Governantes defenderam necessidade de literatura mas também das artes para uma educação plena.
A Educação, um dos capítulos do FOLIO e uma das apostas fortes desta edição do festival, trouxe dois governantes a Óbidos nos primeiros dias do evento. No encerramento do seminário internacional sobre a temática “o poder da Educação”, o ministro João Costa, referiu-se à Educação como “uma arma extraordinária” para prevenir comportamentos de ódio e guerras. “Eu tenho a certeza que os senhores da guerra não leram os livros certos na idade certa”, concretizou.
Com a convicção de que sem literatura não há uma educação plena, João Costa, destacou o papel do Plano Nacional das Artes e o objetivo de “educar cidadãos para a liberdade, para o pensamento livre e para a tomada de decisão consciente”.
A pandemia comprometeu a leitura, sobretudo nos mais novos, que fizeram os primeiros anos através do ensino à distância, uma situação que o governante quer combater através das medidas do Plano de Recuperação de Aprendizagens, como a disponibilização das plataformas digitais para deteção de dificuldades concretas de leitura, os diários de escritas, a leitura orientada em sala de aula. “A leitura sofreu uma guerra contra um vírus e a nós compete-nos, agora, ser o exército de leitores que vai fazer com que os outros, que foram mais prejudicados, voltem a ser leitores”, realçou o governante.
Também a cultura deve estar integrada em contexto escolar, fazendo da “sala de aula um verdadeiro território de cultura”, defendeu o titular da pasta, Pedro Adão e Silva que, na segunda feira ,participou no quinto encontro de apresentação de projetos da 1.ª Bienal de Cultura e Educação.
O governante criticou o facto de o sistema educativo ter evoluído com uma fixação na aprendizagem para os exames nacionais, descurando o desenvolvimento de outras competências. “Precisamos de formar cidadãos, desenvolver outras competências na escola e isso alcança-se se as artes e cultura estiverem mais presentes”, disse, defendendo a criação de pontes entre criadores, escolas, municípios e instituições. Reconhecendo que Portugal tem ainda um défice profundo na desigualdade no acesso à cultura, há locais como Óbidos que sobressaem como bons exemplos, ao demonstrarem que a oferta cria a sua própria cultura.
Pedro Adão e Silva destacou ainda a “feliz coincidência” de juntar a Bienal das Artes com o FOLIO e que isso corporiza algo que considera muito importante: descentralizar a cultura para fora das zonas metropolitanas e criar lugares onde os eventos culturais têm uma relevância para a valorização do próprio território.