Numa cerimónia simples, os 50 anos do 16 de março foram assinalados junto ao monumento evocativo
“O 16 de Março foi um grito de revolta iniciado pelos caldenses em prol do que mais tarde se conseguiu, a nossa liberdade”. As palavras são de Fernando Jesus, vice-presidente do Núcleo das Caldas da Rainha da Liga dos Combatentes e proferidas na cerimónia comemorativa do 16 de Março, que juntou várias dezenas de pessoas no monumento criado por José Santa -Bárbara, na manhã de sábado. O responsável lembrou o contexto que se vivia no país na altura e a conspiração para alterar o contexto político. A ação que “deveria ter sido conjunta entre diversas forças”, acabou por resultar na marcha apenas da coluna do RI5 até às portas de Lisboa. Mas, “para o Movimento das Forças Armadas foi um ensinamento porque permitiu, apesar de ser uma ação de insucesso, que fossem feitas correções que mais tarde, resultaram no 25 de Abril, que levou à queda do governo e passagem para uma situação de democracia”, referiu.
O presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, está “cada vez mais convencido” de que o 16 de Março foi um golpe preparado para que se pudesse verificar a reação do regime e daí tirar as respetivas consequências. “O 16 de Março é a primeira ação no terreno do 25 de Abril, estão ligados”, considera.
Lalanda Ribeiro voltou a insistir que é importante dar a conhecer este acontecimento aos jovens e pediu aos historiadores e investigadores que “estudem a fundo o que se passou”. Isto porque, “as pessoas [que participaram na intentona das Caldas] vão desaparecendo e é importante recolher os seus testemunhos”. Também o presidente da Câmara, Vítor Marques, prestou homenagem aqueles que “tiveram a ousadia e coragem de avançar com o movimento, num momento difícil, de ditadura instalada”. Lembrou que ao longo dos últimos 50 anos “só as Caldas foi assinalando o 16 de março”, mas que este ano decorrem comemorações em diversos sítios”, o que mostra a importância deste acontecimento. Junto ao monumento alusivo ao golpe das Caldas, o autarca reconheceu que a liberdade e a democracia são valores que têm de ser construídos todos os dias para continuarem fortes e aguentarem todas as pressões. “Aquilo que parecia impossível há dois, três anos, como as guerras e as ditaduras, hoje estão tão perto”, disse, defendendo que é preciso continuar a lutar para perpetuar os direitos adquiridos.
No final, um grupo de presentes cantou o “Grândola Vila Morena” e ouviram-se gritos “Viva o 16 de Março” e “Viva o 25 de Abril, sempre”. ■