Experienciar a lagoa, mas num formato de turismo ordenado e sustentado é o objectivo do novo projecto que integra já sete empresas da região
Foi ao som de um apupo (concha), que Miguel Castro chamou os participantes para o barco, ancorado na margem da lagoa, junto do Covão dos Musaranhos. Minutos depois, partiriam num passeio pelos braços do Bom Sucesso e da Barrosa, que continuou junto ao Nadadouro até ao cais da Foz, e depois seguiu para a Lapinha (Bom Sucesso), onde visitaram as cabanas tradicionais dos pescadores e conheceram a praia e Rocha do Gronho.
Nesse mesmo dia 26 de setembro, durante a manhã, o grupo, composto por bloggers, instagrammers e elementos de órgãos de comunicação social tinham feito um passeio pelas margens da Lagoa. O objetivo foi o dar a conhecer o novo produto turístico denominado “À descoberta da Lagoa de Óbidos”.
Trata-se de uma iniciativa da Liga para a Proteção da Natureza (LPN) – que coordena o Centro de Interpretação -, em conjunto com o operador turístico Passa Montanhas, e que integra já sete empresas da região, na oferta de experiências que reúnem natureza, cultura e bem-estar. Estas ações destinam-se a pequenos grupos, de seis pessoas no máximo.
A iniciativa tem a chancela do Centro de Interpretação da Lagoa de Óbidos, que resultou do Orçamento Participativo de Portugal e permite abordar, divulgar e estudar diversas áreas do conhecimento ligadas a este espaço lagunar.
“Queremos demonstrar é que há muitas actividades adaptadas a todo o tipo de idades, públicos e interesses, mas sempre com a componente de divulgação do património natural e cultural da lagoa, numa estreita ligação e proximidade com a comunidade local, que também é convidada a participar”, sintetizou Ana Rita Martins, da Liga da Proteção da Natureza, que coordena o Centro de Interpretação da Lagoa de Óbidos. Os agentes turísticos que participam no projeto têm “uma postura” com a qual se identificam, “de qualidade e sustentabilidade, que se adequa aos tempos que correm e que ajuda as empresas que estão ligadas à lagoa”, concretiza.
De acordo com o empresário Luís Negrilha, da Passa Montanhas Trekking &Tours, esta parceria também mostra que é possível existir, no mundo empresarial, uma forma de trabalhar sustentável. Por cada passeio feito através do Centro de Interpretação, uma parte da receita reverte a favor desta entidade para dinamizar ações junto da comunidade como, por exemplo, a requalificação das cabanas que já foi feita. “A parte económica casa com a ecológica, tem os mesmos interesses e promove a região de forma sustentada”, refere Luís Negrilha.
Participam atualmente no projeto sete empresas, todas da região, desde a restauração ao alojamento local, passando pelos passeios pedestres nas margens da lagoa e de barco, doçaria e animação sociocultural. Contam, também, com a participação da comunidade local, como é o caso de um pescador que toca concertina, conta histórias e mostra artes da pesca.
Alguns dos empresários também são colecionadores de objetos ligados à Lagoa e que contam parte da sua história, como é o caso de Miguel Castro, que, por vezes, utiliza o apupo, nas suas viagens de barco.
O projeto não está fechado. Se mais empresas se quiserem juntar poderão fazê-lo. “É muito bom que haja esta rede porque quando um operador não está disponível outro poderá fazer a actividade, para que a estrutura não fique em causa”, explica Ana Rita Martins, satisfeita com a adesão das empresas.
O produto turístico já está em funcionamento e os interessados em partilhar estas experiências poderão inscrever-se através do site da Passa Montanhas.
Poderão escolher os percursos e, também, aproveitar não só o património em redor da Lagoa, mas de toda a região, “ficando mais tempo, pernoitando e deixando riqueza”, conclui Luís Negrilho, destacando a importância desta iniciativa para a economia local.