Uma vez mais são as juntas de freguesia da cidade que assumem a realização das comemorações do 25 de Abril no concelho das Caldas da Rainha, certamente pelo facto da própria autarquia se sentir pouco motivada para comemorar a data.
Para além das tradicionais realizações desportivas e musicais, a junta de Nossa Senhora do Pópulo traz à cidade a exposição dedicada a José Afonso que foi um grande amigo das Caldas e de muitos caldenses.
Zé Povinho recorda-se que Zeca tinha na cidade caldense vários poisos onde podia descansar e retemperar forças, tanto no período da ditadura como, posteriormente, depois da Revolução do 25 de Abril de 1974.
Também foi nas Termas Caldenses que ele procurou aliviar algumas das suas maleitas físicas, sendo um incondicional dos tratamentos termais que frequentava periodicamente e em que se deleitava com o convívio com os restantes banhistas, muitos que eram uma amostra do verdadeiro povo ligado à terra.
Tragicamente seria tolhido por doença que irremediavelmente o levou de junto dos portugueses, tendo Caldas da Rainha e os caldenses, se solidarizado com a sua precária situação de saúde e financeira e organizado uma jornada de apoio em que participaram todas as figuras mais importantes da cultura musical portuguesa, numa jornada memorável no Pavilhão da Mata.
Por tudo isto, Zé Povinho saúda a iniciativa das Juntas de Freguesia de Nª Sª do Pópulo e de Sto. Onofre, ao relembrarem e homenagearem um dos mais genuínos e corajosos cantautor português – Zeca Afonso – que esteve ligado em vida à cidade.
As obras em curso de recuperação urbana, financiadas por fundos europeus, parecem não estar a correr da forma mais organizada e programada.
A intervenção no Largo João de Deus mostrou toda uma acção desgarrada e vagarosa, nunca tendo parecido obedecer a uma idéia global para colocar aquele espaço como um futuro fulcro da actividade cultural e turística da cidade, para mais pelo facto de o merecer por tratar-se do berço do burgo caldense.
Agora que arrancou a segunda fase, o que aconteceu com o desenrolar da obra no Largo do Hospital, parece demonstrar que os responsáveis queriam escapar-se à negociação com o outro parceiro que tem a responsabilidade pela gestão do Hospital Termal, mostrando assim uma má prática que é incompatível com o facto de estarem a intervir numa zona fulcral da história da cidade com mais de cinco séculos de existencia.
Tudo isto leva Zé Povinho a temer pelo que irá passar quando pegarem na Praça da República, o principal ex-libris das Caldas da Rainha.
Nessa altura, depois de arrancarem as novas obras a situação não se compadecerá com novas intervenções de última hora, como agora ocorreu junto do Hospital Termal, depois de chamado o “Rei Salomão”, que veio impor a sua decisão, contra argumentos estafados dos seus pupilos.
Zé Povinho hesita em escolher a quem dever ser assacada a responsabilidade do sucedido e que vai incorrer novos custos por obras não previstas, mas acha que devia ser o vereador Hugo de Oliveira, que devia ter um pouco mais de bom senso e de maturidade para não pactuar com voluntarismos e idealismos dos seus jovens técnicos, e necessitar de um puxão de orelhas do seu Presidente.
Zé Povinho, não sendo conservador, contudo acha que numa obra destas devia existir o conselho ajuizado de um especialista de alta craveira, que tivesse experiência na intervenção em espaços históricos sensíveis, para evitar situações que, no futuro, serão consideradas como “oportunidades perdidas” e recursos desperdiçados.