Volvida quase uma década, Mafalda Milhões sente que o projeto poderá vir a ser mais ousado
Tudo acontece numa viagem de avião. “Havia uma livraria numa igreja para ocupar, uma livreira que não tinha capacidade de o fazer e outro com loucura suficiente para avançar. Os astros alinharam-se nessa vontade, que depois envolveu também os autarcas”. É desta forma que Mafalda Milhões recorda a génese da Vila Literária, numa conversa com José Pinho (livreiro e administrador da Ler Devagar) em 2011, durante um voo de Bolonha para Lisboa. A livraria era a de Santiago, que continua a ser um ex-libris, mas José Pinho sugeriu fazer de 11 lugares, como um mercado, uma adega ou museus, locais literários e criar uma “cidade do livro”. Propôs ainda aliar a abertura das livrarias à realização de festivais literários, inspirando-se no festival brasileiro FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, que resultaram no FOLIO e Latitudes – Literatura e Viajantes. Em 2015, a classificação de Óbidos como Cidade Criativa da UNESCO, na área da literatura, afirmou a importância desta área como estratégica para o desenvolvimento do concelho.
Volvida quase uma década, Mafalda Milhões sente, enquanto livreira, que o projeto da Vila Literária “está muito no início” e entende que esta poderá vir a ser “muito mais ousada”. Gostava que tivesse uma programação diária, embora reconheça que não será fácil de concretizar. Diz que um dos seus sonhos, estando em Óbidos, é o de que a vila se convertesse realmente em vila literária. “Que entre o monte e a vila, o concelho e as cidades limítrofes ou com as cidades geminadas, que houvesse uma ligação por este fio condutor que é a leitura ou a literatura, que engloba e consegue acolher as várias artes e ofícios dentro e fora do município”, manifesta.
A também ilustradora é uma das curadoras do festival, cabendo-lhe a responsabilidade do capítulo FOLIO Ilustra, que anualmente apresenta, entre outras atividades, a exposição PIM! Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo, na galeria Nova Ogiva, e ligada à Bichinho de Conto. ■