Zé Povinho tem um fraquinho pelos projectos e acções que resultem da cooperação entre entidades, organizações ou pessoas. Mais: Zé Povinho é mesmo um fã dos novos conceitos da coopetição, que são uma síntese entre competição e cooperação, numa tentativa de beneficiar todos os intervenientes numa dada questão, mas mantendo um registo de competição para fazer melhor e não ficarem todos pela mediania.
Por isso, Zé Povinho vem elogiar a iniciativa conjunta de Óbidos e Caldas da Rainha em realizar no CCC um concerto da SIPO – Semana Internacional do Piano de Óbidos.
Já aquando do lançamento do Festival do Chocolate deste ano também o CCC foi escolhido para palco da passagem de modelos de chocolate, num espectáculo que ficou na retina de quem a ele assistiu. Só foi pena que muitas pessoas de ambos os concelhos e mesmo alguns responsáveis, tivessem desvalorizado a iniciativa inovadora e não tenham comparecido.
Parabéns, pois, para a SIPO que traz o seu primeiro concerto a Caldas da Rainha, ficando os restantes para Óbidos, aos quais deverá acorrer um público exigente e conhecedor.
Falta verificar as contrapartidas das Caldas da Rainha com Óbidos, podendo levar à vila histórica algumas manifestações que ocorrem na cidade termal como aconteceu com o World Press Cartoon, a Feira Internacional da Fruta ou o Caldas Nice Jazz. É tempo de partilhar mesmo a sério e a SIPO fica como um bom exemplo.
O Plano Estratégico para Caldas da Rainha até 2030 foi apresentado aos caldenses numa sessão pouco concorrida realizada na passada semana no CCC e que mereceu a presença dos presidentes das CCDR de Lisboa e do Centro.
Seguindo as pisadas do anterior plano elaborado no início deste século no horizonte de 2012, com os resultados (ou a falta deles) que são conhecidos, este plano de agora, apesar de não ter tido oposição da oposição, não mereceu grande entusiasmo nem mobilização da parte da população. Nem as organizações da sociedade civil caldense ligadas aos interesses económicos, sociais ou culturais pareceram interessadas.
Defender que a visão para Caldas da Rainha em 2030 é a de ser um local “que proporcione vida aprazível em continuidade, num território que atualiza os seus emblemas de atratividade e se adapta aos ciclos de competitividade”, é coisa que serve tanto para Caldas da Rainha como para todas as cidades do mundo.
Não serão os consultores os principais responsáveis desta ausência de interesse, apesar de apenas terem organizado três debates públicos com convidados com fraco conhecimento da realidade local. A responsabilidade é também da população local que não se manifestou muito interessada sobre o seu futuro.
Por isso, Zé Povinho, em vez de procurar culpados entre os responsáveis, prefere atirar as culpas para os cidadãos em geral, que estão pouco motivados ou interessados na participação da definição do futuro comum.
Afinal trata-se de um processo de top down, ou seja, em que as ideias são geradas em cima por consultores ilustres, mas que não utilizam o processo de planeamento para enriquecer o conhecimento comum e mobilizar as pessoas para serem proactivas e actores do seu próprio processo de desenvolvimento.
Assim ficam todos à espera do milagre, seja para manter o Hospital Distrital, para abrir o Hospital Termal, para criar emprego no comércio ou na indústria, ou para dragar e modernizar a Lagoa de Óbidos. Se não houver milagre, “tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”, como diz o povo.