Saída de Luís Val-Flores levou administração a procurar alternativas, tendo optado por uma solução interna
António Martins foi nomeado diretor-clínico do Montepio – Rainha D. Leonor, assumindo funções a partir de hoje. O cirurgião, de 67 anos, foi o escolhido pela administração liderada por Francisco Rita para o cargo na sequência da demissão apresentada, há dias, por Luís Val-Flores.
Natural de Serro Ventoso, concelho de Porto de Mós, o médico, que reside na Nazaré, está há muitos anos ligado ao Montepio, tendo-se aposentado recentemente.
O clínico é uma solução interna para preencher a vaga deixada em aberto nas últimas semanas com a saída do anterior diretor-clínico, que seria acompanhado, dias depois, por mais quatro médicos.
Luís Val-Flores, que tinha substituído Joaquim Raposo Ferreira no cargo, esteve menos de um ano em funções. Contactado pela Gazeta, o médico preferiu não prestar declarações sobre as razões da saída.
A instabilidade no corpo clínico da instituição já se fazia sentir há meses, com o projeto do novo hospital a acentuar a clivagem.
Luís Val-Flores entrou com a anterior administração, encabeçada por João Marques Pereira, que defendia uma parceria com um grupo privado para gerir a Casa de Saúde. Mas a nova administração da associação mutualista, eleita em maio, defende um modelo em que o Montepio possa partilhar a gestão com um privado e “se mantenha autónomo”.
Com a mudança de direção clínica, estão “criadas as condições” para que a instituição possa “desencadear os projetos” que solidifiquem o Montepio, considera Francisco Rita, que fala de uma “clarificação necessária”.
“Havia duas visões diferentes, embora com objetivos iguais”, nota o dirigente, que classifica o novo diretor-clínico como um “profundo conhecedor do Montepio” e um “profissional muito considerado”, que teve uma “receção muito calorosa por parte dos trabalhadores”.
Nesta fase, a administração e a direção clínica estão a constituir uma nova equipa de médicos internistas e de várias especialidades, com o propósito de “manter a alta qualidade na prestação de cuidados de saúde”. “Recebemos a informação da saída dos médicos com surpresa, mas compreendemos que tenham optado por sair, dado que tinham entrado com o anterior diretor-clínico”, assume Francisco Rita, que conta “que não haja qualquer tipo de perturbação” no sserviço.
“Há métodos diferentes, perspetivas de futuro também diferentes, mas o novo diretor-clínico está alinhado com o pensamento da administração”, frisa o dirigente, que admite poder vir a convocar uma assembleia geral para discutir o modelo de parceria para o novo hospital no primeiro trimestre de 2022.
“Gostávamos de apresentar a proposta aos sócios o mais rapidamente possível, mas estamos à espera do PRR, para perceber quais as linhas de financiamento a que podemos concorrer”, sustenta Francisco Rita. ■