O que têm em comum os presidentes de Câmara das Caldas da Rainha, Peniche, Cadaval, Lourinhã, Marinha Grande e Torres Vedras?
Todos mandaram às malvas a atitude déspota, insensível e cinzenta do primeiro ministro e decretaram tolerância de ponto dos serviços municipais para a terça-feira de Carnaval, mantendo aquilo que é uma tradição com muitas décadas e que movimenta milhares de pessoas em actividades que têm forte impacto nas economias locais.
Em contrapartida, os presidentes da Nazaré, Alcobaça, Óbidos e Bombarral (todos do PSD) decidiram acatar obedientemente a decisão do governo, pondo os funcionários camarários a trabalhar, como se isso tivesse algum impacto na competitividade do país. Aliás, foi provado que nestas condições, com metade do país a meio gás, os serviços públicos abertos produzem mais despesa do que proveito social pois serão milhares de funcionários à espera de um número ínfimo de utentes.
Pior ainda foi a atitude do executivo da Nazaré que aprova uma moção verborreando a decisão do governo, mas mostrando-se incapaz de a contrariar.
Zé Povinho, que tem na sua génese uma faceta de folião e sempre entendeu o Carnaval como um momento de catarse e de envolvimento social na crítica mordaz, alegra-se, por isso, pelas decisões dos senhores presidentes, Fernando Costa, António José Correia, Aristides Sécio, José Dias Custódio, Álvaro Pereira e Carlos Miguel. E deseja-lhes um feliz e divertido Entrudo.
Zé Povinho tem pena quando vê gente que ocupa lugares e depois não exerce as suas faculdades ou poder, nem que seja de interrogar, questionar ou discutir as decisões de outros órgãos que vão pôr em causa os direitos daqueles que representam.
O Oeste está a ser alvo da maior operação de sempre de transformação da organização administrativa pelo Estado Central, que está a atingir nesta fase a arquitectura dos sistemas de saúde, turismo, transportes e judicial. Por enquanto.
Mas o que parece mais impressionante é que tudo se está a fazer nas costas das órgãos regionais criados há várias décadas, os mesmos que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, dizia há poucos dias a um jornal que devem ser reforçados nas competências.
O presidente da CIMOeste, Carlos Lourenço não é visto nem achado para discutir as alterações que se preparam centralmente na Praça do Comércio e são os dirigentes distritais dos partidos que estão no poder que têm algum protagonismo, especialmente o autarca das Caldas, Dr. Fernando Costa.
Isto demonstra a fraca solidez e importância que estes organismos proto-regionais têm para o poder central nesta fase do campeonato da crise gerida pela troika, em que se pretende fazer todo o mal ao mesmo tempo para depois haver tempo para recuperar a imagem e os estragos.
Daí que Zé Povinho se indigne perante a passividade do também presidente da Câmara da Arruda dos Vinhos, Carlos Lourenço, que politicamente é desde há vários anos o líder da região Oeste. Uma região que, com líderes destes, não terá grande futuro.