A Rádio Clube das Caldas está de volta… no online

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Gazeta das Caldas
A nova equipa no lançamento da Rádio Clube das Caldas: João Carlos Costa, Luísa Gameiro, Manuel Amaral, João Figueiredo, Sérgio Pinheiro, Bruno Machado e Fernando Irra
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Um grupo de antigos colaboradores da Rádio Clube das Caldas juntou-se para fazer renascer este ícone da cidade termal que foi criado na década de 80 do século passado. Os locutores de antigamente estão de volta ao microfone com os mesmos programas que deixaram e até os indicativos e os separadores são os mesmos. Mas agora passa-se tudo na Internet.

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O momento em que a RCC volta a emitir, com o Fado das Caldas, como aconteceu na primeira emissão em 1989

Quase três décadas depois da sua criação, a Rádio Clube das Caldas foi novamente para o ar, mas agora no mundo do online. O lançamento aconteceu no Dia do Emigrante da Festa de Verão da Expotur deste ano, na Expoeste.
Às 21h00 do dia 8 de Agosto, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira estava no stand da 91FM nas tasquinhas a dar o clique para o início da transmissão da RCC, novamente ao som do Fado das Caldas, como havia acontecido na primeira emissão legal, em 1989.
Agora, indo ao site radioclubecaldas.com, é possível voltar a ouvir a Adega do Fado de Fernando Irra, o Luas e Marés de Luísa Gameiro, o Sexta à Noite de Sérgio Pinheiro, o RDS de João Carlos Costa, ou o Sabor Tropical de João Manta.
Os indicativos e separadores são os mesmos e no site é possível ver fotografias antigas e ouvir os comerciais de 1989 e a primeira emissão.
Mas tal só foi possível porque um grupo de antigos colaboradores se juntou para fazer renascer este ícone das Caldas da Rainha.
Em 2013 Sérgio Pinheiro, actual director-geral (que entrou na RCC com 12 anos, tornando-se num dos mais novos locutores do país), pensou que queria “fazer voltar o que era das Caldas e que de um momento para o outro deixámos de ter”.
Isto porque a frequência local apenas retransmite o sinal de uma rádio nacional, a TSF. Há três anos falou com Pedro Miguel Silva, outro antigo colaborador da RCC, e lançaram a ideia no grupo de Facebook dos antigos colaboradores.
Reuniram uma equipa de luxo, com os ex-locutores (alguns já afastados da rádio) e alguns novos (como Daniel Lambuça e DJ Gabi, DJ Paulux) e contaram com a ajuda de dois antigos ouvintes – Bruno Machado e Isabel Carvalheiro – e em menos de nada o projecto estava próximo de ser uma realidade.
Depois de um mês e meio de edições experimentais, com apenas alguns ouvintes de confiança convidados para testar, no dia 8 de Agosto a RCC voltou ao ar com uma emissão diária com uma playlist de música com os tops internacionais e música nacional (mais do que os 25% a que as rádios em FM são obrigadas) até às 20h00 e programas de autor a partir daí.
Uma curiosidade: o lançamento foi feito no stand da 91FM, uma vez que alguns dos elementos que integram aquela rádio também fizeram parte da Rádio Clube das Caldas.

 

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A PAIXÃO DA RáDIO

A RCC renasce com o mesmo espírito com que foi fundada. “Nenhum de nós vive desta rádio, dá trabalho, mas sabe bem”, realça Sérgio Pinheiro em conversa com Gazeta das Caldas.
A fundação da Rádio Clube das Caldas acontece na década de 80 do século passado, tendo sido criada por um grupo de amigos radioamadores caldenses. Entre eles estão Francisco Felizardo, João Trincadeiro, Abílio Salvador, Victor Morgado e Luís Gomes.
Esta começou por ser uma rádio-pirata e a sua primeira emissão foi no sótão de um prédio de advogados na Rua António Sérgio, então com um emissor de construção artesanal. Esteve no ar na frequência 102.5 FM ainda de forma pirata até à meia-noite do dia 25 de Dezembro de 1988.
A 23 de Junho do ano seguinte, depois de uma paragem de seis meses imposta pelo Estado, a Rádio Clube de Caldas começa a emitir de forma legal na frequência 103.1 FM. A primeira emissão inicia-se, conforme foi referido, com o Fado das Caldas.
No final dos anos 80 a rádio passa para o Casal Belver, para uma pequena casa e acaba por dar nome à rua: Rua do Transmissor. Nos inícios da década seguinte muda-se novamente, para a Rua Cardeal Alpedrinha, onde hoje está uma churrasqueira e uma igreja. Em 2002 nova e última mudança: para a Encosta do Sol.
Então gerida pela Pense Positivo Lda., que trocou o nome para Rádio Caldas, é vendido o alvará de emissão à TSF e posteriormente desaparece a secção local e a frequência passou a ser usada como retransmissora da TSF.
Se colocar a RCC a transmitir novamente foi a concretização de um sonho, não se pense que o grupo quer ficar por aqui. “Foi uma primeira etapa”, com o registo na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

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No estúdio-móvel da RCC em 1995. Em cima: Jorge Galeão, Jorge Humberto, Luís Parreira, Paulo Romão, Marília Ribeiro, Luísa Gameiro, Susana Gesteiro, Victor Morgado (dentro da carrinha); Em baixo: Sérgio Pinheiro, João Manta, Pedro Miguel Silva e Francisco Gomes

AINDA SEM ESPAÇO FÍSICO

O objectivo é mesmo voltar a ter a RCC em FM e na frequência de “sempre”, a 103.1. “A frequência atribuída às Caldas da Rainha é ocupada por uma rádio nacional e se ficasse disponível nós teríamos todas as condições para concorrer”, assegura.
Para tal pretende apresentar um pedido de alteração da lei na Assembleia da República. “Isto aconteceu a muitas frequências”, conta, acrescentando que a solução pode passar pela possibilidade de criar rádios comunitárias.
E como ainda falta um espaço físico, ou alguém cede um, ou vão tentar registar a RCC como uma associação (um rádio clube) e procurar apoios.

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