Zé Povinho foi ler a edição especial da Gazeta das Caldas de 28 de Abril de 1934 dedicada à homenagem ao pintor caldense José Malhoa e pode constatar o dinâmico programa das gentes da terra nessa altura, em que se batiam pela sua afirmação a nível nacional.
“Dia de sol e de luz reflectida pelas maravilhosas telas de Mestre Malhoa, é este dia 28 de Abril em que a cidade das Caldas – a linda Estância termal Portuguesa – empunha mais uma vez o estandarte do regionalismo, ao inaugurar o seu museu”.
E continuava o editorialista: “Grandiosa apoteose se exteriorizará à memória do Grande Pintor Nacional, e agradecimentos veementes sairão de todos os corações caldenses para os que conseguiram com o seu esforço tenaz e a sua dedicação pelas Caldas, levar a efeito tão grande e alto pensamento – a criação do Museu José Malhoa”.
A criação deste Museu pelo Estado Português, iniciativa a que a Gazeta das Caldas esteve intimamente associada, foi um pilar fundamental na afirmação da cidade e concelho no contexto regional e nacional.
Contra tudo e contra todos que no distrito tentavam desvalorizar a importância das Caldas da Rainha, aquela geração de caldenses conseguiu muito do que hoje tem sido perdido. As termas estão fechadas e vão ser entregues à força pelo Estado (depois de as ter abandonado) à autarquia, a comarca judicial foi perdida, a linha do Oeste está decrépita, a estação agrária entregue às urtigas, os museus em vésperas de serem abandonados pela Secretaria de Estado da Cultura, o hospital distrital em perda de importância..
Zé Povinho acha que também não é alheia ao que se passou nos anos 30 nas Caldas a vinda, quatro décadas antes, do seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro, que deu um dinamismo inusitado e projecção à terra das termas.
Infelizmente, dado que nas últimas décadas foi perdido todo este fulgor, é justo hoje lembrar todos aqueles que se bateram pela cidade naqueles anos, bem como pela criação do Museu José Malhoa, que foi durante muitos anos a primeira instalação de raiz para aquela finalidade museológica em Portugal, bem como único museu público fora das capitais de distrito.
Recorde-se e homenageie-se a memória daquela plêiade de caldenses a quem a cidade tanto ainda hoje deve, oitenta anos depois da inauguração do Museu Malhoa.
Não está a começar muito bem a época ao principal clube de futebol da região, o Caldas SC. É verdade que os pelicanos ainda não perderam esta época, mas os três empates no campeonato estão aquém do que o conjunto do pelicano pode render. E mesmo a vitória na Taça de Portugal, de há quase 15 dias, foi demasiado à justa quando o adversário era do distrital. A equipa tem mostrado algumas coisas boas e outras más. Mas até agora o factor que mais preocupação está a dar aos adeptos é a incapacidade de aproveitar a superioridade numérica. Se no jogo da taça o clube caldense acabou por ganhar, demorou muito tempo a afirmar-se em campo e até sofreu um golo quando tinha mais um jogador que o adversário. Nos últimos dois jogos do campeonato empatou nessa condição. Primeiro deixou-se apanhar com uma vantagem de dois golos e um homem a mais. E no último domingo acabou mesmo com dois jogadores a mais, mas não conseguiu marcar. Há ainda problemas de falta de concentração em momentos chave no jogo que têm custado dissabores. É que, apesar dos três empates no campeonato, em todos os caldenses saíram com a sensação que o resultado podia ter sido uma vitória, não fossem esses erros de concentração momentâneos mas fatais.
É verdade que, como diz o povo, a procissão ainda vai no adro, mas Zé Povinho quis deixar este reparo à equipa, pois sabe que esta pode fazer mais e melhor.