Água da barragem do Arnóia chegará às Baixas de Óbidos em Setembro

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Gazeta das Caldas
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A água da barragem do Arnóia deverá começar a irrigar os terrenos agrícolas das Baixas de Óbidos em Setembro deste ano, contando que os trabalhos de colocação das condutas não sofrerão atrasos. Para os agricultores, a água pode significar mais produtividade e menores custos energéticos. Mas também surgem oportunidades para implementação de novas culturas.

Barragem do Arnóia - Gazeta das Caldas
José Diogo Albuquerque e Amândio Torres (à esquerda) foram convidados para uma visita às obras de construção da estação elevatória |Joel Ribeiro

As Baixas de Óbidos, que representam cerca 700 hectares de terrenos agrícolas de 500 agricultores, será a primeira zona a receber a água da barragem do Arnóia e esta pode chegar ainda este ano, em Setembro, informou no passado dia 24 de Janeiro, o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques numa visita às obras de construção da rede elevatória. Nesta visita estiveram dois antigos secretários de Estado, José Diogo Albuquerque do governo da coligação PSD/CDS, e Amândio Torres do governo do PS, convidados devido à importância que tiveram para desbloquear alguns dos processos que conduziram à realização desta obra.
Para que o prazo previsto se concretize, é necessário que todos os processos em curso estejam concluídos de acordo com a previsão do empreiteiro e do dono da obra, que é a Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos, realçou o autarca. Com a estação elevatória – que vai filtrar e bombear a água para a rede de rega – praticamente concluída, falta construir a rede de condutas e hidrantes e finalizar o título habilitante para utilização da água, para o qual falta apenas uma vistoria ao talude.

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A comitiva no interior da estação de bombagem que comandará a pressão e o caudal da água nos 50km de tubagens |Joel Ribeiro

São várias as formas de benefícios que a água da barragem vai trazer aos agricultores. Humberto Marques socorreu-se das estatísticas para dizer que uma produção frutícola que passa de sequeiro a regadio pode mais do que duplicar e, tendo em conta os custos associados a essa transição, o rendimento pode subir na ordem dos 50% a 60%.
Para os agricultores que já regam, as vantagens podem ser pelo menos duas. Por um lado, irá baixar os custos energéticos na ordem dos 66%, “o que é significativo”, observa o autarca. Por outro, Filipe Daniel, presidente da Associação de Beneficiários do Plano de Rega das Baixas de Óbidos, realça que haverá também uma melhoria da qualidade da água em relação à que vem dos furos, pois esta contêm bicarbonatos, sais e ferro.
Se o bloco de Óbidos (freguesias de Santa Maria, São Pedro, Sobral da Lagoa, Vau e Gaeiras) poderá ter água ainda este ano, no bloco da Amoreira (freguesias Amoreira e Olho Marinho, concelho de Óbidos, e do Pó e da Roliça, concelho do Bombarral) esta só chegará no próximo ano. O projecto para que a rede ali chegue está em fase de análise de propostas e, depois de concluído o processo burocrático, a previsão é que em meados deste ano se dê o arranque da obra.

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No total, a rede de rega vai beneficiar 1,2 mil hectares de terrenos e cerca de 800 agricultores.

OPORTUNIDADE PARA DIVERSIFICAR

A rede de rega constituirá uma oportunidade para os agricultores da região, não só para o aumento das produções actuais como também para a diversificação das culturas.
“Acho fundamental que se diversifique, temos condições de clima, de solo e agora hídricos para diversificarmos para culturas de nicho, que permitam aumento de rendimento”, realçou Humberto Marques, que também é produtor agrícola. E deu alguns exemplos de produtos que se podem dar bem na região, como o figo da Índia, a romã e diferentes espécies de hortícolas. Outra actividade que o presidente da Câmara acredita que tem potencial para ser explorada é a vinha, nem tanto só pelo produto em si, mas aliado a uma experiência enriquecida com actividades ligadas ao turismo e à cultura.
Ambos os ex-secretários de Estado mostraram-se satisfeitos com o que viram e também vincaram as oportunidades que se abrem para os produtores locais. José Diogo Albuquerque realçou que a zona do Alqueva foi a que melhor lidou com a grave seca que se fez sentir no ano passado em todo o território, e que os produtores ali instalados tiveram a imaginação para produzir culturas que antes eram impensáveis para aquele local, “como a amêndoa, o pistacho, ou a papoila para fins medicinais”.
Amândio Torres reforçou que se abrem oportunidades enormes “para modificar a paisagem destes 1,2 mil hectares” e se trata de um campo aberto para as necessidades do mercado e imaginação dos agricultores.
O projecto da Rede de Rega das Baixas de Óbidos tem um custo de 28 milhões de euros, financiado a 85% pelo Programa de Desenvolvimento Rural, e consiste numa rede de 50 quilómetros de condutas que vai levar a água a freguesias dos concelhos de Óbidos e Bombarral.

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