Até à passada terça-feira, 24 de Novembro, cerca de 200 alunos do 5º ano do Agrupamento de Escolas D. João II participaram no workshop “Arqueologia e Património”, desenvolvido pela Câmara das Caldas com a orientação do arqueólogo Ricardo Lopes. Qual o grande objectivo? Sair das quatro paredes da sala de aula e experimentar ser arqueólogo por um dia. O trabalho de campo foi desenvolvido nos jardins do Centro de Artes, onde as crianças aprenderam quais as principais fases de intervenção arqueológica: escavação, lavagem e secagem.
Por volta das 12h15, numa manhã muito solarenga, começam a chegar os 28 alunos do 5º A, uma das turmas participantes no workshop “Arqueologia e Património”. Depois de receberem uma breve contextualização teórica sobre arqueologia, as crianças foram divididas em duas equipas. Pela frente, têm agora três desafios: descobrir os cacos de cerâmica previamente enterrados no terreno do jardim do Centro de Artes, lavá-los cuidadosamente e, finalmente, secar todas as peças, organizando-as por cores, de forma a reconstruírem o objecto inicial.
De colherim na mão, os pequenos arqueólogos escavam energeticamente, à busca de uma pista e, mal avistam uma peça, dão uso ao pincel e à vassoura para a desenterrarem com o maior dos cuidados. A terra vai sendo colocada num balde e, assim que o saco reúne cacos em número suficiente, é levado ao grupo de alunos que se encontra na fase de lavagem. Aqui, com uma escovinha e um alguidar de água, são eliminados todos os vestígios de terra, para que as peças possam ser secas e agrupadas.
“Há uma série de procedimentos que nós arqueólogos também fazemos, mas que aqui não há tempo para operar, como é o caso do inventário das peças, com a sua marcação, e respectiva colagem”, explica Ricardo Lopes, responsável pela iniciativa.
A actividade de uma hora vai a meio quando uma das equipas descobre uma boa surpresa, uma caixa com moedas de chocolate, que deixa as crianças ainda mais entusiasmadas. O espírito vivido entre os alunos é de trabalho em equipa, mas também de competição, numa disputa saudável pelo grupo que encontra mais peças.
Esta é a segunda turma que Carlos Silva, professor de História da escola D. João II, acompanha ao workshop, o qual, garante, “está a ser um sucesso total”.
“Os alunos têm comentado a sua participação nas aulas, mas sobretudo com os pais”, conta o professor, que chegou a receber e-mails de encarregados de educação confirmando o entusiasmo. “Dizem que os filhos querem saber mais sobre arqueologia e há mesmo um dos alunos que já quer ser arqueólogo”, acrescenta o docente.
No final da actividade, Ricardo Lopes apresentou aos jovens estudantes alguns exemplares dos azulejos, moedas e peças de cerâmica encontrados aquando das obras de reabilitação urbana na Praça da República (Praça da Fruta). “O objectivo é também que eles percebam a importância de um centro histórico ser acompanhado arqueologicamente e que a arqueologia é uma ferramenta essencial para se conhecer o passado”, comentou o orientador do projecto.
Quem também esteve presente no workshop ao longo da manhã foi Alberto Pereira, vereador da educação da Câmara, que salientou a actividade como “uma iniciativa que faz com que o ensino nas Caldas não se confine apenas às salas de aula nem às questões teóricas, pois vem com os seus alunos ao terreno para eles verem exatamente como é que as coisas acontecem”.
Em resultado do feedback positivo dado por este grupo de alunos, Ricardo Lopes assegura que o próximo passo é estender o workshop a outras escolas e alargar os horários.