O Oeste voltou a ter o seu congresso, 11 anos depois de Alcobaça ter recebido o último evento semelhante, embora na altura com um cariz diferente do actual, mais voltado para a componente política e para a economia numa forma mais vasta.
Zé Povinho louva a iniciativa dos empresários da região, congregados na Federação das Associações Empresariais da Região Oeste, a FAERO. Colocaram de pé uma iniciativa com muito valor, que pôs os agentes da economia, da política e de outras organizações com responsabilidade no pensar da região e do país a conversar sobre as estratégias a adoptar, de modo a que o futuro não seja enfrentado ao sabor do acaso.
Ao longo de um dia inteiro passaram pelo evento três membros do governo, incluindo um ministro, e perto de 35 oradores. Numa região com uma economia tão diversa, não foi possível juntar todos os sectores de actividade, mas a organização conseguiu ser o mais alargada possível nessa abrangência. E apesar de ter faltado um pouco mais de tempo para que se pudesse dar lugar ao debate entre plateia e oradores, os assuntos abordados serão de utilidade nessa preparação das empresas para o próximo quadro comunitário, até porque os empresários convidados não perderam oportunidade para elencar aquilo que consideram mais necessário para fazer proliferar as suas actividades.
Zé Povinho dá os parabéns aos dirigentes da FAERO pela competência demonstrada na montagem e organização do congresso, e também pela coragem de pensarem e colocarem em prática esta iniciativa. E apela a que essa coragem permaneça de modo a este evento, que é fundamental para o pensar do Oeste, não se perca e se repita periodicamente.
Há instituições dentro do Estado que pela sua dimensão e pela sua arrogância, bem mereceriam ser alvo de uma profunda remodelação que as tornassem mais pequenas (“small is beautiful”), mais funcionais e, sobretudo, mais próximas da sua razão de existir – as pessoas.
É o caso da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, que continua a tratar o Oeste e os oestinos de forma sobranceira, a partir do seu reduto na Amadora, ignorando até os contactos dos representantes do povo, que são os autarcas.
Dois casos ilustram bem esta postura. Um deles é o estado em que se encontram os passadiços na margem sul da Lagoa de Óbidos e em S. Martinho do Porto. A ponte da Ferraria está há anos semi-afundada e na “concha azul” passou-se um Verão inteiro sem que fossem repostas as travessas de madeira no caminho pedonal que liga Salir a S. Martinho. As autarquias bem que contactam a toda poderosa APA, mas esta não lhes liga nenhuma. E até se assistiu à situação ridícula de a Polícia Marítima vir incomodar funcionários da junta de freguesia por estes andarem a limpar o passeio pedonal que, em rigor, é tutelado pela APA.
O outro caso é a segunda fase das dragagens da Lagoa de Óbidos (que deveriam ter sido executadas logo a seguir à primeira fase) que continuam atiradas para as calendas. O presidente da APA, Dr. Nuno Lacasta, nem sequer realiza as reuniões com os autarcas e com a população, com que se comprometeu. E não só não as realiza, como não dá qualquer explicação e nem responde aos contactos dos presidentes das câmaras de Óbidos e das Caldas.
Zé Povinho estranha que uma pessoa com currículo tão relevante como o do Dr. Nuno Lacasta, que passou por países e instituições em que a prática do diálogo com os stakeholders (partes interessadas) é uma função fundamental, ainda por cima quando se trata das questões do ambiente, mostre esta atitude de desprezo por quem lhe paga o salário – os contribuintes e os seus representantes. A não ser que a sua presença na APA desde 2012 já o tenha fartado e que não se ache motivado para investir em processos que hoje são comuns em qualquer país desenvolvido (com a excepção recente e espúria dos EUA em que a Agência do Ambiente foi quase desligada pelo Presidente Trump).
Zé Povinho apela ao Dr. Nuno Lacasta que seja um verdadeiro dirigente ambientalista (na senda do Prof. Gomes Guerreiro, do Arq. Ribeiro Teles, do Eng. Carlos Pimenta, para não falar de outros), desça à terra e tenha em consideração as populações a que a entidade a que preside deve servir. Ou então que diga de uma vez por todas que más notícias tem para a região porque tudo indica que o seu silêncio é comprometedor.