Mostra retrata os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube, com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa
A célebre queda de Salazar da cadeira, em inícios de agosto de 1968, no terraço do Forte de S. António do Estoril, marca o início da exposição “50 passos para a Liberdade: Portugal, da Ditadura ao 25 de Abril”, desenvolvida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e que se encontra patente no CCC até 30 de junho. A mostra, pensada para percorrer Portugal e o mundo, procura explicar o dia 25 de Abril de 1974, começando com os antecedentes, explicando as grandes questões que se colocam no consulado marcelista, a última etapa da ditadura, recuperando processos que já vinham de trás como o movimento estudantil, o movimento operário, organizações políticas oposicionistas e questões ligadas ao regime. Depois há a questão da guerra, na sua dimensão nacional e internacional, contribuindo para que o regime estivesse cada vez mais isolado.
Num segundo núcleo da exposição é abordada a conspiração dos capitães que conduz ao 25 de Abril de 1974 , onde o “16 de Março ou o Golpe das Caldas é uma peça central”, salienta Maria Inácia Rezola, comissária da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril à Gazeta das Caldas. Segue-se um núcleo dedicado ao dia 25 de Abril, que dá conta das principais operações, passos dados nesse dia e da rendição de Marcelo Caetano.
O dia 26 de abril abre o último núcleo, que percorre os acontecimentos até ao dia 27 de julho de 1974, quando Portugal reconheceu o direito dos povos à autodeterminação e independência, com a publicação da lei 7/74. “Neste percurso tentámos caracterizar o que foram estes primeiros momentos depois da conquista da liberdade, retratando o que se passa com as mulheres com a criação dos movimentos de libertação da mulher, com os trabalhadores com a instauração do salário mínimo nacional e, em termos politico-militares, com o nascimento dos novos partidos políticos”. Explicou a responsável.
A exposição foi inaugurada ao final da tarde de 16 de abril e antecedida por uma conversa entre Maria Inácia Rezola e alunos do secundário de duas escolas caldenses. Também presente na sessão, a vereadora Conceição Henriques, destacou que as celebrações do 25 de Abril nas Caldas “têm de ser feitas com as pessoas” e em vertentes que digam “alguma coisa” a este território.
A autarca lembrou as conquistas de abril ao nível do acesso ao ensino, bem como os regimes mais ou menos autoritários que se têm verificado ao longo da história. “Viver numa democracia e Estado de direito dá garantias da nossa felicidade e maior prosperidade”, disse, fazendo notar que só os regimes democráticos têm segurança e prosperidade.
Conceição Henriques chamou ainda a atenção dos jovens para o facto de uma ditadura ser um regime muito difícil de depor, e alertou que, hoje, “será muito mais difícil se a liberdade se perder”, referindo-se à globalização da comunicação. Pediu-lhes para refletir na questão da diversidade e que não regridam na vontade da inclusão. “Uma sociedade mais democrática, mais livre, mais igualitária e mais inclusiva, onde vocês se vão sentir muito mais felizes”, manifestou. ■