Zé Povinho destaca esta semana o esforço de dois empresários caldenses que investiram na recuperação de património sem outro intuito que não fosse valorizá-lo e dá-lo à conhecer. Francisco Antunes e Henrique Matias recuperaram, cada um, um forno de cal cada, sem terem em vista qualquer objectivo comercial. Fizeram-no para mostrar às gerações vindouras como funcionava uma indústria – hoje quase inexistente – que foi importante na região e cujas marcas se estavam a perder.
A cal faz parte da História da região e do país e Zé Povinho ainda se lembra do forno que existia no local onde o seu criador, Rafael Bordallo Pinheiro, decidiu instalar a sua fábrica. E também se lembra da construção de grandes prédios nas Caldas, que foram feitos com pedra e cal.
Mas a memória dos fornos a trabalhar já vai longínqua. O movimento que tinham, quando a cal era usada por toda a gente para caiar as paredes, deu lugar ao abandono e, em muitos casos, à destruição destas estruturas.
Como “aluno” interessado pela História, Zé Povinho não pode deixar de congratular aqueles que, a custas próprias, fazem algo para manter e transmitir um património que é secular.
Zé Povinho é solidário por natureza e tem um carinho especial por quem presta auxílio aos mais necessitados. Por isso vê com espanto e alguma revolta as políticas de migração do governo italiano, que fecha os portos aos barcos das ONG humanitárias que tentam resgatar seres humanos do Mediterrâneo. O caso mais recente é o do barco da ONG alemã Sea Watch que, depois de resgatar 42 migrantes de origem africana em alto mar e esperar mais de duas semanas pela possibilidade de desembarque, atracou em Lampedusa. O resultado foi a detenção da comandante, a alemã Carola Rackete, que foi considerada por Matteo Salvini como “fora da lei” e que incorre agora numa pena até 10 anos de prisão… pelo crime de prestar auxílio e salvar vidas.
Também o português Miguel Duarte, a trabalhar no navio Iuventa, da ONG alemã Jugend Rettet, está acusado pelo Ministério Público italiano de auxílio à imigração ilegal.
O cerco contra os barcos de resgate que actuam no Mediterrâneo foi apertado há poucas semanas, com a aprovação da lei que prevê uma multa até 50 mil euros para embarcações que andem a salvar vidas, bem como a sua apreensão em caso de reincidência.
Zé Povinho não pode deixar de mostrar a sua indignação para com esta criminalização das operações das organizações humanitárias e pede ao senhor ministro Matteo Salvini que, ao invés, trabalhe em conjunto com os outros países europeus para criar um sistema de acolhimento de migrantes adequado.