A Associação de Estudantes da Escola Secundária Raul Proença e o movimento Em Defesa da Escola Pública do Oeste solicitaram à Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) uma investigação às notas atribuídas nas disciplinas opcionais anuais do 12º ano do Colégio.
Nas duas queixas, alunos e professores pedem a atenção do IGEC sobre a discrepância existente entre as classificações das disciplinas que estão sujeitas a exame nacional daquelas cuja avaliação final depende exclusivamente da ponderação do professor.
Os dois documentos enviados à IGEC (a que Gazeta das Caldas teve acesso) destacam o facto de nas duas turmas do Colégio em que é leccionada a disciplina de Direito, 21 dos 23 alunos terem obtido classificação de 20 valores. Os mesmos alunos que, nalguns casos, têm nota negativa nas disciplinas com exame, como é o caso de Português e História.
Ambas as queixas fazem referência à notícia publicada a semana passada na Gazeta das Caldas sobre este assunto e denunciam a elevada média (18,1) das cinco optativas do 12º ano do Colégio (Direito, Sociologia, Química, Física e Inglês), alegando que este resultado se encontra muito acima da média global das disciplinas trienais com exame nacional: Português, Matemática e História.
É também posto em causa o método de avaliação dos professores do Colégio às optativas sem exame, com base no testemunho de um ex-aluno desta escola, que garantiu que na maior parte destas disciplinas não se realizam testes, mas sim mini-testes, fichas de trabalho e trabalhos de grupo.
No entanto, segundo o próprio projecto educativo do Colégio Rainha D. Leonor, a ponderação dos testes escritos no secundário deverá ser de 95%, o que torna menos compreensível que tantos alunos tenham obtido 20, por exemplo, a Direito.
A associação de estudantes (AE) e o movimento Em Defesa da Escola Pública do Oeste acusam o Colégio Rainha D. Leonor de beneficiar os seus alunos, facilitando assim o seu acesso ao ensino superior (tendo em conta que tanto as disciplinas com como sem exame nacional têm igual peso na média final das candidaturas).
Sofia Silva, presidente da AE da Raul Proença afirmou que a reacção dos alunos daquela escola à informação avançada pela Gazeta foi de “descontentamento, pois todos sentimos que é injusto trabalharmos durante três anos para, no futuro, fazermos aquilo que queremos sabendo que, no último segundo, corremos o risco de não conseguir entrar na faculdade que desejávamos por algumas décimas que, ainda por cima, foram dadas a outros alunos injustamente”. A representante dos alunos acrescentou que espera que este assunto seja investigado, punido e controlado no futuro.
“A fundamentação das avaliações é feita de forma escrupulosa”
Num e-mail enviado ao nosso jornal com respostas a questões relacionadas com as notas do Colégio, que nos chegou na passada quarta-feira, 6 de Julho, já após o fecho da última edição, as responsáveis da Direcção Pedagógica daquele estabelecimento de ensino dizem não são comparáveis as avaliações das disciplinas entre várias escolas e recordam que os seus métodos de ensino e avaliação são validados pelo Ministério da Educação.
Eis o teor das respostas, que publicamos na íntegra.
O Colégio Rainha D. Leonor é uma escola que ministra ensino público, tal como outras que refere. Também tal como as outras que refere, é uma escola que é auditada e cujos métodos de ensino e avaliação são validados pela Tutela.
Sem entrar em casos concretos de alunos (até porque apenas podemos supor quem são, já que não estão identificados nas perguntas), podemos adiantar que:
A forma de avaliação nas disciplinas que refere – nomeadamente as opcionais – é decidida por cada uma das escolas que a ministra, seja pública ou com contrato de associação, tendo estas que garantir o cumprimento dos planos, e, naturalmente, a devida fundamentação da avaliação e das notas atribuídas;
- A fundamentação das avaliações é feita de forma escrupulosa por cada um dos nossos professores, qualquer que seja o método de avaliação que usa – testes, trabalhos práticos, fichas de avaliação –, e cremos que nas outras escolas se passará o mesmo, já que todos obedecemos às mesmas regras;
- . Não podemos naturalmente comentar as médias ou as avaliações das outras escolas que não conhecemos, como compreenderá, e não temos o hábito de tecer comentários sobre o que desconhecemos;
- Não podemos também, e reportando ao caso concreto que exemplificam, comparar avaliações de disciplinas distintas, com programas distintos, metodologias variadas, de alunos que, naturalmente, têm mais ou menos facilidade numa ou noutra área, garantindo apenas que estas avaliações são feitas, independentemente dos critérios subjacentes a cada disciplina, de acordo com as regras definidas para todas as escolas, e, portanto, com a devida avaliação e fundamentação.
A Direcção Pedagógica,
Ana Cascão
Raquel Galeão
Sandra Santos