A Rainha do século XXI mistura-se com a população e ao fim de semana vai à Praça

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Uma soberana de hoje com um vestido primaveril, que poderia ser usado para uma ida ao mercado local ao ar livre num domingo

Designer de moda imaginou a D. Leonor de hoje. Joana Jordão fê-lo com simplicidade e elegância

Joana Jordão aceitou o desafio da Gazeta das Caldas e imaginou como seria a Rainha, fundadora da cidade, se, num exercício da máquina do tempo, D. Leonor pudesse voltar a existir no século XXI.
A designer de moda arregaçou as mangas e, das pesquisas que efetuou sobre a monarca, tirou as suas ilações, apresentando uma proposta. A Rainha imaginada por esta criadora tem um “caráter muito simples, muito humano, seria uma pessoa que não gosta de ostentar”.
Joana Jordão, de 29 anos, estudou a “complexa e difícil” vida de D. Leonor, rainha de Portugal, de Avis e fundadora do Hospital das Caldas, mostrando sempre “grande resiliência”. Marcou o facto de a sua sepultura ser em campa rasa, no Convento da Madre Deus, num local onde toda a gente passa e pisa. “Mostra que uma rainha não tem que estar num pedestal, nem na morte”, frisa.
Por tudo isto, a criadora imaginou a Rainha como “uma mulher muito real e muito à frente” e que não se exibe nem ostenta a grande riqueza que possuía. Joana Jordão criou um coordenado casual chic, mas mantendo a simplicidade, a elegância e com um toque clássico. Com estas premissas, a caldense apresenta um coordenado que D. Leonor usaria para ir à Praça da Fruta ao domingo.
“Imagino-a muito misturada com o povo”, disse a criadora, que desenhou um vestido de características clássicas, numa popeline de padrão vichy, em algo que remete para o campo e que já lembra a primavera/verão. “Retratei-a com um saco, cheio de alho-francês, coentros e frutas como outra pessoa qualquer. Ela sabe que é conhecida, mas está tranquila, no meio do povo”, disse a designer que fez questão de imaginar uma D. Leonor “de carne e osso” com o shopping bag, numa versão citadina/campo e com sapatos baixos. “Não a imagino com saltos altos”, disse a criadora de moda, que acredita que ela mesmo num contexto cerimonioso “não se apresentaria de forma formal”. Seja no vestuário, na habitação ou no automóvel, ela “não seria uma pessoa de exibir riqueza”.

Criar uma escola de moda
Aos 19 anos, Joana Jordão foi para Lisboa estudar para Modelista de Vestuário num curso profissional. Seguiu-se Design de Moda no Modatex, em Lisboa, onde hoje também é formadora.
Ainda estudante, já trabalhava para marcas e autores. Filipe Faísca, Isilda Pelicano (com quem trabalhou num projeto relacionado com os bordados de Nisa) e os Storytailors foram alguns dos designers com quem trabalhou, além de ter feito figurinismo para a Moda Lisboa.
Posteriormente estagiou na revista Máxima e, mais tarde, para marcas como a Quebramar, na parte de criação.
“Quis passar por várias realidades, desde as marcas aos ateliês de autor”, disse a caldense. Dez anos depois de viver e trabalhar na capital, decidiu regressar às Caldas, em busca de maior qualidade de vida e de iniciar um projeto próprio. É também a responsável pelo estúdio-oficina Canto O-F, nos Silos que abriu em 2021 e onde leciona workshops de costura criativa em parceria com a Bernina.
A designer de moda ensina iniciantes e também todos aqueles que queiram aprender a fazer peças únicas. “Sinto que há muito interesse pela cultura de moda e gostava de, além da costura, passar a outras áreas relacionadas com os bordados ou os tingimentos naturais”, disse Joana Jordão, que, com o marido, o ilustrador João Marques, criou marca própria, a Yarden, e nas suas etiquetas das suas peças exclusivas informa que se trata de roupa Slowly Fashion, além de se dedicarem à produção de peças sustentáveis.
A Yarden vende peças para vários países, através da Edis Fashion, uma plataforma internacional que se baseia na sustentabilidade e no “feito à medida”.
“Estou aberta a parcerias e, no futuro, adoraria criar uma escola de moda aqui nas Caldas. Creio que seria muito interessante para a região”, rematou Joana Jordão. ■