Em 1995, Alcobaça liderava o “ranking”, mas a adesão dos municípios aos sistemas multimunicipais de abastecimento transformou o quadro regional
Alcobaça perdeu a liderança do “ranking” de captação de água no Oeste, que detinha no final do século XX, sendo ultrapassada por Alenquer, que nas últimas três décadas reforçou significativamente essa capacidade.
Segundo dados da Pordata, que reúne informações de várias entidades, em 1995 o concelho da região que mais captava água era Alcobaça, com 5,4 milhões de metros cúbicos de água/ano, à frente das Caldas, com 4,9 milhões.
Alenquer não passava, então, dos 633 mil metros cúbicos, mas em 2019 a capacidade daquele concelho subiu para os 7,7 milhões de metros cúbicos, enquanto Alcobaça baixou para os 2,5 milhões e as Caldas baixou para os 2,9 milhões, mantendo, ainda assim, o “estatuto” de segundo município com mais captações de água para consumo.
No comparativo da região, também se nota um decréscimo na necessidade de captação do líquido precioso: em 1995, os 12 concelhos do Oeste recolhiam 20 milhões de metros cúbicos de água e em 2019 esse valor baixou para os 17 milhões.
A adesão dos municípios da região aos sistemas multimunicipais de abastecimento de água, quase sempre envolta em polémica, explica esta diminuição das captações de vários municípios, embora nem todos os concelhos tenham decidido entregar à Águas do Vale do Tejo, empresa criada em 2017 pelo Estado, as chamadas captações em alta.
Caldas da Rainha foi um dos concelhos que resistiu. A Câmara, através dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), está obrigada a respeitar a contratualização de 2 milhões de metros cúbicos/ano à Águas do Vale do Tejo, mas continua a recolher 3 milhões em captações próprias, sendo que o concelho teria capacidade para ser autossuficiente neste domínio. “Estamos em condições de captar mais água, mas não há essa necessidade, devido aos contratos em vigor”, nota o administrador-delegado dos SMAS, José Manuel Moura, que valoriza o facto de Caldas da Rainha ser um dos municípios que decidiu não entregar as captações em alta. “De certo modo, isso é a nossa independência, pois garantimos o serviço às populações e, ao mesmo tempo, estamos menos expostos a eventuais alterações súbitas de preço”, nota o dirigente.
A Águas do Vale do Tejo serve os seguintes municípios: Alcobaça, Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Cascais, Lisboa, Loures, Lourinhã, Mafra, Nazaré, Óbidos, Odivelas, Oeiras, Peniche, Rio Maior, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira. ■