Os dirigentes locais laranjas mantiveram-se integralmente nos órgãos do partido a que já pertenciam, conseguindo assim evitar a perda de influência da concelhia caldense nas mais elevadas instâncias do principal partido no poder.
Está, pois, nas suas mãos a capacidade de sensibilizarem o respectivo partido para o conjunto bem largo de reivindicações que a região tem para as medidas que o governo de coligação prepara e que penalizam duramente Caldas da Rainha e o Oeste, nos mais variados sectores como a Justiça, a Saúde, o Turismo e os Transportes (para só falar nas que já são conhecidas, não se sabendo ainda o que para aí vem…).
Zé Povinho não descortina se a manutenção do Dr. Fernando Costa como vice-presidente da Mesa do Congresso não será uma prenda envenenada, pois assim impede-o de repetir aquelas intervenções mais polémicas, como as que fez nos últimos congressos antes de ser eleito para aquele órgão.
Também a deputada e vereadora Maria da Conceição Jardim Pereira, conseguiu manter-se como uma das quatro mulheres no órgão máximo do partido, presidido pelo primeiro-ministro, podendo desempenhar um papel fundamental na defesa das posições da região.
Finalmente, também o vereador Hugo de Oliveira, aliado a outro caldense retirado das lides locais, o Dr. Miguel Goulão, numa lista próxima da JSD, viu-se eleito contra a lista oficial para o Conselho Nacional. O Dr. Hugo de Oliveira parece movimentar-se bem na sombra social-democrata, demonstrando que poderá da mesma forma desafiar a linha oficial na escolha dos candidatos autárquicos no próximo ano.
Neste mês de Março de 2012 foram todos vencedores, cada um por seu lado e certamente correndo em pistas diferentes, para se voltarem a encontrar frente a frente na corrida eleitoral autárquica. Zé Povinho fica feliz em vê-los a baterem-se num patamar superior ao habitual. Mas também espera que as Caldas da Rainha e o Oeste ganhem alguma coisa com estas proeminentes figuras locais em órgãos nacionais do principal partido do poder.
O projecto do TGV está “definitivamente abandonado”. Assim o ditou o Dr. Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, dando a sua benção ao chumbo do Tribunal de Contas ao contrato (assinado pelo governo de Sócrates) com o consórcio Elos para a construção do troço Poceirão-Caia.
O governante maior do país prova mais uma vez que é pessoa de vistas curtas, muito centrado no presente e nas decisões de curto prazo, talvez por nem ele próprio acreditar que existe um futuro para Portugal. O problema é que nesse futuro – sobre o qual o Dr. Passos Coelho não se dedica a pensá-lo nem por breves segundos – os países desenvolvidos não podem ficar dependentes do petróleo (em quanto já vai o aumento da gasolina?) e por isso constroem na Europa uma rede de alta velocidade, com comboios a 300 Km/hora a circular entre as principais cidades, e da qual o rectângulo luso fica agora “definitivamente” afastado (a não ser que se vá apanhar o TGV a Badajoz…).
Nada de anormal, portanto, para um governo com especial predilecção para fechar linhas de caminho-de-ferro e mantém em construção a terceira auto-estrada Lisboa-Porto.
Incapaz de prever as tendências futuras, o Dr. Passos Coelho vai agora entregar milhões de euros de indemnizações às empresas com quem o Estado assinou um contrato, vai perder milhões de euros de fundos comunitários que só tinham como destino o projecto do TGV, conseguindo a proeza de perder dinheiro e não ter a alta velocidade. E o mais grave é que dentro de quatro anos ele próprio vai reconhecer que agora errou. Pior era impossível.