Vitor Marques
Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha
No tempo do fortuito e do efémero – como é o da nossa contemporaneidade – a partida de uma figura maior como a de João Bonifácio Serra é uma perda irreparável.
Perda para o país, mas, sobretudo, para Caldas da Rainha, a quem este notável filho da terra nunca falhou, seja no ato de pensar a comunidade e os seus valores, seja na construção de propostas para o seu desenvolvimento cultural e patrimonial – sempre com determinação, consistência e sabedoria, mas também com generosidade e altruísmo. A morte de João Bonifácio Serra deixa-nos mais pobres, mas o seu extraordinário legado representa um valor que procuraremos honrar e inscrever de forma indelével na identidade de Caldas da Rainha. ■
Gonçalo Lopes
Presidente da Câmara Municipal de Leiria
Recebi com enorme pesar a notícia do falecimento de João Bonifácio Serra, cujo desaparecimento constitui uma perda irreparável para o conhecimento e para a cultura.
O Município de Leiria tem uma enorme dívida de gratidão perante a sua memória, pela forma generosa, profissional e apaixonada com que abraçou o nosso projeto de candidatura a Capital Europeia da cultura e pelo contributo que nos deu no desenvolvimento da estratégia cultural que temos seguido.
Endereço um enorme abraço solidário aos familiares e amigos de João Bonifácio Serra e presto a minha homenagem perante a dimensão deste grande homem da cultura e do saber. ■
Isabel Xavier
Professora
Sempre admirei a inteligência, a criatividade, a competência e o rigor que o João colocava em tudo o que fazia. O João foi alguém que deixou uma marca indelével em todos os lugares por onde passou e em todas as pessoas com quem se relacionou. Mas o que sempre me fascinou mais foi o lado enigmático do João, a eloquência dos silêncios, a cumplicidade do entendimento mútuo que dispensava a vacuidade das palavras, uma certa contenção no estar, que não no ser. E o que mais me magoa agora é ter de conjugar os verbos no passado quando a ele me refiro. ■
Paulo Lameiro
Etnomusicólogo e Diretor Artístico de Musicalmente
Conheci o Professor João Bonifácio Serra há pouco mais de cinco anos. E ainda assim foi o suficiente para receber deste homem profundamente sábio algumas das experiências mais fecundas da minha vida. Impressionou-me desde o primeiro momento a sua militância por uma cidadania activa, que o moveu até ao último suspiro, onde a arte e a cultura assumem um lugar cimeiro. Surpreendeu-me a inspiração que oferecia aos seu alunos e colegas, mesmo depois de jubilado, tecendo com as suas palavras e os seus gestos um ambiente cúmplice que cada vez rareia mais no meio académico. Motivou-me com as suas permanentes e actuais leituras do mundo, com um cuidado permanente ao local e ao universal sempre norteado pelo mais profundo humanismo. Mas foi a sua atenta, permanente, cuidadosa e intensa ternura para com a sua mulher Deolinda que mais me comoveu, e me fazia sair de sua casa sempre de coração e alma a transbordar. Obrigado professor João. ■
Samuel Rama
Professor e antigo aluno da ESAD
João Serra deixou-nos, mas as suas ideias e exemplo não. Ensinou-nos que uma cidade não é um espaço inerte e vazio, antes um palimpsesto de sequências e sequências de ações humanas de natureza política, ética e estética, por isso cada cidade é única naquilo que a qualifica e pela mesma razão naquilo que é a sua promessa de devir.
Consciente do impacto positivo sobre a cidade e a região que teve e tem a ESAD.CR, cedo compreendeu a importância de tratar no seio dos cursos também as questões da produção e da receção da cultura. Neste mundo pensar e construir juntos é mais do que um produto, é um processo que não cessa, muitos são os projetos em marcha e a melhor homenagem que podemos fazer na hora da sua partida é continuá-los! ■
Luís Nuno Rodrigues
Professor Catedrático
João Bonifácio Serra marcou-me profundamente enquanto historiador e amigo, pela seriedade do seu trabalho, pela convicção das suas ideias, pela sua permanente disponibilidade para o outro. As Caldas da Rainha muito lhe devem no labor que desenvolveu para relançar os estudos sobre a História da cidade e do seu Património. Os trabalhos que publicou e a dinâmica e entusiasmo que imprimiu às equipas que criou e com as quais trabalhou deixam-nos um legado inesquecível. O legado de um humanista e de um homem das artes e das letras. ■
Maria Conceição Pereira
Ex-vereadora e Provedora da Misericórdia das Caldas da Rainha
Escrever sobre o Dr. João Bonifácio Serra é, talvez, uma das mais difíceis solicitações que me foi pedida pela Gazeta. As suas qualidades humanas e intelectuais, dificilmente caberão num simples texto. As conversas e os projetos partilhados ficarão para sempre na minha memória como momentos únicos. Em todos os projetos se envolveu totalmente com o entusiasmo que lhe era habitual, não só criando equipas de trabalho mas congregando toda a sociedade caldense. O último desafio se lhe colocou – a criação do futuro Museu Nacional da Cerâmica. Trabalhou com todo o entusiasmo para algo que considerava fundamental para as Caldas da Rainha. Sonhou com esta obra e acreditou que os poderes políticos o acompanhariam neste sonho e, como diz o poeta, “o sonho comanda a vida” e um dia, acreditamos que será uma realidade. Como dizia o Mestre António Duarte “o artista não morre, pois fica a sua obra, e a sua obra é para sempre.” ■
António José Correia
Ex-presidente do município de Peniche e Consultor da Fundação Oceano Azul
Com muita humildade, registo aqui a minha profunda admiração, o meu enorme reconhecimento/agradecimento ao cidadão João Serra. Em vários momentos, nas diversas funções que desempenhei, contei com a partilha da sua sabedoria e do seu conhecimento na definição das melhores estratégias. Fui testemunha da sustentada e permanente defesa de causas públicas, ancoradas numa profunda convicção democrática.
Peniche, o Oeste e a Região de Leiria devem-lhe uma homenagem: aprofundar e difundir o seu pensamento. ■
Nazaré Feliciano
Artista, Ceramista, EUA
Conheci João Serra em duas instâncias breves, mas a sua presença foi marcante. A sua paixão pela dinamização cultural no seio da comunidade era evidente. O seu coração vibrava quando falava sobre o último dia de festa da cidade de Guimarães quando esta foi Capital Europeia da Cultura e via-se nos seus olhos a expressão e orgulho que tinha neste projeto, onde os grupos da comunidade subiam ao palco apresentar o seu talento.
Mas, mesmo nos momentos mais serenos, como num passeio pelo Parque dos Poetas, em Oeiras, perante a instalação artística de cerâmica do Artista brasileiro Francisco Brennand, João Serra continuava a transmitir o seu prazer por viver a arte. Esta é a minha memória de João Serra. ■
João Santos
Diretor da ESAD
João Serra fundou e acompanhou a vida da ESAD das Caldas da Rainha com interesse e preocupação. Não tivemos tempo, nem nunca teríamos, para agradecer tudo o que conseguiu para a Escola e seu envolvimento com o mundo, silenciosa e generosamente. As pessoas muito grandes são assim. ■