Antigos militares reuniram-se nas Caldas para relembrar tempos vividos em Angola

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notícias das Caldas“Fortes e Audazes”. Era este o lema da companhia de caçadores C.Caç.106 de Lucunga, no norte de Angola, nos anos de 1969/1970. Um lema que continua bem vivo na cerca de duas dezenas de antigos militares que se reuniram no passado sábado, dia 22 de Outubro, em mais um almoço convívio, no Salão Milénio, nas Caldas da Rainha.
Um encontro que serve “não só para relembrar as coisas boas, mas também as menos boas e as coisas más”, explicou à Gazeta das Caldas o então capitão desta companhia, António Cardoso.

São muitos os encontros deste tipo que se multiplicam pelo país, mas na grande maioria dos casos os convívios fazem-se para juntar de novo homens que ainda moços tiveram que deixar o seu país para combater na Guerra do Ultramar. Não é o que se passa neste caso. A C.Caç.106 era uma companhia de recrutamento local baseada em Lucunga. “Era um efectivo de pessoas que viviam em Angola, alguns nascidos e criados lá, outros idos para lá muito jovens”, contou o capitão. E quando o serviço militar acabou, muitos foram os que continuaram em Angola.
Neste sexto encontro da companhia, nas Caldas da Rainha, trocaram-se memórias entre os presentes, vindos de vários pontos do país, e recordaram-se os ausentes. E a escolha da cidade, onde pretendem continuar a encontrar-se, prende-se com a centralidade e as acessibilidades. “É fácil encontrarmo-nos aqui, tanto para quem vem do Norte, como para quem vem do Sul”, refere António Cardoso.
O responsável pela reunião anual é Abel Anjos, um lisboeta radicado há muitos anos nas Caldas da Rainha e que não quer deixar morrer esta tradição. “Criam-se amizades muito fortes”, diz. E há três sentimentos muito importantes nestes encontros: nostalgia, orgulho e camaradagem. Que o diga Olímpio Alegre Pinto, alferes da companhia que sucedeu à C.Caç.106.
“Aquilo que para mim é mais importante entre os militares é o sentimento de camaradagem, que ainda se mantém tantos anos depois e que é de extraordinário valor”, disse ao nosso jornal. “Atrevo-me a dizer que só quem combateu na guerra e teve a responsabilidade de ter soldados, militares seus, numa situação em que todos dependem de todos, é que pode sentir verdadeiramente o que é a camaradagem”, acrescentou.
Um almoço e uma tarde de convívio marcaram o encontro anual, que em 2012 deverá realizar-se de novo nas Caldas da Rainha. Entre reuniões, os antigos militares vão mantendo vivas as memórias dos tempos passados em África em ccac106-lucunga-196970.blogspot.com.

 

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3 COMENTÁRIOS

  1. Kacula, tendo em atenção e respeitando o que escreves, não direi que te enganaram, mas vejo que não te contaram a verdade toda. Sendo verdade que existiu uma guerra, e sem querer entrar por caminhos de “olho por olho dente por dente” devo dizer-te que ESTES militares, felizmente, não mataram o teu povo. Deram-lhe de comer, aquilo que comiam, deram-lhe de beber, aquilo que bebiam, deram-lhe assistência médica, pagaram-lhe em dinheiro os serviços prestados, ajudaram-nos a viver.
    Independentemente de saberem que podiam ser atraiçoados, por um por outro, nunca generalizaram, porque tiveram sempre presente o seu semelhante como um igual.
    Sabes, muitos deles são tanto do teu povo como tu, e alguns deles acabaram por morrer numa guerra que não desejavam e que consideravam injusta. Apesar de tudo, tal como hoje respeitam aqueles que foram “adversários” no terreno, sentem-se honrados por terem defendido uma causa que entendiam como justa. Acima de tudo, Kacula, hoje estes militares juntam-se para honrar a VIDA, lembrando os que ficaram no terreno.